
Terror resolve? Os estrategistas do EI parecem acreditar na potencialidade do medo, embora a história universal demonstre com clareza que todos os impérios ou tiranos que apostaram no terror e no medo para consolidar seu domínio sobre os outros tiveram sobrevivência relativamente curta. A insistência nessa estratégia intriga e obriga fazer ulteriores considerações. A sucessão de barbáries aponta para os alvos considerados inimigos preferidos desse grupo, cristãos e civis de países considerados infiéis. Enquanto brutalidades eram praticadas – e exibidos - contra indivíduos aleatórios, a reação foi de uma indignação civilizada. Bastaram, contudo, duas ousadas e hediondas ações terroristas - a derrubada do avião russo e o ataque em Paris - para o ocidente despertar e decidir reagir com o devido rigor.
Ações terroristas são corretamente definidas como atos contra a humanidade. Não é apenas um país que é atacado, mas toda uma cultura e uma história. No caso dos terroristas islâmicos está ficando claro que o ódio é contra tudo o que não cabe na ideologia radical desses grupos. O que explica a injustificável destruição de vidas, como também o igualmente absurdo assalto à patrimônios históricos, detonando monumentos milenares. Doutrinados e obcecados por este projeto, dispõem-se ir ao extremo de sacrificar suas próprias vidas, arrastando junto centenas de inocentes indefesos. Com um perigoso agravante, esse povo está se tornando hábil ao andar no escuro. Esta premissa serve como importante referência no combate a este tipo de terror. Ao mesmo tempo que se espera das principais lideranças políticas do chamado mundo desenvolvido uma ação enérgica e coordenada focada não somente em dissuadir e prevenir, mediante uso de aparato bélico, futuras ações terroristas como também prender e punir delinquentes, urge relevar, neste caso particular, o limitado alcance dessa estratégia. Numa guerra, o pior inimigo é o medo de morrer. Para destacar o horror das guerras, os romanos diziam que mães não gostam de batalhas. Emerge a nefasta inversão que esses terroristas islâmicos introduzem: eles querem morrer! E suas mães se orgulham de seu martírio! Para eles a morte é troféu! Ora, matar a quem debocha da morte representa paradoxalmente, fazer o jogo que o inimigo quer. Alimenta-se mais a perversa e fanática ideologia! Importa, sim, atacar a logística bélica desse grupo, suas bases de treinamento entendendo, porém, tratar-se de um recurso emergencial. Pois o verdadeiro inimigo não se define tanto por territórios geográficos, mas ideológicos. Ressalva-se, enfaticamente, nessas carnificinas a religião é um mero pretexto, biombo oportunista para justificar ambições pseudomísticas. Reproduzindo a precisa frase do papa Francisco: invocar Deus para justificar mortes de pessoas inocentes é uma verdadeira blasfêmia! Não é o Islã que é errado, mas a leitura radical e manipulada que dele se faz, como apressam-se a atestar várias lideranças muçulmanas. Nem todos os muçulmanos são terroristas!
Esta guerra não é convencional. Seu real campo de batalha situa-se na área da doutrina e da cultura. Considerando gasta e insípida a atual cultura ocidental consumista e julgando ultrapassada a doutrina cristã, a propaganda jihadista proclama sua leitura fundamentalista do Alcorão como a verdade única capaz de redimir e reerguer o mundo! Esta proposta unilateral e intransigente passa a constituir o dogma maior que motiva e justifica todo tipo de iniciativa, inclusive ataques covardes contra inocentes. Combater este fanatismo ideológico representa o maior desafio. Parte-se de uma vantagem relevante: o fato dos extremistas recorrerem ao pânico aponta claramente para a fragilidade da sua proposta. Insistem no terror porque reconhecem intimamente que sua causa é perdida! Responder com astúcia a esta ameaças representa, em primeiro lugar, consolidar a preciosa bandeira da tolerância. Ato contínuo, combater, com todas as energias e em todas as áreas de moral e de ciências, a pretensão da verdade única. A verdade não precisa de carnificinas para se impor! Tampouco da loucura suicida de fanáticos. Respeito, liberdade e tolerância representam contraponto imbatível à covardia do terror.
Nenhum comentário:
Postar um comentário