sábado, 14 de junho de 2014

VENCER

"Só tenho Copa na mente ... a Seleção na minha frente ...". É a música popular brasileira que, em sintonia com a história, retrata com precisão o sentimento nacional. De fato, a partir do ponta pé inicial tudo no Brasil passou a girar com mais intensidade em torno do desempenho da Seleção na Copa. Mesmo as pessoas que normalmente não se empolgam tanto com o futebol deixam-se contagiar pelo entusiasmo e pelo espírito festivo e cívico. E isto é bonito de se ver e de se viver. Ocasiões como estas oferecem privilegiada oportunidade para o cristão testemunhar sua identidade, renovando e elevando ambientes. A realização da Copa é um belíssimo acontecimento para fazer brilhar a luz do Evangelho. A começar pela maneira de receber e tratar o estrangeiro que visita o país. A afamada cordialidade brasileira alcança picos de excelência quando temperada pela fraternidade cristã. A caridade ensina enxergar o torcedor da outra seleção não como rival, mas apenas como adversário. Consciente, inclusive,que se não houvesse adversário nem jogo teria. Realiza-se o torneio da Copa porque existem seleções em busca da sua conquista. Desponta aí um delicado e intrigante desafio. Como lidar, de forma cristã, com a vitória! O êxito costuma alimentar a soberba! E a soberba abastece a arrogância. Considerar e celebrar a vitória com a mentalidade de quem aniquila o inimigo revela mesquinhos sentimentos, incompatíveis com o espírito fraterno. Deve-se torcer, evidente, pela vitória da Seleção, e que seja vitória convincente. Não é correto, no entanto, cair na insolência, passando a ser inconveniente. Que se saiba filtrar o que se vê, o que se lê e o que se ouve nos exaltados comentários após os jogos. Arroubos de paixão são compreensíveis, mas não se pode deixar-se dominar por impulsos. Conhecem-se de sobra as trágicas consequências de torcidas dominadas por primários instintos. Em rodas de amigos, saberá o cristão testemunhar que é possível festejar e alegrar-se sem grosserias e desaforos. Inclui-se aí a moderação no consumo de bebidas alcoólicas, cujo excesso tantos danos causa, para o próprio indivíduo, para a sua família como também para o próximo inocente. Que se vibre com as vitórias sem perder a dignidade. Preserva-se a dignidade também na derrota. Perder o jogo faz parte do certame. Convenhamos, nem todos sabem digerir derrotas. A compreensível frustração se transforma muitas vezes em ira, descarregada não raramente em quem nada tem a ver com o jogo em si. Sabe-se de rompantes estúpidos e injustificáveis com familiares, funcionários, colegas de trabalho resultantes da decepção com o resultado negativo do jogo. É sinal de maturidade saber aceitar revezes. É sinal de bom senso reconhecer a superioridade e o mérito do adversário. Acima de tudo reconhecer que uma derrota nem sempre significa o fim, pode representar a oportunidade para um novo aprendizado. Sem esconder a decepção e a frustração, o cristão ensina manter a dignidade e a humildade também nas derrotas. De inestimável valor educativo, em especial com relação a crianças e jovens, é o comportamento genuinamente evangélico nos revezes e nos insucessos. Na realização desta Copa, outras considerações são oportunamente levantadas. Muito se questionou, corretamente, quanto a temeridade de realizar o certame no Brasil. Os bilionários gastos impostos, com as constantes suspeitas de superfaturamentos e desvios, causam justificadas revoltas. A população desabafa protestando. O cristão também tem papel preponderante neste campo político-social. Dele se espera posicionamentos claros e coerentes. Protagonismo, em suma. Que se alie aos que pedem apurações criteriosas e junte-se aos que denunciam abusos comprovados. Que apóie punições exemplares aos aproveitadores e exija ressarcimentos. Que marque presença no repúdio a ambições megalomaníacas, que usam a nação e seu patrimônio para inflar vaidades e alimentar cultos de personalidade. Que proteste, enfim, com firmeza e objetivos. Exigir melhorias decentes, que atendam as reais urgências da população é ato cívico de cristão engajado. Perspicaz e coerente, o cristão mantém distancia de quem usa o protesto com fins demagógicos e ideológicos. Fixa posição contra todo vandalismo. Não é com quebra-quebra que se prove que se tem razão. Nem torcendo contra a Seleção. A realização da Copa do mundo é ocasião privilegiada para anunciar a supremacia do amor fraterno. A Copa se ganha no campo! A fraternidade se impõe pelo testemunho! O mote é vencer!

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