domingo, 1 de janeiro de 2012

Artigo da Semana (5)

INVESTIMENTOS


Progresso! Sucesso! Realizações!  São as aspirações da maioria das pessoas ao entrar no novo ano civil. Todo cidadão anseia por um ano melhor. A dificuldade maior é quanto aos meios mais adequados para atingir essa meta. Acompanhando o noticiário é-se induzido a concluir que, se depender dos outros, felicidade e realizações serão mais difíceis de conseguir. Alguns comentaristas, analisando com propriedade os humores do mercado e as oscilações no campo financeiro prognosticam um ano difícil. Outros, observando o comportamento dos políticos, tanto no executivo como no legislativo, deparam com a inescrupulosa falta de pudor dos homens públicos. Cuidam mais de si do que do bem comum. A corrupção parece endêmica, institucionalizada. A violência, a agressão contra a pessoa e contra o patrimônio recrudesce e instala justificado medo. Justa e apropriada a observação, inóspito está ficando o mundo. Ameaçador.
Diante deste adverso panorama, tem toda razão o cidadão a ficar cético quanto a possibilidade de um ano bom. Anela com sinceridade para que o ano seja bom, mas tem sérios motivos para desconfiar do êxito. Resta-lhe recorrer à rituais místicos, crendices e mandingas, torcendo por intervenções sobrenaturais. Fundamentalmente, porém, toda pessoa consciente sabe que repousa em mãos humanas o destino do ano. Será bom o ano quando todos colaboram para o seu êxito. Cidadão sensato reconhece, atrelar o projeto de vida tranqüila à agentes exteriores, naturais ou etéreos, é correr sério risco de afundar na frustração. Não são fatores externos a garantir felicidade e bem-estar. Condições externas favoráveis ajudam, sem dúvida. No entanto, se não houver equilíbrio e serenidade de alma, o êxito e o sucesso permanecerão distantes. É nos indivíduos que repousa a esperança e a certeza de um ano bom. Toda vigilância, no entanto, deve ser empregada para que cidadão algum sucumba à grave tentação da cultura moderna que empurra a querer garantir primeiro o próprio bem-estar. Erro máximo é confundir responsabilidade subjetiva com excessivo individualismo. É porque muita gente pensa e age de um jeito egoísta que a sociedade moderna caminha em tão grave descompasso. Quem se deixa contagiar pelo dogma predominante que ensina a cuidar de si e desconfiar sempre do outro, não somente envereda por uma ilusória receita de felicidade, como também se condena ao mais torturante isolamento.
Encontrar-se com o outro é o primeiro passo em direção a um ano bom e feliz! Encontrar-se é muito mais que estar junto. Encontrar-se é ir ao encontro do outro com o objetivo de conhecê-lo, de forma transparente, sem segundas intenções, sem prejulgamentos. E sabe-se que está-se indo em direção ao outro de coração puro, quando se está disposto a abrir mão, voluntária e generosamente, das próprias vantagens para favorecer o semelhante. A excessiva preocupação com projetos pessoais cria sérios obstáculos para verdadeiros encontros. É a lição que Jesus ensina com a sua encarnação. Para promover o bem da humanidade, para salvar homens e mulheres, rebaixou-se, abandonou provisoriamente a glória celeste e veio partilhar esse nosso inóspito mundo. Este sublime gesto é uma dica preciosa para a humanidade envolta contumazmente nas espessas brumas do egoísmo e do individualismo. Ir ao encontro do outro significa, na atual realidade, marchar no contrafluxo. É assumir e aceitar, que paradoxo, viver fora da realidade. Mas é também, o valioso contributo que os seguidores de Jesus devem ao mundo. Se confessam serem seus seguidores devem, logicamente, imitar o seu exemplo. Fácil não é pra ninguém aproximar-se do outro, tanta é a desconfiança, tão altos são os muros, tão radicais os preconceitos, tão apertadas as agendas.
Encontrar-se com o outro, primeira premissa para uma felicidade duradoura. A começar pelos que estão mais próximos. Que se tome a firme e corajosa decisão de investir na fraternidade. E quando os inevitáveis obstáculos e os pífios resultados insinuam desistências, que se invista na oração para não cair na tentação do desânimo e do desalento. Grandes serão as chances de um ano feliz se os investimentos em ações que promovam encontros forem persistentes e generosos.
UM ANO FELIZ PARA TODOS!


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