sábado, 26 de setembro de 2015

AGREGAR E ALEGRAR

AGREGAR E ALEGRAR Metáfora de fortíssimo apelo é a luz! A ela se recorre para destacar aquela contribuição significativa que beneficia a humanidade. Iluminado é o sujeito inteligente que com discernimento ajuda a encaminhar situações conflitivas, que encontra soluções objetivas nas dificuldades ou propõe rumos e atitudes que contribuem efetivamente para o progresso da civilização. Neste sentido as religiões se apresentam como caminhos de luz, programas de vida a elevar o espírito e assegurar realização plena, beatitude perfeita. Na doutrina hindu, o fim último do ser humano, sua plena realização se dá quando o espírito mergulha-se na luz divina. No judaísmo, e posteriormente no cristianismo, o simbolismo da luz preserva seu forte apelo. As teofanias registradas no Antigo Testamento incluem invariavelmente a presença do fogo. Significativamente a primeira criatura a sair das mãos do Criador é a luz! Os profetas, ao anunciar a futura vinda do Messias, a comparam à luz que haveria de brilhar na escuridão do mundo, superando de vez suas sombras. E quando se realizam as promessas divinas na encarnação do Filho de Deus, o Filho de Maria é saudado como a luz que veio ao mundo. Durante seu ministério, Jesus se apresenta como a luz do mundo e insiste com seus ouvintes a caminharem na sua luz e assim vencer as trevas do erro. Coerente, Cristo provoca seus seguidores e os lança num desafio. Quer que sejam luzes para o mundo! Afinal, quem segue a Luz só pode ser portador da luz! Compenetrados da profunda dimensão desta proposta, os primeiros cristãos não hesitavam em se definir como iluminados. Para os desavisados, tal qualificação sugere arrogância, pretensão descabida. Vista, todavia, em seu contexto evangélico, representa momentoso desafio. Ao reconhecer-se eleitos a partilhar da luminosidade de seu fundador, os discípulos se vêem envolvidos numa desafiadora e fascinante missão: convencer seus contemporâneos quanto ao verdadeiro caminho para a plena realização. Compenetrar-se desta distinta tarefa constitui primordial entendimento da básica dimensão da vocação cristão. Entendendo que nenhuma luz, por mais tênue ou frágil, passe desapercebida, particularmente em situações de sombra, o discípulo, igualmente, compreende que em sua condição de discípulo da Luz deve marcar presença qualquer que seja o ambiente onde se encontra. Na mesma linha de pensamento, uma vez que as variadas situações humanas sempre ostentam nuanças de sombra e de caos, urge estimular a presença do discípulo em todos os ambientes. Observação que se faz oportuna, uma vez que se percebe que muita gente de bem recusa participar de organizações políticas, de conselhos municipais ou de trabalho voluntário por achar tais ambientes contaminados por corrupções ou por ideologias. Posicionamento ambíguo, distante da vocação evangélica e alheio ao compromisso cidadão. Nenhuma organização prescinde da presença cristã. Ousa-se afirmar que, pela lógica do evangelho, quanto mais contaminado o ambiente mais premente se faça a presença do evangelizador. Onde predomina escuridão é que mais precisa-se de luz! A luz, mesmo quando intensa, sempre se porta de maneira discreta. Raramente chama atenção sobre si. É peculiar à luz clarear, indispensável sua ação. Sua presença, contudo, costuma passar desapercebida. Ignorada, não deixa de brilhar. Cabe-lhe clarear, não ser reconhecida. Curioso, quando uma luminária passa a chamar atenção, qualquer que seja o motivo, pouca relevância se dá á claridade que irradia. Lustres e costumam ser admirados mais pela sua visibilidade que pela intensidade de luz que espalham. Embora não deixem de iluminar, se destacam pelos adornos. Emerge a grande verdade, o fascinante desafio: na condição de filho da luz, o discípulo marca presença pelo espontâneo brilho que emana de uma conduta harmoniosa, serena, coerente, porque regida por propostas intransigentes de respeito ao semelhante, pelo consciente e responsável cumprimento de obrigações e tarefas e, como óbvia consequência, pela natural potencialidade de congregar. Basta, sim, uma única luz para agregar, alegrar e indicar caminhos!

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