sábado, 7 de janeiro de 2012

Artigo da Semana (6)



VOAR  ALTO


Em pauta estão os jovens. Sempre ocuparam, na verdade, destaque na agenda das grandes instituições. A juventude atrai muitos olhares. Claro, com interesses variados, nem sempre honestos. O comércio, por exemplo, os olha como segmento privilegiado de consumo. E os usa como isca. Afinal, juventude é vitalidade. É beleza! Tudo o que se identifica com jovens exala energia. E potencial faturamento. Com uma esperta associação de conceitos, as agências de publicidade atrelam o vigor da juventude ao consumo de bebida alcoólica e projetam jovens saudáveis dispostos a qualquer ‘arte’ para não ficar sem a latinha da grife predileta. Uma estratégia que está dando certo, pois aumenta, a olhos vistos e perigosamente, o consumo de bebida alcoólica entre a geração jovem. O marketing festeiro faz parte da estratégia, pois não permite ao incauto cidadão refletir o que representaria o futuro do país se a maioria dos jovens se tornasse dependente da bebida alcoólica. Para o mercado o presente é que interessa.
 Todo cidadão experiente e bem intencionado, porém, percebe o perigoso sofisma embutido na doutrina que exalta o prazer imediato. Juventude não é somente presente. Juventude é, primordialmente, futuro. Em todos os campos da vida, os jovens representam futuro. E um futuro não somente individual, mas também coletivo. Os dirigentes políticos e executivos do futuro crescem e se formam em meio da atual juventude. Toda instituição que se considera séria e bem intencionada investe alto para formar jovens, como também para alertá-los contra insidiosas promessas. Toda organização respeitável, como também toda família, cultiva um saudável ciúme de seus jovens. Enaltece e dá suporte a iniciativas que investem na educação do jovem. Jovem bem formado, em qualquer departamento da vida, é garantia de um futuro exitoso, tanto no campo individual como coletivo.
Oportuna se faz, portanto, a mensagem do Papa Bento XVI por ocasião do Dia Internacional da Paz, ao associar a paz à educação dos jovens. Apela o Santo Padre para que se invista generosamente na educação do jovem para a paz. Ora, educar, como bem lembra o Papa, não é transmitir conceitos. Educa quem se presta a ajudar o outro a sair de si e ir ao encontro da realidade. Um processo que transforma não somente o educando, mas também a realidade. Educa para a paz quem se dispõe a ajudar o outro, no caso, o jovem, a abandonar a estreita visão subjetiva e hedonista de bem-estar, para sair em busca de um progresso que seja vantajoso para si, mas também para a coletividade. Claro, este processo não exclui nem censura os divertimentos peculiares dos jovens. A euforia, o ruído, a extravagância, a ousadia integram a fase juvenil e jamais deverão ser tolhidos. Reprimir a tagarelice é tão nocivo quanto ignorar a inversão de valores. Equivocados estão os jovens quando estacionam em fantasias consumistas. Equivocados estão os jovens quando imaginam que sua realização depende de mercadorias externas. Mais equivocados ainda são os agentes, pais e educadores, que se omitem ao perceberem a penetração de perniciosas inversões de valores. Governos, escolas, igrejas, pais não podem ficar indiferentes diante deste covarde assédio consumista, hedonista, licencioso que embaralha a cabeça juvenil. Muitos são os agentes que perversamente iludem os jovens, deles se aproximando para explorar sua ingenuidade e aproveitar-se de seu inocente entusiasmo. Juventude é também faturamento!
Educar é marcar presença. E marcar presença significa caminhar junto. Significa dispor-se. E expor-se. Toda caminhada é reveladora. Expõe limitações e fraquezas. Mas revela também valores positivos, opções coerentes. São essas convicções que tornam carismático o educador, gozando de natural ascendência sobre os jovens. Sua tranqüila liderança os cativa e dá a eles segurança e confiança. Os jovens não querem lideres perfeitos, mas cobram coerência. Educar é fascinante. Mas é também exigente e desafiador, porque repousa não tanto em sabedoria ou cultura, mas no testemunho de uma opção clara e decidida a ponto de estimular os jovens a querer sair de si, vencer o medo e voar alto. Na cultura da paz educados, os jovens são presságio de perene progresso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário