sábado, 12 de maio de 2012

ARTIGO

EME E ENE A letra M é seguida da N. Explicam os filólogos que a letra M é uma evolução do MU egípcio, que por sua vez representa, na escrita hieróglifa, as águas e, por derivação, a mãe. A letra N é também uma evolução do egípcio NEN, representado por um único risco ondulado nos gráficos antigos, indicando peixe, filho. Confirmam os filólogos um dado curioso, na maioria dos alfabetos conhecidos, inclusive os mais antigos e primitivos, o N segue inseparável do M. A grafia insinua a espontânea associação entre maternidade e procriação. Esta íntima sequência fica mais incisiva ao consultar dicionários de Simbologia e encontrar sob o verbete MU seus diferentes derivados nas culturas e mitos antigos; matriz universal, água-mãe, ovo do mundo. A evolução da escrita confirma a natural e íntima ligação entre mãe e filho. Nada a estranhar que uma das primeiras palavras balbuciadas pelos bebês é justamente MA. Compreensível, igualmente, fica porque em quase a totalidade dos idiomas o verbete a designar a progenitora começa com a letra M. Mãe é sinônimo de geração de vida. Mãe e filho são inseparáveis! Este dado aparentemente elementar e gratificante passa, hoje, por uma controvérsia racional aguerrida. Curiosamente, patrocinada por mulheres. Pois ao defender o direito ao aborto, a mulher, amparada em argumentos parciais, quer ignorar a íntima e vital ligação que a une à prole. O argumento mais comum apresentado para justificar a interrupção da gravidez fundamenta-se no direito à liberdade. A mulher pleiteia como exclusivo direito seu, decidir se quer ou não dar prosseguimento à gravidez. Valido seria o argumento se o direito da grávida não conflitasse com o direito do outro, no caso, do feto. Este também tem direitos, embora não possa defendê-los! Ciente desta, e de outras situações semelhantes, uma jurisprudência tácita e universalmente aceita ensina que o mais fraco goza sempre da maior proteção da lei. Não obstante, apela a mulher pelo direito que possui sobre o próprio corpo. Convincente seria este novo argumento se se ignorasse que o nascituro é um ‘outro’. Está abrigado, sim, no corpo da mãe, mas é outro ser. Ao decidir-se pelo aborto, a mãe não delibera sobre o próprio corpo, mas sobre um corpo alheio. Unilateralmente decide o destino de um outro ser! Emerge na discussão uma triste e grave distorção, a redução da gravidez a um processo meramente biológico. O ventre materno, nesta perspectiva, não passa de um provisório abrigo. O feto, um inquilino, totalmente dependente dos humores da patroa! No ser humano, a relação mãe/filho não é apenas vegetativa. É afetiva. É psíquica. Alega ainda a mulher, defensora da legalização do aborto, razões de saúde pública. Sutil sofisma, pois ao posar como defensora da saúde física, a mulher finge ignorar e subestima a saúde afetiva e psicológica. Não reconhecer na defesa do aborto voluntário uma clara agressão a tudo que representa a identidade feminina indica uma total, e grave, subversão de direção. Emerge, nesta polêmica, outro dado preocupante. A realidade da maternidade, e do ser feminino, anda contaminada pela tendência de fragmentação peculiar à sociedade moderna. No pensamento moderno, às ‘partes’ querem se igualar ao ‘todo’. Pleitos individuais, casos excepcionais, reclamam status de direitos adquiridos, aplicáveis linearmente para todas as situações. Provisoriamente, as conquistas emocionam, irrompem barreiras. Suas conseqüências reais, porém, só poderão ser avaliadas com o passar dos anos. A natureza devolve, e com juros, descasos e desrespeitos. Direitos derivados não podem subestimar nem ignorar processos naturais e universais. Na questão do aborto, ao se posar de dona a mulher reduz o seu bebê à condição de inquilino! Perde o encantamento pelo singular privilégio de gerar vidas. Deixa de reverenciar a vida como dom e passa a tratá-la apenas como mais uma função biológica. Um tremendo de um retrocesso. O M renega a secular associação com o N e dele se afasta. A escrita primitiva, leia-se a percepção humana, compreendeu a fortíssima ligação entre a maternidade e a prole. Metodologicamente, eternizou esta dependência na sucessão alfabética. Estranha inteligência humana, que nem cogita mexer na sequência alfabética, preserva a linguagem simbólica, mas busca renegar sua natural inspiração. FELIZ DIA DAS MÃES! WWW,pecharles.blogspot.com

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