sábado, 3 de outubro de 2015

AUSCHWITZ-BIRKENAU

AUSCHWITZ- BIRKENAU Mudança de nome! Shakespeare cunhou uma frase que permanece famosa: afinal, o que há em um nome? Para os poloneses, e posteriormente para milhares de prisioneiros vindos de toda a Europa, a troca pelos nazistas do nome da pacata cidade Oswiecim, na região de Cracóvia, para Auschwitz representava terror e medo. Inferno. E com razão. O local, anteriormente usado como quartel pelas forças da resistência polonesa, foi estrategicamente transformado num grande campo de detenção. Ajudou muito na preferência pelo lugar o fato da região apresentar uma já elaborada rede de entroncamentos ferroviários, uma logística preciosa para a transferência e remoção de detentos vindos de outras localidades. Os nazistas procuravam um espaço adequado e que não chamasse tanta atenção para abrigar prisioneiros de guerra e criminosos, e Oswiecim apresentava o perfil ideal. Obcecados pela ambição de transformar a Europa numa soberana Alemanha, os nazistas além de mudar nomes, cuidavam também de eliminar e sufocar todos os vestígios de cultura existentes. Arrogância de quem se autoproclamava senhor absoluto de territórios e pessoas. À medida que aumentava o número de prisioneiros foi se sentindo a necessidade de multiplicar os barracos. Originariamente, o campo compreendia 20 abrigos, fora cozinhas e depósitos. Usando como mão de obra os prisioneiros, os alemães edificaram mais oito novos blocos. Posteriormente, foi construído na cidade vizinha de Brzezinka, como extensão de Auschwitz, o temível campo de Birkenau, que veio a ser o nefasto local de extermínio em massa, compreendendo as câmaras de gás e os crematórios. Para acelerar o ritmo de cremações, neste campo foram construídos fornos capazes de queimar até 4.576 cadáveres por dia! Cientes das monstruosidades que este último campo denunciava e pressentindo as futuras prováveis punições, os alemães, em retirada, aplicaram-se em destruir provas, dinamitaram o local, não o suficiente, todavia, para eliminar todo vestígio do horror e da inimaginável crueldade, tamanha a extensão do campo. A arrogância inicial se transformou em covarde fuga. Os campos de concentração testemunham o extremo da pérfida ideologia da superioridade racial. Pessoas, judeus em particular, que eram consideradas como raças inferiores ou que de alguma forma representavam possível ameaça à superioridade ariana foram sumariamente expostas como marginais. Propaganda intermitente divulgava o perigo para a saúde que os judeus representavam, pretexto infame para a construção de guetos. Neste espaço reduzidíssimo, os judeus, em várias cidades europeias, ficavam confinados, fechados por muralhas de onde só podiam sair para trabalhar ou para serem transportados para os campos de prisão. Ao chegar aos campos, os sobreviventes – muitos de fato não agüentavam o trajeto, exprimidos em vagões superlotados, sem ventilação e sem mínimas condições de higiene – eram selecionados: homens, em condição de trabalho, separados para tarefas forçadas, as mulheres sadias, para trabalhos domésticos ou para servir de cobaia em experimentos científicos, e os demais, crianças inclusive, para a morte sumária nas câmaras de gás e posterior cremação. Ambos os campos preservam a praça da seleção. Detalhes destacam o cinismo do cruel ritual. A inscrição acima do portão de entrada exaltava o trabalho como caminho para a liberdade do homem, dando a impressão que o objetivo final da viagem fosse a liberdade. Encerrada a seleção, a realidade cruel e impiedosa se impunha sobre os detentos. À caminho dos fétidos alojamentos, passavam pelo cadafalso dos enforcamentos, pelo paredão dos fuzilamentos, tudo empregnado pela fumaça e pelo odor de corpos queimados. Denuncia o testemunho de uma sobrevivente: a primeira impressão era de extremo terror! Até o fim da segunda guerra mundial, um milhão e cem mil vidas(1.100.000) foram exterminados nesses campos! Terminada a guerra e revelados os infames crimes contra a humanidade cometidos nesses campos tratou-se logo de restituir aos povoados seu original nome em polonês. Um compreensível ensaio para isolar um dos mais vergonhosos períodos da recente história. Sobram os prédios, arcabouços sinistros a exigir do visitante respeitoso silêncio e a advertir que tragédias semelhantes sempre são possíveis de se repetirem toda vez que o homem se arroga a imaginar-se e a agir como se dono absoluto fosse do destino do semelhante!

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