sábado, 29 de setembro de 2012

VOTO RELIGIOSO

Votar é participar. No caso da eleição municipal o envolvimento com a administração da cidade é mais imediato. Afinal, vota-se para o executivo que vai gerenciar a cidade onde se vive e para o legislativo que tem como tarefas principais agir criticamente com relação aos atos do executivo e propor leis que visem assegurar o progresso do município. Em tese, eleições municipais possuem ingredientes próprios para motivar e apaixonar os cidadãos. No entanto, é palpável a frieza e o desalento da população com a proximidade das eleições. Atribui-se esta apatia ao descrédito generalizado que a classe política provoca. A maneira rasteira e oportunista de fazer política, com raras exceções, chancela a difusa opinião que o político não passa de um sujeito cínico e demagogo. Compreende-se, portanto, a desconfiança do cidadão quanto à conveniência de envolver-se com o processo eletivo. Acrescenta-se ao difuso descrédito com a política e com os políticos o fato de muita gente achar que votar ou não votar, na realidade, nada muda. Matematicamente falando, é verdade que o voto de um cidadão dificilmente mudará o resultado de uma eleição. O processo político, porém, não é somente matemático. É também cívico. É também ético. Cívico, porque oferece uma singular oportunidade para o cidadão manifestar, de uma maneira soberana e livre, como deseja ver conduzido o destino de sua cidade. Ao votar o cidadão afirma estar atento e quer acompanhar a maneira como é administrado o dinheiro público. O ato de votar, na verdade, oferece uma ímpar oportunidade para a autoafirmação cidadã. É a ocasião mais propícia para o cidadão dizer o que quer para a sua cidade. Faz, ao votar, um ato de fé em suas convicções, sem sentir-se incomodado ou preocupado se o seu pensamento irá, imediatamente, prevalecer. O que importa não é ganhar eleição, mas contribuir conscientemente com o progresso da sociedade. Votar, fundamentalmente, é delegar poder! Todo cidadão precisa se convencer das conseqüências de sua escolha. Nesta perspectiva, nenhum voto é perdido. Nenhum voto é inútil. Votar é um gesto de singular responsabilidade e cívica dignidade. Votar é também um ato ético, pois revela que interesses movem o cidadão ao dirigir-se á cabine de votação. Comenta-se muito hoje da mentalidade consumista que configura a conduta e as preferências dos cidadãos. Difusa é a tendência das pessoas procurarem benefícios de efeito imediato e fácil. Esta mentalidade detecta-se infiltrada também no processo político. Os marqueteiros profissionais, atentos aos correntes que fazem a cabeça dos cidadãos, orientam os candidatos a explorarem os anseios mais imediatos do eleitorado. A propaganda política cuida de projetar o candidato como a pessoa ideal para satisfazer os clamores populares. Produções caras querem atrair o incauto cidadão para quem posa de salvador, para quem se apresenta como hábil e poderoso administrador ou para aquele outro candidato que promete vantagens de alcance imediato e fácil. Urge filtrar o que se vê e o que se ouve. Urge analisar se as reivindicações anunciadas, de fato, favorecem a comunidade como tal, ou se destinam apenas para atender a determinados segmentos. Muitos dos favores prometidos por políticos são de alcance regionalizado que pouco contribuem para o progresso sustentado do município. Examinar o histórico do candidato, a sua ficha, as coligações que o sustentam, é imprescindível para não se deixar iludir por discursos demagógicos! O voto é poderosa arma na defesa da ética na política. Importante papel exercem as igrejas neste processo de educação política. Os fiéis, ao querer participar do processo político de uma maneira correta e digna, contam com as orientações de suas lideranças religiosas. Emerge, especialmente, em época de campanha política, um indicador confiável quanto à autêntica postura pastoral do líder religioso. Fiel a missão de formador de consciências, o líder religioso oferece a seus liderados orientações sólidas, objetivando ajudá-los a formar uma opinião soberana e independente. A religião, afinal, subsiste muito bem sem a dependência e sem a interferência do poder político. Voto religioso é voto criterioso. E crítico. WWW.pecharles.blogspot.com.br

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