
A sociedade está desorientada! Assustada e confusa! Um dia, cidadãos, sumariamente, dão a si mesmos o direito de prender e imobilizar um ladrão, o despem e o amaram a um poste para execração pública. Dias depois, a trágica morte do cinegrafista Santiago Andrade atingido na cabeça por um rojão acionado por manifestantes, que alegam, para completar o quadro irracional, serem monetariamente subsidiados por agremiações legalmente instituídas. Compreensivelmente, o inconformismo e o pavor tomam conta da sociedade. Se ficar mesmo comprovado que alguns integrantes 'black bloc' agem porque subsidiados por outras agremiações juridicamente constituídas, razão plena tem a população de concluir que essas selvagerias e depredações não são acontecimentos isolados, mas iniciativas articuladas por setores da sociedade seriamente empenhados em perturbar a ordem e semear pânico. Duro é admitir que cidadãos pagam e outros aceitam ser pagos para desestabilizar o próprio país! Neste contexto de confronto, o indiciamento e a detenção dos autores das barbáries, necessários obviamente, não tranquilizam a sociedade. Nem os previsíveis discursos enérgicos das autoridades! A população espera que os governantes, em todas as esferas, acordem e percebam que a sociedade está se desintegrando, perdendo rumos e parâmetros! O ser humano está ficando irracional, embrutecido. É preciso reconhecer que o problema maior esta na falta de formação moral dos cidadãos. Há escolas, mas não há educação. Ensina-se a ler e a escrever, mas não se ensina a tratar respeitosamente o semelhante, inclusive aquele que pensa diferente.
Urge rever todo sistema educacional, há tempos lamentavelmente negligenciado e manipulado para servir a interesses ideológicos, eleitoreiros e de faturamento! A organização da Copa e das Olimpíadas comprova que dinheiro não é obstáculo. Recursos financeiros existem. Falta consciência e falta determinação. Se as autoridades se conscientizassem de suas obrigações, e trabalhassem não para serem reeleitos, mas para promoverem o legítimo progresso, certamente muito se avançará, como comprova a história de tantos países. A educação, reconhece-se, não é responsabilidade exclusiva de autoridades políticas. Envolve necessariamente a sociedade, e, em particular, a família. Estas instituições também possuem sua parcela de responsabilidade pela atual desorientação. A sociedade, porque persiste em manter uma abordagem ambígua com a política. Já foi alertado tantas vezes que políticos e governantes são eleitos, não impostos. Se a sociedade, portanto, passasse a valorizar a educação, saberia não somente votar em candidatos que assegurassem empenho nesta área, como também se articulasse para cobrar o seu cumprimento.
Emerge, então, o papel da família. Formar caráter e senso cívico é tarefa primordial dos pais. Nos lares é que se formam as pessoas e os cidadãos. Este pressuposto, que deve ser básico e inegociável, passa atualmente por uma sutil e preocupante alteração: os pais estão terceirizando a educação dos filhos. Apontam o ritmo e as exigências da vida moderna para justificar sua limitada presença na jornada educacional dos filhos. É verdade, as demandas da vida moderna são realmente exigentes, absorvem tempo e energias. Contudo, os filhos permanecem a prioridade absoluta e intransferível. Esta premissa envolve clareza de direção e discernimento nas escolhas. O estilo moderno de vida induz os pais a considerar o conforto como meta maior a ser alcançada. Idolatra-se, hoje, o conforto! Perseguir o conforto é louvável, não a ponto, todavia, de distanciar os pais do contato com seus filhos. O correto não é tudo pelo conforto, mas tudo pelos filhos. Desponta neste delicado quesito a importância da educação religiosa na formação integral da família. Setores variados da sociedade contemporânea criticam a religião e minimizam a importância da formação religiosa. É verdade, equívocos foram cometidos. Inegável, contudo, permanece que a educação religiosa, dada com critério e zelo pastoral, contribui substancialmente para a formação do caráter e da personalidade do indivíduo. Na religião, ao aprender a reverenciar Deus, pais e filhos aprendem não somente a identificar ídolos e deles se afastar, como também aprendem a tratar respeitosamente o semelhante. A religião ilumina a mente, disciplina hábitos e eleva e depura o nível de relacionamento com o semelhante, inclusive com o desafeto. A religião humaniza!
A formação religiosa é contraponto providencial no processo de desintegração da sociedade contemporânea.
Nenhum comentário:
Postar um comentário