
Conhecer-se de verdade, grande desafio! O ser humano é um mistério para si mesmo! Avançando em idade e progredindo em amadurecimento, descobrem-se qualidades antes desconhecidas. Detectam-se, igualmente, para a própria vergonha e desapontamento, falhas escondidas ou habilmente camufladas! Paulatinamente, o ser humano vai desvendando sua identidade, dependendo, obviamente, do grau de sinceridade que adota! Esse elementar raciocínio impõe correlata verdade: se nem se conhece perfeitamente, condições não reúne para emitir juízos sobre o semelhante. O conceito que se forma e se projeta sobre o vizinho repousa predominantemente em informações captadas pelos sentidos. Representam, portanto, dados essencialmente limitados e fragmentados, insuficientes para formar balizado juízo. Cometem-se precipitações nas avaliações, que causam estragos, frequentemente irreparáveis, em honras e carreiras. Comentários apressados, não raramente condicionados por preconceitos, envenenam ambientes, criam conflitos, geram clima de tensão e de desconfiança. Inúmeros são os antagonismos provocados por levianos julgamentos.
Formar opinião é inerente à condição racional do ser humano. Ininterruptamente fazem-se julgamentos e tomam-se decisões. As ambiguidades surgem em consequência das lentes que se usa para fazer leituras de situações e análise de pessoas. Uma premissa indigesta, mas indispensável, impõe reconhecer que raramente as lentes são impecavelmente limpas. Ora, filtros defeituosos e lentes embaçadas distorcem realidades, exigindo, além de uma vigilância redobrada, constante polimento. Sem periódicas revisões dificilmente se consegue ajuntar informações confiáveis e formar objetivos e honestos conceitos. Ignorando a elementar exigência de manter as lentes limpas e ajustadas ao grau correto, o julgamento que se faz do outro reflete, não raramente, os próprios desajustes e denuncia as próprias carências.
O cristão possui um recurso formidável para operar periódicas revisões em suas lentes, habilitando-o a conhecer-se progressivamente e adestrando-o a enxergar além das aparências. Subsequentemente, a tratar o semelhante com a devida deferência. Jesus, o Mestre bom, declarou solenemente que considera o tratamento oferecido ao semelhante como direcionado a si. Foi além, identificou-se com o irmão mais desqualificado, sutil recurso para universal inclusão. Ao estabelecer essa referência, Jesus instrui seus seguidores a olhar além das exterioridades e enxergar o imutável em cada ser humano. Independente de situações e atitudes, todo ser humano carrega o selo divino – façamos o Homem à nossa imagem e semelhança! Ao insistir a usar este filtro quando lida com o semelhante, Jesus, de uma maneira excepcionalmente pedagógica, induz o ouvinte a reconhecer ser ele próprio igualmente portador da impressão divina! Motiva-o consequentemente a substituir as lentes humanas, habitualmente desfocadas e/ou embaçadas, por lentes divinas. Enxergar realidades e pessoas, inclusive a si, com os olhos de Deus! Sublime postura, de imprevisíveis consequências positivas. Gradualmente purificado de preconceitos e condicionamentos, o sujeito melhora o tratamento dado ao outro, sublima sensivelmente os relacionamentos. Agressividade e desconfiança naturalmente recuam. Emergem espontaneamente respeito e consideração! Revolucionaria transformação a proporcionar reais e amplas condições para um convívio social genuinamente harmonioso. Fraterno e digno.
Ao reconhecer-se marcado pelo divino selo, o crente realça a própria dignidade e por ela se pauta ao relacionar-se com o semelhante. Ajustadas as lentes e purificado o filtro, habilita-se a enxergar além das aparências. Habitua-se a relacionar-se sempre com cuidado e reverência! Sublime postura, indispensável pressuposto para um feliz e harmonioso convívio!
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