
Deus gosta de festas! No Livro Sagrado, inúmeras são as referências a banquetes de ricas e saborosas iguarias, regadas a vinho de melhor qualidade. Jesus confirmou com suas atitudes a aprovação divina por encontros festivos. Pelos comentários que dele se faziam, infere-se ter seguido o Mestre o hábito de frequentar boas e fartas mesas. Foi chamado, inclusive, de beberrão e comilão! Coroou as bênçãos inerentes a banquetes, estabelecendo como ritual maior da nova família de seguidores, a refeição eucarística. Fazer festa é bom. Celebrar o Natal com festas tem a tudo a ver! Em perfeita sintonia estão, portanto, as descontraídas confraternizações habituais nessa época. Na condição de bom Pai, Deus ama ver seus filhos alegres.
O que se repara, todavia, é que as festas natalinas estão se concentrando quase exclusivamente no prazer consumista. É inegável a satisfação de poder acolher bem os amigos e comprar o que agrada. Não deixa de ser sinal da benevolência divina, inclusive, poder usufruir da riqueza material conseguida com trabalho e esforço. Quando, no entanto, se praticam excessos é fácil detectar a influência de valores desordenados, como a vaidade exacerbada, o consumismo exibicionista. Patrocinar extravagâncias é indicativo de estrelado desequilibrado. Existe clara distância entre fartura e desperdício. O prazer atrelado a excessos não proporciona genuína e duradoura alegria. É imperativo, nesses ambientes, a alegria ser ruidosa, como se houvesse uma tácita obrigação de convencer os outros que se é feliz. Os adeptos dessa religião consumista cultuam a exibição, precisam aparecer. É demasiadamente pobre a alegria que precisa de holofote para ser reconhecida. É felicidade ambígua, a alegria que exige ser manchete. Sendo demasiadamente passageira e artificial não muda em nada a trajetória da história, não acrescenta luz às densas brumas do cotidiano. Mesmo a benemérita troca de presentes fica sujeita a padrões exibicionistas. Nesse compasso hedonista, presente bom é presente que impressiona, mesmo sendo de duvidosa utilidade ... quantos presentes sobram, diligentemente guardados para serem repassados mais para frente. Cortês fingimento!
Totalmente diferente é a grande alegria que acompanha o anúncio do nascimento do Filho de Deus, e que justifica as confraternizações festivas. Para começar, a narrativa evangélica do nascimento chama a atenção pelo extremo despojamento. Nada há de suntuoso no singular nascimento. A alegria repousa no invisível. Encontra-se no profundo sentido da entrada de Jesus no mundo. O Emanuel, Deus-conosco, nasce para fazer acontecer a paz na vida de todos os homens de boa vontade. A estrela conduz os magos não a um palácio, mas a uma gruta. Na simplicidade daquele casebre, no entanto, os astrólogos rejubilam porque reconhecem o novo rei e o adoram. Simeão, o velho servidor do Templo se alegra porque seus olhos veem finalmente a salvação, o surgimento de novos tempos. Todo contexto é dominado pela alegria, mas é um júbilo que, antes de ser externo, deleita a alma. Reside neste detalhe a diferença entre o prazer hedonista e a alegria verdadeira. Aquele depende das aparências, este é um bem-estar da alma que se expressa naturalmente sem a necessidade de extravagâncias. O prazer profano depende exclusivamente de condições exteriores, ambiente, ruídos, farturas. É um estado de ficar alegre. Aproveitar o máximo! A felicidade da alma segue dinâmica diversa. A satisfação não é porque se é alegre, mas por ser ocasião de felicidade para os outros. No mundo importa estar alegre. Na fé urge promover alegria. Pelos padrões do mundo a alegria é passiva. Pelos critérios divinos, a alegria é ativa, servidora. Esta sutil abordagem representa toda diferença entre a descontração profana e a alegria genuinamente evangélica. Ao extravasar sua alegria, pastores, magos e sacerdotes tornaram-se fontes de esperança perene para sucessivas gerações. Agraciados, agraciaram! Deixaram de ser meros espectadores para se transformar em arautos de boas notícias.
Faz todo sentido organizar confraternizações para celebrar o Natal de Jesus. Nas festas profanas, o impacto fica por conta das aparências e ruídos. Nas festas temperadas pela fé, o foco fica no impacto alvissareiro que o evangelho do nascimento de Jesus provoca no cotidiano das pessoas. Façam-se festas! Afinal, merece todo júbilo a fascinante entrada do Filho de Deus na história da humanidade!
FELIZ NATAL!
Feliz natal.
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