
É praxe no primeiro dia do ano, dedicado à paz universal, o Papa divulgar uma mensagem com o propósito de motivar pessoas de boa vontade a promover a paz entre as nações. A cada ano é escolhido um tema, sempre relevante, sobre o qual é preciso refletir e tomar posição. Para este ano, o Papa Francisco escolheu abordar o desafio dos migrantes e refugiados. Transcrevo trechos da mensagem do Papa, com o objetivo de convidá-lo para também refletir sobre este agudo drama que aflige o mundo moderno.
Paz a todas as pessoas e a todas as nações da terra! A paz é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos. Quero recordar os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados. São homens e mulheres, crianças, jovens e idosos que procuram um lugar para viver em paz. E para a encontrar, muitos deles estão prontos para arriscar a vida. Com espírito de misericórdia, abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, pobreza e degradação ambiental. Estamos cientes de que não basta abrir nossos corações ao sofrimento dos outros. Há muito o que fazer antes de os nossos irmãos e irmãs poderem voltar a viver em paz numa casa segura. Os governantes têm uma responsabilidade precisa para com as próprias comunidades, devendo assegurar aos seus justos direitos e desenvolvimento harmonioso, para não serem como o construtor insensato que fez mal os cálculos e não conseguiu completar a torre que começou a construir.
A razão para tantos refugiados e migrantes se encontra na infinda e horrenda sequencia de guerras, conflitos, genocídios, limpezas étnicas que caracterizam o século XX. E até agora, infelizmente, o novo século não registrou uma verdadeira viragem: os conflitos armados e as outras formas de violência organizada continuam a provocar deslocações de populações no interior das fronteiras nacionais e para além delas. Todavia as pessoas migram também por outras razões, sendo a primeira delas o desejo de uma vida melhor, unido muitas vezes ao intento de deixar para trás o desespero de um futuro impossível de construir. É trágico o aumento de migrantes em fuga da miséria agravada pela degradação ambiental. Quem não pode gozar destes direitos não vive em paz!
Em muitos países de destino, generalizou-se largamente uma retórica que enfatiza os riscos para a segurança nacional ou o peso do acolhimento dos recém-chegados, desprezando assim a dignidade humana que se deve reconhecer a todos, enquanto filhos e filhas de Deus. Quem fomenta o medo contra os migrantes, talvez com fins políticos, em vez de construir a paz, semeia violência, discriminação racial e xenofobia, que são fonte de grande preocupação para quantos têm a peito a tutela de todos o seres humanos.
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