
Feliz coincidência! O dia da Criança é celebrado no mesmo dia dedicado a Nossa Senhora Aparecida. Não está claro, historicamente, se a coincidência é intencional! Fato é que as duas comemorações se complementam magistralmente. Ao exaltar a figura de Maria, sob o título de Aparecida, a comunidade Católica reverencia a mãe de Jesus, aclamando-a mãe espiritual do povo brasileiro. Na condição de mãe zelosa, ela não somente olha com particular carinho para as crianças como inspira os adultos de boa vontade a promoverem com desvelo a vida de cada criança. Este é também o objetivo da instituição oficial do Dia da Criança. Quando a UNICEF promulgou, no dia 20 de novembro de 1959 a Declaração dos Direitos da Criança e estabeleceu a data como marco universal, a intenção expressa era chamar a atenção do mundo para a grave responsabilidade de zelar pelas crianças, assegurando lhes totais condições para uma existência digna. Na origem, o estatuto e o dia da criança estabelecem e reconhecem o direito de toda criança para uma subsistência digna, para um tratamento respeitoso, por uma alimentação saudável e por uma educação cidadã, indispensáveis requisitos para um amadurecimento consistente e responsável.
Outra feliz coincidência é a proximidade do dia da Criança com o dia do Professor! Num espaço de poucos dias, o calendário social, no Brasil, induz a sociedade a olhar de maneira abrangente pelo bem-estar integral das crianças. Religião, escola e família representam instituições que, integrados, contribuem magnificamente para a formação do caráter individual, cidadão e ético da criança. É do interesse de cada uma dessas instituições desenvolver suas atividades em íntima sintonia com as demais, preservando, evidentemente, as particularidades de cada uma. Isoladamente, nenhuma das instâncias consegue dar conta da ingente e necessária tarefa de educar e formar cidadãos. A experiência, particularmente dos sistemas atuais que destacam a especificidade de cada ambiente, comprova e exige que essas instâncias básicas interajam harmoniosamente, complementando e aperfeiçoando o trabalho realizado em cada uma.
Ironicamente, encontra-se aí um dos grandes desafios a ser vencido na proposta de uma formação infantil coesa e consistente. Nem sempre família, escola e religião trabalham em sintonia. Detectam-se, lamentavelmente, fissuras e desencontros. Não é raro saber de pais que minam a autoridade do professor, colocando-se unilateralmente ao lado dos filhos! É preciso enfatizar, professor desautorizado e mestre desmoralizado. Por outro lado, sabe-se de professores que, em sala de aula, doutrinam os alunos de acordo com suas convicções particulares, desconsiderando e desrespeitando tradições familiares e contrariando explícitos regimentos internos. Desencontros dessas naturezas prestam somente para gerar insegurança e causar confusão na mente dos alunos. Criam desnecessários conflitos! Estas disparidades são igualmente detectadas na prática da religião. Nem sempre há comunhão de intenções entre o que os pais procuram e o que a Igreja oferece às crianças. Esta descontinuidade de conceitos fica muito clara no campo do catecismo. Grande é o número de pais que inscrevem filhos para o catecismo, pensando unicamente na obrigação de fazer a Primeira Comunhão e a Crisma. A Igreja, por sua vez, encara o catecismo a partir de uma perspectiva mais envolvente e ampla. A catequese não é curso de habilitação para a recepção dos sacramentos. É, sim, uma instrução que visa criar eco perene na vida do catequizando. Faz-se catequese em vista de uma vivência cristã consciente e comprometida. Busca-se orientação religiosa porque se quer viver a fé com conhecimento, intensidade, convicção e alegria. O que pressupõe que a orientação religiosa já teve início no aconchego familiar. Patente fica o descompasso quando, no catecismo, se acolhem crianças que nem o hábito de rezar conhecem. Muito menos o costume de frequentar com prazer e regularidade as celebrações litúrgicas. Na ausência desta básica sintonia, o prejuízo maior, evidentemente, fica para a criança!
Quem te crê te cria, diz o ditado. Importa muito que os adultos e as instituições festejem, junto com os pequenos, o dia da Criança, reafirmando e renovando a consciência que somente um esforço integrado e uníssono será capaz de garantir, já agora, uma existência feliz e promissora!
Nenhum comentário:
Postar um comentário