sábado, 5 de janeiro de 2013

VIAJAR LEVE

Tortura é preparar mala para viagem! De um lado você não quer carregar muita coisa. De outro, a apreensão de vir a precisar de algo que não esteja á mão. E lá vai você abarrotando a mala com tanto acessório supérfluo que, além do desconforto em carregar, torna a viagem tristemente arrastada. Gasta tempo para arrumar e desarrumar. Desperdiça energia para carregar e acomodar, impedindo um maior prazer e aproveitamento na viagem. Como é bom viajar leve! Como é difícil, também! O começo do ano pode ser tranquilamente comparado aos preliminares para uma viagem. A maioria das pessoas se articula para enfrentar o ano, adestra-se em busca de sucesso e realizações. E começa a providenciar o que considera necessário para atravessar os doze meses de um jeito proveitoso e feliz. Emerge o drama da mala! Na ânsia de cuidar que nada falte, cai-se no equívoco de abarrotar tanto o pensamento que fica até difícil sair do lugar. A esperança perde espaço para o desânimo. Antes mesmo da viagem começar, o sujeito já se percebe desmotivado, duvidando seriamente se conseguirá chegar até o fim, tão pesada e exigente a carga. Hesitante, prefere a medíocre rotina. Ao convocar os primeiros discípulos, Jesus deixou claro que pretendia enviá-los numa viagem nada fácil. Antes de soltá-los pelo mundo para anunciar o Evangelho da salvação, Ele frisava um detalhe, importava viajar leve. Sábio orientador, o Mestre dedicou-se a convencer seus amigos, primeiramente, quanto ao objetivo da viagem. Não estavam saindo à passeio nem em busca de projeção pessoal. Nenhuma necessidade havia de impressionar pela aparência. Sua jornada tinha como meta principal convencer o maior número de pessoas da boa notícia da salvação. Precisavam, pois, viajar leve. Sem bolsa, sem duas túnicas. Apenas com sandálias e cajado, acessórios indispensáveis para não se esgotarem na caminhada. Nem com comida precisavam preocupar-se. O evangelizador certamente encontraria quem reconhecesse seu esforço. Os primeiros discípulos seguiram com fidelidade a orientação do Mestre e encontraram êxito em sua jornada missionária. Examinando a história confirma-se, sempre que as recomendações do Mestre foram seguidas á sério, a meta missionária ficou satisfatoriamente realizada. Em contrapartida, quando ignorados os conselhos de Jesus, a mala da evangelização ficou tão cheia de produtos de ambígua utilidade, que o resultado final apresentou pífios avanços, descaracterizando por completo a alvissareira notícia. Ao perder-se o ideal da missão, passa a ocupar-se com assuntos paralelos, dando a esses tópicos secundários e passageiros exagerada importância. Os supérfluos vão abarrotando a mochila, tornando arrastada a viagem, privando-a de alegria e de entusiasmo. As orientações do senhor Jesus aplicam-se tranquilamente para a jornada do ano que está começando. Viajando leve, aumenta substancialmente a probabilidade de chegar ao destino almejado. Urge, claro, definir metas! Contraproducente é multiplicar destinos. Ao definir as poucas e relevantes prioridades, passa-se a selecionar as ferramentas indispensáveis para conseguir satisfatoriamente as propostas escolhidas. É preciso ter visão e coragem para deixar de lado acessórios desnecessários, que somente servirão para aumentar a carga e atrasar o ritmo da viagem. Importa ainda tomar consciência que não é somente a carga exterior que transtorna o compasso da viagem. Causam consideráveis protelações sentimentos pesados alojados no interior do coração e da mente, como rancores, ressentimentos, preconceitos, ambições desmedidas. Exigências e imposições em excesso também atrapalham. Sombras na alma pesam mais que carga na mão e costumam complicar seriamente os rendimentos na jornada. Com coragem e decisão delas também precisa-se livrar ao pretender caminhar resolutamente em direção às metas estabelecidas. Encarar o ano novo com otimismo é fundamental para transformá-lo em uma viagem de realizações e sucesso! Recomenda-se sabiamente viajar leve. Carga pesada, não importa se na alma ou na mala, atrapalha o ritmo e põe em risco o êxito almejado.

Um comentário:

  1. Uma eloquênte verdade. Carregamos sempre mais do que precisamos. Seja de bens materiais ou de fundo emocional, tais como anseios, medos, dúvidas, angústias.

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