Reflexões para crescer no amor a Deus, no amor aos irmãos e fortalecer-se na fé cristã.Viver, em suma!
sábado, 6 de outubro de 2012
RECEBER MARIA
José estava em dúvida. A moça prometida-lhe em casamento encontrava-se grávida, mas o filho não era dele. A tradição cristã exalta a santidade do casal de Nazaré, mas bobos eles não eram. Gente de carne e osso, o casal partilha com o resto da humanidade os sentimentos inerentes à condição humana. Compreende-se a confusão na mente e a dor no coração de José, torturado pela presumível traição. Por outro lado, imagina-se a aflição de Maria. De que maneira convencer José do inusitado que nela estava acontecendo. Que homem acreditaria numa história daquela? Deus precisou intervir! Afinal, o seu inefável amor estava conduzindo toda a história. A salvação da humanidade, sublime e prioritário projeto divino, estava em curso. Envia, então, Deus a José um anjo mensageiro para lhe tranqüilizar quanto à integridade de Maria e o colocar a par da singular gravidez. Ao despedir-se, insiste o anjo com José a não temer receber Maria em sua casa. A Ela acolhendo estará, na verdade, acolhendo o próprio Filho de Deus feito carne. O carpinteiro acredita. Recebe Maria como esposa, e vê-se elevado, por desígnio de Altíssimo à condição de Pai adotivo do Ungido de Deus. Caberia a José, na condição de pai, dar o nome de Jesus, ao Filho de Maria. Ao receber Maria, a vida de José, o carpinteiro, radicalmente muda.
Pessoas há, e crentes, que, estranhamente, resistem receber Maria em seu lar e em sua vida. Imaginam estar traindo Jesus a quem querem prestar exclusiva reverência. Sentimento correto, mas equivocado. Receber Maria, com a inspirada fé e com a pura alegria do justo José, integra a tradicional espiritualidade cristã. Em recente visita a uma catedral anglicana, encontrei uma capela dedicada a Nossa Senhora. Nesta capela, os clérigos anglicanos celebram todos os dias. Indicação clara que a devoção a nossa Senhora integra a mais autêntica e universal tradição cristã e que em nada confronta a soberana reverência devida ao Pai e ao Filho amado. Maria jamais cogitaria tomar o lugar devido a seu Filho divino! Ao contrário, dEle se fez a mais fiel servidora. A tradição cristã a considera, com toda justiça, mãe e discípula. A respeito de sua mãe, o Filho comenta publicamente que ela não é somente ouvinte, mas praticante da Palavra. Exemplo de discípula, ela ouve, guarda e medita em seu coração cada gesto e cada ensinamento de seu Filho.
Ao se ler com atenção os textos evangélicos, há de se reparar com vários personagens que, ao acolherem Maria, foram largamente abençoados, graças à inseparável presença de seu Filho, Jesus. José, evidentemente, ocupa lugar de destaque, neste rol de privilegiados. Encontra-se também Isabel, que ao receber Maria em sua casa, fica cheia do Espírito Santo e declara-se distinta por receber a mãe do Senhor. Não bastasse, confidencia a reação do neném abrigado em seu ventre que pula de alegria ao reconhecer a voz da mãe do divino Filho. A presença de Maria é sempre espiritualmente fecunda, pois, na condição de boa mãe, carrega, inseparavelmente, a benéfica presença de seu Filho divino. Os noivos e seus convidados em Canaã também experimentaram a fecunda presença de Maria. Foram agraciados com um vinho abundante e especialmente saboroso ao final da festa. João, o evangelista, também a acolheu em sua casa como mãe, conforme recomendação do próprio Cristo na cruz, e foi abençoado com a mais iluminada e profunda compreensão da pessoa e da mensagem de Jesus, conforme atesta o seu evangelho. Inspirados nestes exemplos, os cristãos de todos os tempos e de todos os lugares seguiram o exemplo de José e adotaram a recomendação do anjo. Receberam Maria em suas vidas e em seus lares. Admite-se, nesta devoção, houve exageros. Não se pode, todavia, desqualificar sumariamente uma piedosa e secular tradição cristã por causa de equívocos cometidos aqui e acolá. As incontestes benemerências que acompanham o evangélico hábito de receber Maria de longe superam os pontuais erros cometidos. À exemplo de José, sem medo e sem receio, que se receba Maria com alegria na vida e no lar. Ela guarda consigo, inseparavelmente, a obra maior do Espírito Santo. E se é verdade que a mãe carrega sempre o filho no coração, há de se confiar que onde é acolhida, Maria apresentará naturalmente o seu Filho divino.
Que ninguém tema receber Maria, mãe e discípula do Redentor da humanidade! Missionária primeira do Reino de Deus!
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