sábado, 23 de junho de 2012

ARTIGO

CONVICTO AMBIENTALISTA Místico é ecoamigo! Entende o asceta que quanto mais o Homem se aproxima de Deus mais amigo da natureza fica. Deus e a natureza são realidades inseparáveis. É verdade, alguns acadêmicos se empenham em desassociar as duas realidades. Argumentam ser subjetivo e sem fundamento cientifico o conceito que liga a natureza à Deus. Controvérsias à parte, é inegável, todo grande místico, cristão ou não, foi, e é, um grande propagador de hábitos irrepreensivelmente ecológicos. No dia 24 de junho a Igreja Católica celebra o nascimento de João, o Batista, que pode ser considerado, com alguma indulgência, o primeiro expressivo místico da era cristã. Tinha por missão excelsa preparar a mente e o coração dos contemporâneos a acolher o Messias. Resolveu adotar uma vida asceta, seguindo uma dieta que faria vibrar o mais ardoroso defensor de produtos naturais. Em linguagem moderna, João Batista não seria somente um assumido vegetariano, mas, acima de tudo, um convicto anticonsumista. Um genuíno ambientalista! Coincidem, curiosamente, as principais bandeiras do místico e do ecologista centrado, embora sob motivações diferentes. Defendem e promovem uma alimentação sem ingerências químicas e artificiais e desdenham do consumo exacerbado, comprovado vilão da depredação e do esgotamento da natureza. O místico e o ambientalista são parceiros naturais, trilhando o mesmo caminho, orientados, embora, por catecismos diferentes. Na realidade, o amor a Deus e o respeito pela natureza fazem do místico e do ecologista respectivamente arautos privilegiados de uma tese comum: ao amar a natureza o ser humano manifesta um genuíno amor por si mesmo e um profundo respeito pelo semelhante. É tese aceita universalmente, não é natureza que precisa do homem. É este quem precisa dela. Assim como não é Deus que precisa do homem. É este que depende do Criador. Quando o homem entender e assimilar essas fundamentais verdades a sua visão e o seu relacionamento com Deus e com a natureza passam por uma mudança radical. Ao amar e servir a Deus o homem não faz nenhum favor ao Criador. Este subsiste muito bem sem o ser humano. Ao contrário, quando se submete a Deus, o homem chega à vida plena! Da mesma forma, ao respeitar e preservar a natureza, o ser humano não estará fazendo nenhum favor à criação. Esta também subsiste muito bem sem o homem e possui admirável reserva para regenerar-se face aos incontáveis intempéries e agressões. Em contraposição, quando aprender a respeitar a natureza, o homem assegura não somente uma subjetiva subsistência saudável, mas se transforma num privilegiado vetor de integração e equilíbrio. A história confirma essas grandes verdades. Viver em sintonia com a natureza representa, na verdade, um sensível salto de qualidade na vida, não somente no campo físico como também no campo espiritual. Jesus instigou seus discípulos a aprenderem com os lírios do campo e com as aves do céu. Causa pena quando essas realidades elementares são transformadas em teses ideológicas. Neste contexto o debate perde lucidez e serenidade. Ao invés de priorizar o bem universal que uma postura ecologicamente correta ou uma mística saudavelmente orientada provocam, estaciona-se no preconceito. Os progressistas se vacinam contra os verdes, e os racionalistas se posicionam contra os místicos. E vice-versa. Este antagonismo preconceituoso, aliado à políticas nacionalistas como também à evidentes interesses econômicos de multinacionais, é certamente uma das razões principais porque as delegações internacionais demoram tanto para chegar a consensos básicos acerca de atitudes e posturas a serem adotadas na preservação do meio-ambiente. Patente está que nações influentes e indústrias poderosas receiam perder privilégios ao lutar para garantir ilusórias vantagens. Está mais do que evidente que na atual sociedade global desenvolvimento sustentável só é possível, e genuíno, quando houver uma autêntica e abrangente inclusão social. Fora disso, toda manifestação oficial e política é tão somente retórica. A memória do nascimento de João Batista evoca o místico que, a seu modo, portou-se como um convicto ambientalista. Comprova igualmente a histórica verdade, mudanças expressivas sempre dão-se de baixo para cima. WWW.pecharles.blogspot.com.br

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