Reflexões para crescer no amor a Deus, no amor aos irmãos e fortalecer-se na fé cristã.Viver, em suma!
domingo, 12 de fevereiro de 2012
ARTIGO DA SEMANA (11)
EM ORAÇÃO
Jesus orava. Tanto na ventura, como na tribulação. São essas, na verdade, as situações mais comuns que induzem o Homem a se afastar de Deus. Em tempos favoráveis e de fartura o ser humano facilmente se esquece de Deus, pois imagina que a abundância será suficiente para suprir-lhe as necessidades. É comum, inclusive, gente rica costurar laços promíscuos com os poderosos de plantão. Porta alguma fica fechada por muito tempo para os economicamente abastados e politicamente apadrinhados. Pra que Deus, então? Na outra extremidade da condição humana encontra-se o sofrimento. O ser humano nunca digeriu satisfatoriamente a questão do sofrimento. Sempre questionou a razão da dor, em especial quando é injusta e gratuita. Doença, pobreza, injustiça prostram o ser humano. Destroçam-lhe a alma, que sangrando protesta contra Deus, questiona sua bondade e providência. Pra que Deus, se Ele permanece indiferente e inoperante perante a dor? Para o cético o Criador se diverte com as debilidades humanas, a religião não passa de um alienante entorpecente, vão analgésico. A dor e a fartura são mesmo situações limites que mais bem escancaram a alma humana.
Em sua condição humana, Jesus experimentou as duas situações. Em ambas procurou manter o equilíbrio recorrendo à oração. Quando a sua popularidade estava no auge, e o povo acorria, entusiasta, para transformá-lo em líder popular, Jesus refugiou-se à solidão e à oração. Quando a dor estava próxima e ele vislumbrava a sua atrocidade teve medo e, para não vacilar, refugiou-se ao silêncio e à oração. Em ambas as situações, permitiu-nos penetrar em sua intimidade dando-nos o privilégio de conhecer o teor da sua prece. No sucesso e no medo, Jesus rogava a seu Pai que O mantivesse fiel ao original projeto de salvação.
Aclamado pelo povo, o apelo para virar um líder populista foi forte e atraente. Afinal, com o maciço apoio da população ficaria mais fácil implantar o Reino. O enredo é conhecido, em primeira instância, jogar o jogo do povo para depois introduzir as reformas imaginadas. Sutil tentação. Muitas são as lideranças políticas que mordem a isca para descobrir o quanto traiçoeiro é o balaio onde caíram. A população quer somente vantagens. Bajula e elogia para não perder ganhos. Promessas e compromissos rapidamente são esquecidos ou adiados, em especial quando envolvem sacrifícios e renúncias. Quando se procura ser popular fatalmente se torna refém da fama. Na fartura e no sucesso, é preciso manter viva a vigilância para não perder nem o equilíbrio nem o rumo nem a dignidade. A oração, entendida como diálogo e comunhão com Deus, é um excelente exercício para preservar o discernimento e manter-se fiel a seus votos.
Jesus experimentou também situações de profunda dor. Dor física, dor da alma, dor da traição, dor do abandono. Os amigos mais próximos, percebendo as armações ardilosas, sugeriram um estratégico recuo. Ele, contudo, permaneceu firme em seu propósito. Quando a Hora chegou, Ele estava só e percebeu que podia vacilar. A solidão agrava a dor e o instinto para sumir é agudo. Há situações, no entanto, quando não se pode fugir da provação. Nem negociar. Nessas horas manter o equilíbrio e o discernimento é fundamental. Quando não se enxerga nenhum propósito na dor, em dobro se sofre. À dor agrega-se a humilhante sensação de vítima. Ao se autocompadecer o sujeito se torna mais fragilizado, prostrado, derrotado. Em oração, Jesus encontrou forças para abraçar a cruz. Em oração, entendeu que por detrás daquele sofrimento havia um sublime propósito. Aquela cruz ofereceria vida, esperança e salvação a milhões de seres humanos. Embora não desejada a cruz foi abraçada. Em situações de dor, muita gente perde o rumo, afasta-se de Deus por não enxergar sentido algum naquele sofrimento. Sim, são muitas as situações de dor sem explicação. Quando, porem, se enxerga um propósito para o sofrimento, embora permanecesse indesejado, ele se transforma em oblação, gesto de doação.
Em oração, Jesus encontrou a inspiração para manter-se fiel ao projeto original de sua missão. Deixou lição preciosa e arrebatador exemplo. Tanto no grande gozo como no agudo sofrimento é na oração, no diálogo íntimo e franco com Deus, que o ser humano consegue preservar o equilíbrio e alcançar o discernimento que o mantêm firme e fiel ao projeto de vida solenemente assumido.
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