sábado, 2 de junho de 2012

ARTIGO

INCONFUNDÍVEL SINAL Falta pompa no ministério de Jesus. Sobra naturalidade. Ao contrário dos atos oficiais das autoridades, sempre preocupadas com visibilidade, Jesus, ao tomar iniciativas de grande relevância para a humanidade, prefere discrição. Foi desse jeito, sem alarde, passeando pelas margens do mar da Galiléia, que Jesus chamou os primeiros discípulos a segui-lo com a intenção de transformá-los em pescadores de homens! Mal imaginavam eles os formidáveis, e dramáticos, desdobramentos desse chamado. Com a mesma simplicidade elevou os doze à condição de sacerdotes da nova Aliança numa refeição privada, marcada, contudo, por profundos sentimentos de comunhão e amizade. Foi também num contexto modesto que o Senhor Jesus habilitou os apóstolos a darem continuidade à missão que Ele próprio havia recebido do Pai. Frisa-se, de passagem, a íntima relação entre chamado e missão. No pensamento de Jesus, o convite para o discipulado implica sempre um mandato de missão, uma atenção para com o próximo. O Mestre não imagina um discípulo inoperante. Tampouco imagina um missionário espalhafatoso. Em íntima comunhão com o Mestre, o discípulo aprende a agir com persistência e discrição. Afinal, é com o fermento e com o sal que amava Jesus comparar a atuação de seus discípulos. Emerge um dado interessante. Jesus nunca escala para um serviço sem dar ao escolhido totais condições para o bom desempenho da tarefa. Deste seu modus operandi Jesus deu testemunho quando confiou aos apóstolos, e seus seguidores, a missão de continuar sua obra redentora. No mesmo instante que lhes enviava, entregava-lhes o Espírito Santo. Solene ocasião, realizada, contudo, no mais despojado contexto. Conforme a narrativa do Evangelista João, Jesus, agindo com sua costumeira naturalidade, ao definir o mandato missionário o faz acompanhar de uma sentença e de um gesto especialmente significativos e sublimes. Declara estar lhes transmitindo o Espírito Santo e, ato contínuo, sopra sobre eles. O sopro, na Bíblia, está revestido de profundo significado. Recorda-se a narrativa figurada da criação do primeiro homem. Feita de barro, a forma do homem permanecia inanimada até Deus soprar em suas narinas, passando-lhe o que de mais íntimo e precioso o Criador possuía, o hálito da vida. O sopro vivificante atesta que o homem partilha da mesma vida divina. Ao repetir o mesmo gesto no ato de enviar os apóstolos, e consequentemente a Igreja, para levar a Boa Notícia aos povos, Jesus indica estar lhes repassando o mesmo Espírito que pousou sobre Ele no início de seu ministério e que O animou durante a extensão de sua jornada. A identidade do Espírito garantiria a identidade da missão e configuraria os discípulos ao Mestre. Enorme a ressonância, neste contexto, adquire a sentença de Jesus ao pedir que os apóstolos recebessem o Espírito Santo. Não basta, de fato, doar um presente. É necessário que seja acolhido e, subsequentemente, apreciado. É o detalhe que explica a grande transformação realizada na vida daquele grupo, humanamente despreparado para tamanha missão. Ao dispor-se receber o dom divino, os apóstolos, em primeiro lugar, se convenceram a cerca da verdade maior, Jesus era o Senhor e somente nele o Homem encontra a salvação, e, depois, ao se sentirem habilitados a anunciar esta fabulosa verdade, intuíram que só poderiam executá-la satisfatoriamente seguindo a cartilha do Mestre galileu. Resolutamente, mas sem exibicionismos. O que inicialmente parecia uma complicadíssima tarefa passou a ser vista e vivida como uma missão a ser realizada com simplicidade, embora demandasse, sim, dedicação e determinação e, acima de tudo, grande atenção e generoso amor para com todas as pessoas. Evangelizar é servir a humanidade. Significativamente, o livro dos Atos dos Apóstolos, conhecido como o Evangelho do Espírito Santo, ao narrar a jornada missionária da primitiva Igreja dá mais destaque ao ardor e ao fervor evangelizador dos apóstolos que a feitos mirabolantes. O sinal inconfundível da presença viva e ativa do Espírito Santo na Igreja não são as manifestações espetaculosas, mas a resoluta convicção de que a maneira mais eficaz de anunciar Jesus Cristo se faz com a modéstia e a naturalidade de pessoas simples! WWW.pecharles.blogspot.com

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