sábado, 5 de maio de 2012

ARTIGO

BENDITA ENTRE AS MULHERES Nos evangelhos Maria marca presença! Com mais ou menos destaque, os quatro evangelistas registram a sua atuação discreta, mas decisiva. Tipicamente feminina. Os registros se alimentam de um dado básico, fundamental na obra da salvação, ela está presente na vida de Jesus na condição de mãe. Esta qualificação a torna inseparavelmente ligada à pessoa e à missão de Jesus. Maria não foi ‘ventre de aluguel’. Foi graças a uma decisão livre sua que Jesus nasceu. Esta livre opção de Maria, não imune a riscos, confirma outra verdade fundamental na obra da salvação da humanidade. Jesus ao ser concebido no ventre de Maria assumiu a totalidade da condição humana, menos o pecado. Conhece-se o risco que ela correu ao aceitar ser mãe sem a intervenção masculina. Podia ser denunciada e rejeitada por José, e, subsequentemente, condenada ao apedrejamento. Tão consciente desse risco estava, que interpelou o anjo acerca da estranha gravidez. Ao entender, no entanto, que aquela concepção singular fazia parte de um maravilhoso plano de Deus, consentiu consciente e livremente, confiando na providência divina que jamais envergonha quem nela depositasse a esperança. E o Criador não a decepcionou. Cuidou de instruir José a respeito do mistério em que sua amada estava envolvida. Entendeu o justo e íntegro noivo tratar-se de um inefável projeto divino e aceitou assumir o papel de coadjuvante, indispensável todavia, neste formidável projeto de salvação. Ambos, companheiros e cúmplices, fecundados pelo Espírito Santo de Deus, cultivaram um dos mais sublimes segredos de toda a história humana. Atiça a imaginação o teor das conversas do casal tão singularmente privilegiado e abençoado! Maria, inegavelmente, é um sinal eloqüente do significado e das conseqüências da ação do Espírito Santo no ser humano. Contemplando as atitudes de Maria, chega-se a entender a estratégia da ação do Espírito. Acolhido com fé, o Espírito de Deus fecunda o coração humano. No caso de Maria, esta fecundação chegou ao sublime patamar da encarnação! A Palavra de Deus – Jesus Cristo – tomou forma humana no ventre de Maria. Ela colaborou diretamente na formação carnal da Eterna Palavra. Ao se fazer dócil ao Espírito, Maria acolheu a Palavra, a alimentou e a apresentou como Caminho, Verdade e Vida. Maria ensina que ao acolher respeitosamente o Espírito Santo, a Palavra cresce e, sem nada perder de sua originalidade, toma as feições do fiel receptor. Não seria totalmente fora de cogitação assumir que Jesus, fisicamente, era parecido com Maria. Da mesma forma, e respeitadas as diferenças, cada pessoa que recebe o Espírito, testemunha Jesus de acordo com suas aptidões e capacitações. Jesus assume a cara e a cor de quem se deixa fecundar pelo Espírito. Formidável mistério! São os carismas que ornam cada pessoa humana. Dócil ao Espírito Santo o ser humano saberá colocar esses carismas à serviço da coletividade, da mesma forma que Maria concebeu e deu a luz seu filho, não para tornar-se dele dona, mas para que Ele levasse até a consumação o desígnio do Pai em favor da humanidade. Presume-se que Maria, a semelhança de todas as mamães, quisesse que Jesus ficasse mais tempo com ela. No entanto, servidora fiel, como ela mesma se definiu, abriu mão de suas prerrogativas e deixou que Ele completasse a missão redentora. Maria, inegavelmente, é legitimo modelo para o verdadeiro crente. Ao descrevê-la como servidora de Deus, o evangelista mostra que servir ao Altíssimo significa abraçar com consciência e abnegação suas causas. Maria compreendeu que a proposta de Deus era a salvação da humanidade, a dar-se segundo originais e inusitados padrões divinos. Era preciso ajustar o catecismo no qual foi criada. Nesta tarefa, novamente, se projeta como modelo para o autêntico crente. O evangelista a descreve como mãe que guarda no coração as graduais e constantes revelações que se sucediam na vida de seu Filho. Presume-se que não compreendia tudo na hora, mas confiava que um dia chegaria a entender. Assim, ao invés de interferir, preferiu acompanhar, meditar e confiar! Subestimar a importância de Maria na obra redentora é arbitrário preconceito. Crente por excelência, ela é a discípula aplicada. Merece plenamente o elogio registrado na Palavra: é a bendita entre as mulheres, porque acreditou.

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