sábado, 21 de julho de 2012

REDENÇÃO


REDENÇÃO
Impõe-se o humanismo. Sociólogos de renome afirmam que o mundo está se reorganizando a partir de um núcleo de valores genuinamente humanos. Acima de qualquer outro interesse, as várias culturas percebem a necessidade de promover valores que beneficiam as pessoas enquanto seres humanos. O fenômeno da globalização certamente tem proporcionado valiosa contribuição para revitalizar esses conceitos. As agudas crises que, recentemente, vêm afetando os vários países, igualmente, comprovam não existir turbulência isolada. O mundo toma consciência da íntima dependência que existe entre uma nação e outra, entre uma cultura e outra. E, obviamente, entre cidadãos como indivíduos. Avanços e contratempos não ficam mais restritos a uma área exclusiva. Cedo ou tarde seus desdobramentos respingam em outras áreas, afetam outros cidadãos.
Papel fundamental exerce o cristianismo na redescoberta da dimensão humanitária. Jesus Cristo afirmou solenemente estar no mundo para que todos tenham vida e a tenham em abundância. Captando a essência deste propósito, renomado teólogo do segundo século cristão escreveu que o que mais glorifica a Deus é o ser humano em pé. Quanto mais se promove a dignidade do ser humano, mais se santifica o nome de Deus. Doutrina esta que se inspira nos ensinamentos de Jesus e, principalmente, no jeito como Ele tratava as pessoas. Distinção maior do caráter de Jesus Cristo é a misericórdia. Uma feliz frase recorrente nos evangelhos descreve Jesus como profeta ‘cheio de misericórdia’. Diante das várias necessidades do ser humano, diante de suas inúmeras misérias e lamentáveis limitações, Jesus sempre procura manifestar que se importa acima de tudo com o ser humano. Ao homem decaído, sem perder-se com as circunstâncias da sua prostração, Jesus sempre lhe estende a mão com o precípuo objetivo de erguê-lo. LEVANTA-TE, é uma das expressões mais freqüentes nos lábios de Jesus, precedida ou seguida por atitudes concretas de compaixão. Antes de qualquer lei ou ordenança, a preferência é para o ser humano! Ninguém é mais humano do que o Filho de Deus feito homem!
Ao propor o amor ao próximo como mandamento ‘siamês’ ao do amor a Deus, Jesus induz seus seguidores a entender ser impossível servir a Deus sem colocar-se a serviço do semelhante. Ora, colocar-se a serviço do semelhante significa, na verdade, considerar e tratar o outro como um ser superior a si. Dar ao outro a preferência. Respeitar o próximo, em suma. Certamente esta é uma postura valiosíssima na construção de um humanismo consistente e genuinamente digno. Respeitar radicalmente o outro representa, contudo, andar na contramão da cultura vigente, caracterizada por um individualismo exacerbado. O dogma atual do comportamento exalta o egoísmo acima de qualquer outro valor, vendendo a ilusão de que é possível a pessoa ser feliz isoladamente. Seduzido por tantas facilidades, em especial de crédito, o cidadão se deixa inebriar pelo prazer imediato, fácil, descomprometido. Neste hedonismo pragmático o prazer não raramente se transforma em frustração, dor, isolamento. A superficialidade e a falta de sustentabilidade desta mentalidade acenam claramente para a falácia dessa doutrina. Evidente está a desintegração do ser humano, tanto no campo individual como coletivo. Conflitos e ansiedades estão à flor da pele. Urge olhar além do imediato e do material. O material é finito. Transitório. A natureza humana reclama pelo transcendente! Carece colocar-se em patamares acima do material. É esta busca do transcendental que gera genuíno equilíbrio e autêntica serenidade à existência humana. Que torna, em suma, o homem feliz e agradecido por ser gente!
Em linguagem teológica, a satisfação de se reconhecer gente responde pelo nome de redenção. Ao redimir o Homem, Jesus Cristo o livra da diabólica praga do individualismo, da traiçoeira ilusão de uma realização egoísta e imediata. Redimido, o Homem não está liberto automaticamente da terrível tendência individualista. Torna-se, sim, mais vigilante sobre seus impulsos e suas escolhas porque conduzido por valores e princípios que o educam a agir sempre com o devido respeito e consideração para com o semelhante. Imprescindível e urgente a contribuição dos cristãos na construção de um humanismo consistente e digno!
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