
O silêncio se presta admiravelmente para realçar a identidade feminina. Ousada expressão para o dia de hoje, passível de várias leituras. As adeptas do movimento feminista desconfiam tratar-se de uma guinada conservadora, que pretende relegar a mulher à submissão que durante séculos subjugou-a e sugou-a indevida e injustamente. Inconformadas com o machismo dominador, as feministas querem que a mulher levante a cabeça, se imponha, reclame seu espaço. Há, contudo, outra leitura, menos agressiva, mais feminina. As adeptas do estilo feminino enxergam no silêncio, no recato, ferramenta poderosa, de características tipicamente femininas. Fazem do silêncio uma leitura dinâmica, nada a ver com passividade. Nesta leitura, o silêncio é estratégico, corolário da conhecida intuição feminina, típica postura da pessoa ponderada, que escuta e assimila em vista de uma profunda transformação, a semelhança da terra úmida que acolhe a semente e na ativa quietude de suas entranhas a transforma em pujante vida. A comparação com a fecundidade da terra tem muito a ver com o ser feminino. A constituição biológica da mulher naturalmente a associa com a dinâmica da reprodução, uma dinâmica que envolve formidável engrenagem entre vários membros e que acontece naturalmente no mais profundo das entranhas femininas, elevando a mulher à condição de mãe. Sem nenhum ruído, mas de uma maneira bastante significativa, a maternidade realiza o ser feminino.
Curiosamente, a maternidade, e os subsequentes desdobramentos domésticos, contrapõem as feministas às femininas. À grosso modo, aquelas acham que, ao dedicar-se preferencialmente às tarefas maternas e domésticas, a mulher se priva de inúmeras outras possibilidades de realização. Afirmam possuir a mulher consideráveis capacitações profissionais que ficam, previsivelmente, abafadas pelas exaustivas tarefas maternas e domésticas. Motivam, então, a mulher a postergar esta inclinação, incentivando-a a realizar-se, primeiro, como pessoa e como profissional. Ela precisa encontrar seu espaço e afirmar-se na sociedade, adestrando-se para isso a competir com o homem, o agente que tradicional e culturalmente ocupa tais espaços. Em tese, não há o que contestar. Considera-se legítimo a mulher almejar realizar-se profissionalmente. Quem, todavia, se detém a analisar as consequências práticas que esta opção provoca é induzido a refletir.
Autoras de destaque, entre outros pensadores, e vindas de várias culturas, não hesitam manifestar suas restrições e preocupações quanto a esta postura 'agressiva' da mulher moderna. Apontam uma sutil frustração interna na mulher que, mesmo voluntariamente, posterga a maternidade. A forçada repressão parece violentar a natural química feminina, interferindo, inclusive, em outra peculiar inclinação para o afeto. Reconhecendo-se emotivamente vulnerável, proíbe a si mesma envolvimentos sentimentais. Mirando sucesso na carreira, aceita as regras do jogo, que exigem das lideranças dureza e decisão. Esta postura agressiva que ajuda a mulher a afirmar-se profissionalmente, paradoxalmente a enfraquece como pessoa, em especial no campo de relacionamento. Quando julga estar na hora de constituir família, a sua formação competitiva e independente a tornam exigente e decidida, frequentemente no comando das ações com reduzida disposição para tolerância. Esta aparente ascensão causa, na verdade, sérias dificuldades no relacionamento, afastando ou mesmo assustando possíveis pretendentes. Observa-se que os homens sentem-se hoje sufocados, incertos quanto à conduta que deles se espera. As consequências óbvias desta intricada situação são ou um estado inupto forçado ou uma maternidade solitária. Ambas igualmente frustrantes. Sociólogos modernos insinuam ser este novo papel assumido pela mulher uma das causas para o descomunal aumento em divórcios e, pasme-se, para o fenômeno do crescente homossexualismo.
A realidade impõe reflexão. Imprescindível para a sociedade a mulher encontrar sua identidade e realização! Escritoras mais centradas não enxergam antagonismos insuperáveis entre as correntes feministas e femininas. Ambas prestam a conquistas e manipulações. O bom senso sugere equilíbrio. Silêncio. Intuição madura. Curiosamente, atributos todos femininos! O conjunto da sociedade avança admiravelmente quando a mulher encontra e abraça sua genuína vocação feminina.
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