sábado, 8 de agosto de 2015

MY WAY

Nunca fácil foi ser pai! Nos dias de hoje, particularmente, a missão parece se agravar diante de vários desafios correntes. Destaca-se a dificuldade em definir o que é certo e o que é errado. A cultura moderna insiste em convencer os cidadãos a reconhecer que não existem mais escalas de valores. Não existem mais regras. Nem códigos de comportamento. Falar em limites é careta e ainda, segundo alguns supostos educadores, inibe a autoestima dos mais jovens. Tudo passou a ser lícito e legitimo, dependendo da perspectiva do agente. Em contraste com o padrão antigo, quando havia solidas referências que davam aos pais suporte e balizas para se orientar, e encaminhar seus filhos, o atual estilo de vida passou a ser comparado ao liquido que se ajusta conforme o recipiente. O sólido evaporou-se. Tudo passou a ser líquido. Relativo. Evidente, este contexto aflige em particular aqueles pais que não se contentam apenas em legar aos filhos uma sobrevida material. Querem formá-los em caráter, em personalidade, em valores. Almejam vê-los honrados cidadãos. Esta incumbência, inerente àqueles pais que pretendem desempenhar com responsabilidade sua paternidade, estimula-os a procurar, encontrar e ensinar princípios e ideais que sejam válidos, não importa a cultura e o contexto. Pesquisam bases e referências para um agir digno e construtivo. Desponta, nesta busca, uma elementar premissa: reconhecer que nem tudo que é feito segundo as próprias convicções é objetivamente correto e benéfico. O fato de uma ação ou iniciativa ser vantajosa para alguém, não é garantia que seja intrinsecamente correta. Nem sempre significa que será, igualmente, proveitosa para todos. A regra primeira da cultura atual instiga o cidadão a ocupar-se com o que é vantajoso para si, sem se incomodar com os demais. Um exacerbado egocentrismo marca a conduta do cidadão. Contudo, nunca se pode esquecer que se vive em sociedade onde, queira-se ou não, os cidadãos dependem uns dos outros. A conclusão lógica de mais esta elementar verdade é que vantajoso mesmo é quando todos alcancem um mínimo de bem estar. Quando falta o bem estar coletivo a felicidade particular sempre corre risco. O débito atrelado a este descuido sempre aparece, e costuma vir com salgados juros! Emerge a primeira pista na busca de um valor que não seja relativo nem circunstancial: aprender a lidar com os outros da mesma maneira que se deseja que eles lidem consigo. Em outras palavras, deixar de pensar e de agir como se fosse o centro do mundo! Este princípio básico de convívio social atribuído a Confúcio recebeu aval e reconhecimento transcendental quando foi assumido e reproposto pelo Senhor Jesus no sermão da montanha (Mt7,12). Com uma adicional observação que o torna ainda mais válido. Ao confirmar a chamada regra de ouro, o Mestre declara ser ela o resumo de toda a Bíblia. Segundo Jesus, ao pautar-se por esta norma, a pessoa cumpre todas as orientações que a Bíblia propõe! Religião e discernimento humano se convergem! A harmonia que segue à observação desta regra de ouro repousa na elementar e respeitosa consideração pela individualidade do outro. Ignorar este básico elemento é ocasião para tensões e previsíveis discórdias. A falta de sensibilidade e de respeito gera óbvios inconvenientes, em alguns casos, é até causa de hostilidades. Uma referência de conduta que, em tese, devia ser espontaneamente assumida por todos - reconhecer que o outro possui os mesmos direitos que se tem e, consequentemente, deve-se aprender a respeitá-los - passou a ser, hoje, tarefa hercúlea. Está difícil convencer as pessoas que, ao se ocuparem exclusivamente com seu próprio bem estar, estão, na realidade, caminhando na contramão de um convívio harmonioso. Consequentemente, na contramão do duradouro sucesso e da tranquila realização. A regra primeira que pauta, atualmente, a conduta de muita gente lembra o teor da popular canção, My Way! Frank Sinatra, que tornou célebre a canção, enfatiza e enfeitiça quando entoa: fiz tudo segundo a minha cabeça! Bonito, sem dúvida, e recomendável, é agir com personalidade! Contemplar filhos de temperamento decidido é aspiração legítima de todo pai. Vale insistir, contudo, que agir com soberania, significa pautar a conduta por valores que levam em conta a dimensão coletiva. Em coro, pai e filhos, cantarolam, então, programaticamente: I DID IT MY WAY! FELIZ DIA DOS PAIS!

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