sábado, 3 de março de 2012

ARTIGO 13

NOVA CHANCE


NOVA CHANCE
Árdua tarefa salvar! É só conferir a intensa mobilização de governos e de instituições financeiras em busca de uma estratégia segura capaz de salvar da falência alguns dos países europeus em grave crise. Nota-se nas negociações que suficiente não é a boa vontade de credores poderosos. É preciso que os próprios países em crise, governos e população, colaborem. Pouco resolve injetar dinheiro gordo nessas economias cambaleantes se não forem acompanhadas de políticas internas saneadoras. A regra é clara e universal, sem conversão não há salvação. Outro dado interessante é o envolvimento de todos os países da chamada zona do euro. Compreendem os governos da UE que a falência de um membro acarretará prejuízos para toda a comunidade. Não se imagina uma comunidade européia próspera sem que todas as nações membros estivessem num mesmo patamar de vida. A desigualdade desintegra. A regra é clara, numa comunidade ou todos se salvam ou todos naufragam.
Enxergo um interessante paralelo entre o empenho para salvar países da bancarrota e o solene projeto de Deus de salvar a humanidade. Analise-se, para começar, a mobilização dos poderosos. As nações ricas, mesmo movidas por interesses subjetivos, fazem de tudo para tirar do buraco os membros em crise. Deus, justamente porque movido por amor à sua dileta criatura, faz muito mais para salvar o Homem da desesperança. Ele não quer perder nenhuma de suas criaturas. A vontade de Deus é salvar. À semelhança de um pastor bom, Ele vai atrás da ovelha perdida e não sossega enquanto não a encontrar. A salvação, todavia, não depende somente do empenho divino. É preciso que a criatura colabore. Emerge mais um paralelo entre a crise européia e o projeto de salvação. Segundo analistas econômicos, um dos fatores primordiais para o agravamento da crise financeira deve-se à demora em reconhecer os próprios abusos. As nações em dificuldade relutam admitir erros e excessos. Ao recusar reconhecer os exageros cometidos, e foram vários e graves, resistem adotar medidas de correção e de austeridade. Na obra da salvação do Homem e da humanidade verifica-se a mesma realidade. Enquanto o Homem não reconhecer seus erros, enquanto não admitir ser incoerente, o perdão que Deus quer generosamente lhe oferecer fica inoperante. O Homem não saberá aproveitar desta liberalidade divina para corrigir sua trajetória e reerguer-se. O perdão vira uma mera formalidade, um ritual sem conseqüências práticas. Pode, inclusive, transformá-lo em motivo de soberba, como se Deus fosse o devedor de sua criatura. Sem reconhecimento da falha, a conversão fica impossível. Sem conversão não há salvação. Sem medidas de correção e de austeridade não há como sair da crise.
Outro paralelo interessante entre a crise das nações economicamente debilitadas e a alma humana em busca da libertação é a questão da poupança. As instituições financeiras e as nações mais ricas impõem como uma das regras fundamentais para um crescimento consistente a necessidade da poupança. As nações mais sólidas atingiram um patamar do bem-estar porque, além de trabalhar muito, souberam também poupar. Não desperdiçaram riquezas. Não foram perdulárias. Sem poupança é impossível prosperar. No campo espiritual, à poupança corresponde a oração. Sem uma vida de oração intensa é impossível crescer espiritualmente. Orar, é preciso sempre lembrar, não se resume a rezas e devoções. Orar é, fundamentalmente, cultivar o desejo de Deus. É querer estar com Deus. Sentir prazer e proteção estando em sua presença. É perceber que a vida, sem esta comunhão vital e íntima com Deus, perde direção e consistência. Da mesma forma que uma economia sem poupança vira refém de extravagâncias e futilidades, um Homem sem uma vida de oração passa a ser uma criatura extremamente vulnerável, propensa a acatar propostas enganadoras de realização e de felicidade.
Países da Europa em crise estão tendo uma nova chance para recuperar suas economias e retornar a um patamar de prosperidade. O êxito depende da sintonia e da colaboração entre as partes envolvidas. Deus também, em sua longanimidade, sempre oferece uma nova chance para que o Homem, individual e coletivamente, se converta e recupere a alegria de viver. A oportunidade é agora. Perspicaz e sábio quem não deixa escapar a chance.

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