INVESTIMENTOS
Progresso! Sucesso! Realizações! São as aspirações da maioria das pessoas ao entrar no novo ano civil. Todo cidadão anseia por um ano melhor. A dificuldade maior é quanto aos meios mais adequados para atingir essa meta. Acompanhando o noticiário é-se induzido a concluir que, se depender dos outros, felicidade e realizações serão mais difíceis de conseguir. Alguns comentaristas, analisando com propriedade os humores do mercado e as oscilações no campo financeiro prognosticam um ano difícil. Outros, observando o comportamento dos políticos, tanto no executivo como no legislativo, deparam com a inescrupulosa falta de pudor dos homens públicos. Cuidam mais de si do que do bem comum. A corrupção parece endêmica, institucionalizada. A violência, a agressão contra a pessoa e contra o patrimônio recrudesce e instala justificado medo. Justa e apropriada a observação, inóspito está ficando o mundo. Ameaçador.
Diante deste adverso panorama, tem toda razão o cidadão a ficar cético quanto a possibilidade de um ano bom. Anela com sinceridade para que o ano seja bom, mas tem sérios motivos para desconfiar do êxito. Resta-lhe recorrer à rituais místicos, crendices e mandingas, torcendo por intervenções sobrenaturais. Fundamentalmente, porém, toda pessoa consciente sabe que repousa em mãos humanas o destino do ano. Será bom o ano quando todos colaboram para o seu êxito. Cidadão sensato reconhece, atrelar o projeto de vida tranqüila à agentes exteriores, naturais ou etéreos, é correr sério risco de afundar na frustração. Não são fatores externos a garantir felicidade e bem-estar. Condições externas favoráveis ajudam, sem dúvida. No entanto, se não houver equilíbrio e serenidade de alma, o êxito e o sucesso permanecerão distantes. É nos indivíduos que repousa a esperança e a certeza de um ano bom. Toda vigilância, no entanto, deve ser empregada para que cidadão algum sucumba à grave tentação da cultura moderna que empurra a querer garantir primeiro o próprio bem-estar. Erro máximo é confundir responsabilidade subjetiva com excessivo individualismo. É porque muita gente pensa e age de um jeito egoísta que a sociedade moderna caminha em tão grave descompasso. Quem se deixa contagiar pelo dogma predominante que ensina a cuidar de si e desconfiar sempre do outro, não somente envereda por uma ilusória receita de felicidade, como também se condena ao mais torturante isolamento.
Encontrar-se com o outro é o primeiro passo em direção a um ano bom e feliz! Encontrar-se é muito mais que estar junto. Encontrar-se é ir ao encontro do outro com o objetivo de conhecê-lo, de forma transparente, sem segundas intenções, sem prejulgamentos. E sabe-se que está-se indo em direção ao outro de coração puro, quando se está disposto a abrir mão, voluntária e generosamente, das próprias vantagens para favorecer o semelhante. A excessiva preocupação com projetos pessoais cria sérios obstáculos para verdadeiros encontros. É a lição que Jesus ensina com a sua encarnação. Para promover o bem da humanidade, para salvar homens e mulheres, rebaixou-se, abandonou provisoriamente a glória celeste e veio partilhar esse nosso inóspito mundo. Este sublime gesto é uma dica preciosa para a humanidade envolta contumazmente nas espessas brumas do egoísmo e do individualismo. Ir ao encontro do outro significa, na atual realidade, marchar no contrafluxo. É assumir e aceitar, que paradoxo, viver fora da realidade. Mas é também, o valioso contributo que os seguidores de Jesus devem ao mundo. Se confessam serem seus seguidores devem, logicamente, imitar o seu exemplo. Fácil não é pra ninguém aproximar-se do outro, tanta é a desconfiança, tão altos são os muros, tão radicais os preconceitos, tão apertadas as agendas.
Encontrar-se com o outro, primeira premissa para uma felicidade duradoura. A começar pelos que estão mais próximos. Que se tome a firme e corajosa decisão de investir na fraternidade. E quando os inevitáveis obstáculos e os pífios resultados insinuam desistências, que se invista na oração para não cair na tentação do desânimo e do desalento. Grandes serão as chances de um ano feliz se os investimentos em ações que promovam encontros forem persistentes e generosos.
UM ANO FELIZ PARA TODOS!
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