Reflexões para crescer no amor a Deus, no amor aos irmãos e fortalecer-se na fé cristã.Viver, em suma!
sábado, 3 de novembro de 2012
VIVEREMOS
Finados. Halloween. Datas comemorativas, aparentemente díspares, mas que, na verdade, evocam à mesma realidade, o mistério da morte. Na tradição cristã, o começo do mês de novembro se destaca por duas comemorações intimamente ligadas, a Festa de Todos os Santos e o Dia de Finados. No cristianismo, essas datas visam fortalecer a fé na dimensão eterna da vida humana. O agito do Halloween, embora anterior ao calendário cristão, ficou popularizado por sua íntima ligação à festa de Todos os Santos. No folclore irlandês, origem do Halloween, os demônios ou espíritos maus, na véspera da solenidade de Todos os Santos, andam soltos pelo mundo buscando seduzir as boas almas antes delas serem atraídas pelo bom exemplo dos heróis cristãos. De onde vem a tradição de se mascarar no dia do Halloween, como estratégia de esconder-se dos maus espíritos. Embora estranho, o Halloween, em sua origem, reafirma a supremacia da vida sobre a morte.
A festa de Todos os Santos cristianiza a tradição universal do culto aos heróis. Em muitos países encontra-se, inclusive, um espaço especial, o Panteão, onde os heróis da nação são venerados. A festa litúrgica de Todos os Santos inspira-se nesta tradição universal e exalta Deus pela 'grande multidão, que ninguém pode contar, composta de todas as tribos e nações, que se conserva de pé diante do trono do Cordeiro'. Ao exaltar esta multidão de heróis, a liturgia cristã proclama solenemente a certeza de que a vida não termina com a morte. O último destino da jornada humana não é o túmulo, mas o feliz e eterno convívio com Deus. Na teologia cristã, fundada e sustentada pelo mistério da ressurreição de Jesus Cristo, a morte é uma páscoa, uma passagem da vida terrena para a vida gloriosa. A Igreja sintetiza esta fundamental verdade numa bela e significativa oração: a vida não é tirada, mas transformada. E desfeita a habitação terrestre nos é dada no céu uma morada eterna. Catequizada nesta venturosa verdade, a outrora cristã França, mesmo orgulhosa da sua atual laica condição, preserva o bonito hábito de enfeitar, no dia 1º de novembro, residências e janelas com flores. Integra o calendário cultural da França, o dia do Toussaints , de Todos os Santos, distinguido pela decoração floral, acenando para a vitória da vida sobre a morte.
Esses enfeites permanecem propositalmente até o dia seguinte, o Dia de Finados. No calendário cristão, esta celebração litúrgica foi introduzida, justamente, para recordar e rezar pelos falecidos que ainda aguardam o ingresso no céu. Reza a tradição cristã que, embora santos, os batizados são também pecadores e necessitam de purificação para integrar-se à multidão dos beatos. Na teologia cristã, diferente de outras escolas de pensamento, esta purificação é resultado da graça divina, da misericórdia de Deus. Não é com méritos próprios, conseguidos em sucessivas reencarnações, que se chega a este estado purificado, mas sim graças à infinita e generosa compaixão divina. Nessas celebrações, reafirma-se a supremacia da vida sobre a morte.
Mentes críticas questionam o dogma cristão da imortalidade. Alegam falta de provas consistentes em defesa da tese. Não há provas cientificas que a vida humana subsiste após a morte. Mas também ninguém prova cientificamente que ela acaba definitivamente no túmulo. Ao contrário, a razão humana não aceita que a vida acabe em pó! Fere a inteligente intuição do ser humano afirmar que uma existência tão nobre como é a humana, no fim termina no nada, no vazio! A doutrina cristã está mais em sintonia com o anseio humano de aspirar viver perenemente. A crença na imortalidade, nada tem de alienante. Ao contrário,configura o compasso da vida, pois inspira o crente a viver a caridade, a fazer o bem por onde andar. Quem vive da fé, compulsoriamente pratica a justiça e a bondade! O fiel segue uma conduta correta não para ganhar o céu. Vive a caridade porque esta é a sua vocação. A vida eterna não é prêmio! A imortalidade coroa a sublime distinção que é a existência humana. O Homem, imagem e semelhança de Deus, anela um dia partilhar da beatitude do Criador! Alcançar, em suma, a plena realização! Não morreremos! Mudaremos de endereço! Viveremos!
www.pecharles.blogspot.com.br
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