domingo, 1 de julho de 2012

ARTIGO

AFINIDADE ESPIRITUAL O mês de junho lembra as festas juninas. E as festas juninas evocam santos populares reverenciados na liturgia católica e na piedade popular. Dar destaque a santos causa desconforto nos irmãos evangélicos. Embora explícita seja a vocação para a santidade, os nossos irmãos evangélicos consideram impróprio e indevido o culto aos santos, uma vez que se deve adorar somente a Deus. O desconforto, portanto, não está na feliz realidade de existirem pessoas que levaram à sério o chamado para a santidade, mas no culto a elas prestado. Na defesa da adoração exclusiva a Deus os evangélicos estão certos e, ratifica-se, na mais plena comunhão com o catecismo da Igreja Católica. O ensinamento tradicional católico jamais estimulou os fiéis a substituírem Deus pelos santos. Seria um absurdo sem fim relegar Deus, ou mesmo o Senhor Jesus, a um plano inferior aos santos. Denunciaria um inadmissível equívoco reverenciar mais o remido que o próprio redentor! Somente quem não conhece a doutrina católica poderia acusar a Igreja de tamanho despropósito. Ou então, quem se deixaria influenciar por arbitrários preconceitos. É verdade que existem exageros por parte de alguns devotos. Condenar, todavia, a comunidade católica por conta desses exageros é, francamente, uma infundada injustiça. Igualmente sem fundamento é a difusa censura contra os católicos por adorarem imagens. A exposição de imagens integra a cultura universal. Em qualquer lugar do mundo encontram-se bustos e monumentos reproduzindo figuras ilustres na história dos respectivos povos. Ao reverenciar a memória desses heróis com apropriadas homenagens em datas particulares o espírito patriótico busca reavivar os valores cívicos que caracterizaram suas vidas e os propõem como estímulo aos demais cidadãos. Não passa pela cabeça de ninguém considerar essas reverências como idolatrias. Alguns pregadores mais entusiastas censuram a atitude de fiéis ao ajoelharem-se diante de imagens. Ou mesmo ao acenderam velas em sua homenagem. Exageros à parte, esta forma de reverenciar representa tão somente a estima que o devoto guarda por seu santo de admiração. Nem de longe passa pela cabeça, ou pelo sentimento do fiel, estar substituindo Deus, ou nosso Senhor Jesus Cristo, pelo santo ou santa de devoção. Urge, portanto, conhecer melhor as raízes católicas e purificar conceitos para evitar desnecessários conflitos. Lembro-me de uma jovem que aflita perguntou-me se era obrigada a cultivar devoção por algum santo, uma vez que sentia-se muito ligada a nosso Senhor Jesus Cristo. E sentia-se bem assim. A tranqüilizei e incentivei-a a prosseguir em seu caminho. Os santos no céu são como amigos. Amizade, como se sabe, brota de espontâneas admirações. Ao conhecer a vida e as virtudes de uma dessas ilustres figuras da enorme família de discípulos é possível que alguém se sinta particularmente identificado com ela. Enxerga nela um estímulo, um exemplo para caminhar com mais firmeza nos passos de Jesus. Surge assim a devoção, que nada mais é do que uma afinidade espiritual com um irmão/irmã que já está na glória do céu. Como conseqüência natural dessa afinidade emerge um salutar hábito de recorrer ao santo em situações de particular necessidade. Novamente, alguns evangélicos estranham o apelo à intercessão dos santos. Dizem que somente a Deus deve-se orar. O que é correto, sem dúvida. No entanto, em situações difíceis costumamos apelar aos amigos próximos para que intercedam junto conosco e por nós. Ora, se se pode pedir que um amigo ou parente na terra faça oração por nós, que mal há solicitar a intercessão do amigo que já está contemplando a face de Deus? Não seria esta, afinal, uma expressão singela de comunhão eclesial? O culto aos santos, quando corretamente entendido e vivido, é um reforço a mais na busca de uma vivência evangélica mais fiel. Os evangelistas registram preciosos encontros de pessoas que foram apresentadas a Jesus por amigos. Cultivar afinidade com figuras que comprovadamente amaram e serviram ao Mestre com fidelidade é, certamente, um precioso estímulo para manter viva a fé e perseverar no caminho do bem. WWW.pecharles.blogspot.com.br

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