sábado, 6 de janeiro de 2018

TERAPIA

Quais as previsões? Ambígua indagação, embora bastante comum, no começo de cada ano civil! A medida para verificar a sinceridade dos votos para um ano próspero atrela-se à disposição de empenhar-se para tornar o ano realmente bom. É ilusório esperar em energias externas para o ano ser fecundo. Muitos recorrem a várias mandingas para atrair fluidos positivos. Descontando o lado folclórico nessas simpatias, fica evidente que o ano será bom a medida que cada cidadão colaborasse com honestas iniciativas. Augurar um ano bom embute o empenho de ser correto durante o ano! De tratar o semelhante com dignidade. Um dos recursos válidos para ordenar as próprias capacitações para o bem é a busca da meditação. Esse recurso, associado a culturas orientais, é, comprovadamente, primoroso suporte. O que talvez se desconheça é que esses exercícios não são exclusividade oriental. Integram a milenar mística cristã. No linguajar místico, a pratica da meditação é conhecida também como contemplação. Contemplar representa o esforço mental para enxergar além do que aparece. Parte-se, evidente, do pressuposto de que há mais verdades nos acontecimentos, nas palavras e nos gestos do que realmente aparecem. É esta premissa que predispõe a querer aprofundar mais cada envolvente mistério, tanto na vida existencial como nas esferas espirituais. Sem este olhar penetrante fica-se na superfície dos acontecimentos. Vivencia-os, mas sem tirar deles maior proveito. É o que acontece quando se age ou se expressa meramente por hábito ou por obrigação. Nada é mais monótono, sem graça, do que participar de um cerimonial por obrigação. Repetem-se gestos e palavras de forma automática, protocolar. O ritual não passa de uma sequência de gestos nauseantes, sinal evidente que se estacionou na superfície. O enfado confirma a falta de sintonia com os propósitos do ritual, e representa, naturalmente, uma nada sutil e urgente convocação para a contemplação. Ao contrário do que parece, a contemplação envolve muito mais que um exercício de concentração mental. Pressupõe disciplina. Pressupõe determinação. Urge repetir, o ponto de partida é a certeza do que o essencial é invisível aos olhos. À imitação do garimpeiro, o contemplativo entrega-se a cavoucar. Ora, este trabalho demanda abrir mão do conforto, abandonar a preguiça. Demoram-se dias, quando não meses, para o garimpeiro encontrar o minério procurado. A prática da contemplação exige semelhante paciência e determinação. A disciplina inerente a este exercício introduz obrigatoriamente novos hábitos no cotidiano, tanto no campo material, a alimentação, por exemplo, como no campo comportamental das prioridades. Assim como o garimpo, a contemplação organiza a vida. Privilegia prioridades e subalterna acessórios. Adestra a aprimorar o foco e a moderar a pressa. Longe de ser uma atividade meramente intelectual, a contemplação envolve integralmente o organismo do contemplativo. Na contemplação, o agente experimenta um significativo salto de qualidade em sua vida. Frases e gestos que antes pareciam gastos, adquirem vitalidade luminosa. Revestidos de sentido e sentimento, passam a ser pronunciados e praticados com reverência religiosa. O contemplativo é parcimonioso e seletivo. Em sua boca, frases conhecidas adquirem sabor de novidades. Gestos comuns revestem-se de particular deferência! Diferente do incauto que vulgariza expressões e menospreza ritos. A contemplação é comprovada ferramenta para quem busca prever racionalmente o futuro. Ao disciplinar hábitos, moderar a pressa, ajustar focos, aprimorar a intuição e exercitar na humildade, a contemplação transforma personalidades. Revigoradora terapia, gera equilíbrio, harmonia e sobriedade integral. Seguro adestramento a prever positivas e progressivas energias!

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