Reflexões para crescer no amor a Deus, no amor aos irmãos e fortalecer-se na fé cristã.Viver, em suma!
sábado, 17 de março de 2012
ARTIGO DA SEMANA (15)
DIVINA DÁDIVA
Pe. Charles Borg (18.III.2012)
Ninguém é padre para si mesmo. A graça do sacramento da Ordem é, primordialmente, eclesial. Visa o crescimento e o fortalecimento da comunidade. Desde os primórdios da sua jornada missionária, Jesus cogitou formar comunidades que fossem pela simples presença veículos de evangelização, á semelhança de cidades construídas sobre montes. Na derradeira refeição que partilhou com seus discípulos, o Mestre recorreu á figura da videira para reforçar o tipo de vida comunitária que esperava ver praticado por seus seguidores. Nesta videira, propriedade do Pai, o tronco único é Jesus, os demais são ramos. Enxertados no mesmo tronco, todos os ramos partilham da mesma seiva. Vocês todos são irmãos, amava dizer Jesus. Os primeiros cristãos captaram bem esta proposta central de Jesus, tanto que faziam questão de apresentar-se sempre unidos como se fossem um só corpo e uma só alma. Reverberava, certamente, em seus corações e mentes a comovente súplica que Jesus ao Pai dirigiu ao final da Ceia Pascal: que sejam perfeitos na unidade para que o mundo creia que tu me enviaste. Inseridos na realidade do mundo, os discípulos operam uma sutil, mas substancial transformação de dentro para fora, à semelhança do fermento que leveda a massa.
Quando chamou os primeiros discípulos, Jesus cuidou de dar-lhes direção. Disse aos primeiros apóstolos que passariam a ser pescadores de homens. O chamado a segui-lo embutia a explícita dimensão missionária. Na companhia de Jesus cada discípulo colocaria suas aptidões para fazer o Reino acontecer. Quem era pescador, empregaria seus conhecimentos e habilidades de pescador a serviço do Reino. O mesmo faria o agricultor, o pastor, o ecônomo, o orador. Coerente e perspicaz, Jesus foi compondo um grupo diversificado de lideranças, para que no conjunto, o grupo marcasse eficaz presença em todas as áreas da vida humana, operando no convívio social um substancial salto de qualidade. Ao congregar pessoas e ao motivá-las a viver fraternalmente, o sacerdote exerce não somente um excelso ministério eclesial como também uma oportuna e urgente tarefa cidadã. Não há nada mais evangélico do que o exemplo de uma comunidade que vive a autêntica fraternidade. Igualmente, não existe contribuição cidadã mais valiosa e necessária que motivar as pessoas a viverem em concórdia, pacificamente. Os valores do evangelho somam. Contribuem admiravelmente para que o convívio social experimente um salto de qualidade. Operação que se realiza silenciosamente, sem vistoso alarde. De dentro para fora, a moda do sal que tempera o alimento. Reza a Igreja para que o povo de Deus, neste mundo dilacerado por tanta discórdia e divisão, brilhe como sinal profético de unidade e de paz!
O ministério sacerdotal não é profissão. É opção que, à semelhança da maternidade, provoca obrigatoriamente uma nova configuração na vida do sacerdote. O sacerdote vive para formar comunidades de irmãos. É a essência do Evangelho de Jesus Cristo! Esta característica de generosa doação ao rebanho implica uma reversão hierárquica. O sacerdote da Nova Aliança é essencialmente um servidor. Exigência que mesmo os amigos de Jesus custaram a assimilar, a ponto de disputar entre si posições e privilégios. Repetidas vezes, Jesus viu-se obrigado a parar em sua jornada, reunir os apóstolos e pacientemente explicar-lhes que o Reino, em todas as suas manifestações, obedece a uma lógica diferente da do mundo. Se no mundo, quem é importante ocupa lugar de destaque, no Reino, quem quer ser o primeiro, deve ocupar o último lugar e aja como servidor de todos. E para mostrar que seu discurso não era demagogia, Jesus tratou de dar exemplo. Rebaixou-se e colocou-se como o último de todos, com tanta convicção e consciência que, desde então, ficou impossível tirar de Jesus o último lugar! Por mais que se esforce, ninguém consegue servir como Jesus serviu. Sempre há espaço para servir mais e melhor.
Ordenado, o sacerdote coloca conhecimentos, aptidões e energias a serviço da fraternidade. Ao exercer com fidelidade seu ministério sacerdotal, o padre executa não somente uma sublime função eclesial. Como também contribui com uma primorosa iniciativa cidadã. Bons padres são divina dádiva!
WWW.pecharles.blogspot.com charlsbg@terra.com.br
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