
“Sinto que Deus está me chamando a prestar contas”! É mais uma – a mais recente – das felizes frases pronunciadas pelo maior dos atletas de todos os tempos, PELÉ! Atesta a aplicada formação religiosa recebida em família! Sim, houve época quando os pais educavam os filhos no temor de Deus! Ensinavam que Deus se fazia presente em suas vidas e chegaria a hora quando ele pediria contas pelas escolhas que se fazia em vida. É verdade, que tanto pais como catequistas apresentavam o temor de Deus carregando mais para o lado negativo. Papai do céu repara tudo que se faz, especialmente as coisas erradas e, quando chegar a hora de prestar contas, o sujeito podia se dar mal! Confundia temor com medo de Deus! Representa essa catequese estratégia ambígua de educar! Recorria-se ao medo para inculcar disciplina e motivar bons costumes. Ambígua e injusta representação divina, pois deixa a clara impressão que o Criador só repara coisas erradas. Na realidade, Deus observa, e valoriza muito, as boas iniciativas praticadas. Basta lembrar a reação de Jesus quando observou a viúva que depositava no tesouro do Templo as poucas moedas que possuía. Observou e elogiou! Reparou e aproveitou para ensinar que para Deus o que mais vale é a sinceridade do coração. Ensinamento parecido passou Jesus quando lembrou que mesmo um copo de água dado com carinho não passa desapercebido. Na hora de prestar contas, as boas ações também contam e terão, certamente, mais peso que as escolhas erradas. A caridade apaga muitos pecados!
Emerge, então, o sentido autêntico de educar e educar-se no temor de Deus. Em seu sentido bíblico, temer a Deus representa aproximar-se dele e de suas criaturas com a máxima reverência. Esta postura induz a compreender a vida como preciosa dadiva vinda do Criador a ser, consequentemente, preservada e promovida. Educado no temor de Deus, o cidadão guarda e cultiva um profundo respeito pela vida, própria e a dos outros. Compenetrado das inúmeras bênçãos generosamente cedidas aplica-se em preservá-las com diligência e, ato contínuo, usar-se delas para beneficiar o semelhante. A virtude do temor de Deus domestica o impulso egocêntrico! Não é sem razão que o livro sagrado coloca o temor de Deus como preciosa fonte de sabedoria. Educado no temor de Deus, o cidadão reconhece-se privilegiado por tantos predicados recebidos, tanto em âmbito pessoal como coletivo e, agradecido, empenha-se em multiplicar o que graciosamente recebeu. Atento, todavia, em não transformar o bem praticado em promoção pessoal, em ocasião para ufanar-se. Moldado no genuíno temor divino, o temente a Deus não permite que sua mão direita saiba o que faz a esquerda! O temor gera reverência! A reverência induz à admiração. A admiração leva à preservação! A preservação inspira o cuidado. O cuidado leva ao cultivo. O cultivo favorece o crescimento e a partilha! A partilha abre caminho para a gratidão! A gratidão promove a humildade!
Enormes vantagens gera para o cidadão e a sociedade o cultivo do genuíno temor de Deus! Ciente, como PELÈ, que um dia se será chamado a prestar contas de suas escolhas, cuidará o cidadão de apresentar-se confiante diante do Criador com as mãos cheias de boas obras! O que dá acesso ao céu, afinal, não são mãos limpas, mas mãos cheias de gestos caridosos!
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