sábado, 14 de fevereiro de 2015

DESCONTRAÍDOS TORCEDORES

Imponentes são os novos estádios de futebol! Pena que há uma minoria de supostos torcedores que está totalmente despreparada para deles se usufruir. As lamentáveis cenas de guerra registradas por ocasião do mais recente clássico do futebol paulista comprovam esta leitura. Fica-se com a impressão que os arruaceiros que provocaram tanto vandalismo nem torcedores são. Usam o futebol para extravasar sua ira contra 'tribos' consideradas inimigas. E, pelo que foi publicado, nem precisam ser 'tribos' que torcem por times adversários. Confrontos aconteceram entre torcidas do mesmo time. Total absurdo. Grave e preocupante é este contexto violento, com previsíveis consequencias igualmente sérias. Que não afetam somente o mundo do esporte. Repercutem no cotidiano da sociedade. Futebol é uma das modalidades esportivas que mais mexem com emoções. Times têm torcedores apaixonados que curtem desfilar com os uniformes do time favorito. Apoiam seu time e, com alegria, exibem sua preferência. Sem que isso signifique necessariamente provocar ou insultar torcidas adversárias! É tão bonito e saudável quando torcedores de agremiações diferentes se encontram, brincam e sacaneiam-se mutuamente, sem animosidades. Atestado de torcedores maduros que sabem respeitar limites e preferências. Pelo jeito que as coisas andam, daqui a pouco a satisfação de sair na rua com determinado uniforme passará a representar risco de vida. Aconteceu mais uma vez neste último final de semana. Torcedores são-paulinos foram agredidos aparentemente sem motivo, a não ser por estarem com camisetas do seu time! O medo não pode prevalecer sobre o alegre prazer de torcer abertamente pelo time de coração! Desponta um dos tópicos nevrálgicos neste trágico contexto. A violência está ganhando da civilidade. A sociedade está perdendo a batalha do civismo. É grave. Esta situação reflete um contexto mais macro na civilização moderna. Não é somente no esporte que a violência sobressai. Estende-se ao trânsito, ao relacionamento entre cidadãos. À família! Atinge a segurança dos indivíduos, do patrimônio, das fronteiras entre nações! Dos credos religiosos! Perplexo e apavorado, o cidadão do bem pergunta: onde é que isso tudo vai acabar? Se nem no futebol, um esporte que deve ser motivo de diversão, o cidadão sente-se seguro! Indigesta situação dos tempos modernos: nem para se divertir o cidadão sente-se tranquilo! Pelo barulho que fazem, pela extensão dos danos que causam, pela exposição que alcançam, fica-se com a impressão que os vândalos são maioria entre os cidadãos. Revoltante constatação: são minoria esses arruaceiros. A grande maioria da população é de paz e repudia veementemente qualquer tipo de desordem. Pela lógica é a maioria que deve prevalecer. O que se vê, contudo, é que esta maioria prefere se encolher, deixar caminho livre para uma minoria que quer se impor via barbárie e selvageria. A maioria dos cidadãos, imperceptivelmente, está entrando no jogo dos desordeiros, deixando-se amedrontar. Privando-se de um direito cidadão de divertir-se, de torcer para o time de preferência. É preciso que a maioria acorde, recupere seu brio e encontre meios eficazes para reverter este processo. A violência não pode imperar! Os governos, evidente, e os responsáveis pela ordem pública têm a sua parcela de responsabilidade, que não é pequena. O cidadão tem direito à segurança, à liberdade de ir e vir, à diversão saudável e paga impostos caros para assegurar esses direitos. Sobre as administrações, portanto, recai a responsabilidade de garantir a ordem, recorrendo a logísticas que deixam a população tranquila, e não mais assustada e amedrontada, como está acontecendo. Outra parcela da responsabilidade recai sobre os demais organismos sociais, os clubes, principalmente. Diretorias de clubes e de torcidas organizadas devem ser criminalmente responsabilizadas por omissão, por negligência ou por cumplice acobertamento de integrantes desordeiros. A alegria e a tranquilidade no esporte, e nas outras áreas de convívio civil, se reconquistam somente quando houver articuladas iniciativas de prevenção e enérgicas táticas de repressão. Não é o cidadão do bem que deve sentir medo. É o arruaceiro que deve sentir-se vigiado e patrulhado. Repudiáveis são essas situações de guerra. Urge que cidadãos do bem reajam, levantem a voz e exijam das autoridades e das diretorias de clubes medidas eficazes a fazer prevalecer a ordem e a tranquilidade de poder assistir a um jogo de futebol sem medo e sem sobressaltos. Estádios modernos, torcedores descontraídos!

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