
Nos contratempos se avalia o grau de autoestima! Do próprio valor inerente! E com cirúrgica precisão! O sofrimento torna vulnerável a pessoa. Nessas circunstâncias de turbulência e de fraqueza o sujeito possui a clara consciência que deixou de ser senhor de seus atos e ficou a mercê de influências sobre as quais não possui ascendência. Essas situações ameaçadoras obrigam a pessoa a avaliar o real sentido da existência e a objetiva consistência dos valores em que deposita sua segurança. Não raramente, essas avaliações expõem a artificialidade da existência e provocam apavorante frustração. Trabalha-se tanto para alcançar determinado patamar, seja de que natureza for, mas quando dele se precisa para garantir-se, descobre-se sua total inutilidade. Dedica-se tempo, gastam-se energias para, na realidade, construir fantasmas! Este quadro desolador provoca a terrível sensação de vazio existencial!
Escolas de psiquiatria consideram esse vazio existencial um perigo grave. E a análise da realidade moderna aponta para uma difusão preocupante desta ameaça. Muitos, jovens especialmente, experimentam a triste sensação de uma vida sem sentido. Fatores variados induzem a confirmar a difusa sensação de falta de articulação e de objetivos na vida das pessoas. O exacerbado consumismo, o acentuado narcisismo, o precoce consumo de bebidas alcoólicas, a procura por entorpecentes, o surpreendente número de suicídios, inclusive em sociedades consideradas desenvolvidas e outras tantas fugas denunciam uma profunda crise de identidade e de valorização da vida. Vive-se, mas não se sabe por que e para que! Agrava esta situação de vazio o fato, salutar em si, da inquietação da mente humana que está sempre em busca de explicações e motivações. Ao não encontrar, todavia, um propósito consistente para a existência, ao deparar-se com o vazio existencial, a pessoa experimenta pesada desilusão a desembocar em depressão ou agressão. Os recentes surtos de violência, estúpidos em sua maioria, atestam esta interior angústia que atormenta tanta gente. Registra-se ainda o preocupante aumento de pessoas depressivas, gente que perdeu a graça de viver. Terapias e remédios, valiosos em si, não têm, todavia, se demonstrado suficientes para devolver aos pacientes a segurança almejada.
É preciso mais que bulas para as pessoas recuperarem a autoestima. A química, valiosa, age no físico, mas não se pode esquecer que o ser humano é também espiritual. Não basta fortalecer o físico, é preciso também alimentar o espiritual. A mente, a alma enfim, palpita e se motiva quando se convence que há uma razão para a existência. Metas claras dão consistência e propósito a cada iniciativa! Metas claras descansam e articulam gestões. O caminho para resolver o enigma não é acadêmico. O desafio é primordialmente existencial. O começo da solução, obrigatoriamente, tem que ser prático, intimamente ligado à identidade da pessoa. Emerge, então, a real dimensão do desafio, particularmente numa cultura, como a atual, que contingencia tanto o valor do cidadão. No presente sistema, o sujeito vale pela sua eficiência. Compreensível a tensão, a insegurança e a rivalidade que este regime provoca, dada a disparidade de oportunidades. Numa sociedade tão altamente exigente, a ameaça do anonimato e do abandono é real e apavora. A consciência humana exige metas que transcendem o material e o produtivo.
Enorme é a importância da religião neste processo de ultrapassar a barreira utilitária! E ajudar cada cidadão a recuperação a inerente autoestima. O dogma cristão afirma enfaticamente que cada ser humano é querido e estimado por Deus! De Deus saiu e para Deus voltará. Há um destino definido e feliz para a existência humana! O Homem começará a enxergar esta verdade e nela crer somente quando percebe uma real e desinteressada consideração para cada ser humano. É neste patamar que a fé religiosa alcança sua autêntica expressão. Quem em Deus acredita enxerga o semelhante! Aí está o fundamento da autoestima, ser reconhecido e tratado, qualquer que seja a condição, como gente! Sublime verdade, a única a dar sentido à existência de todo ser humano. Árdua regra de vida, tão necessária e exigente em tempos modernos, que somente pessoas de fé firme e convicta são capazes de seguir!
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