
Reflexões para crescer no amor a Deus, no amor aos irmãos e fortalecer-se na fé cristã.Viver, em suma!
sábado, 3 de agosto de 2013
PLANTAR FLORES
PLANTAR FLORES
Alentadora visita! É a síntese do caráter marcadamente pastoral e fraterno que o Papa Francisco conferiu à sua primeira viagem internacional na condição de líder maior dos católicos. Sua gestão, desde que foi eleito papa, já vinha chamando a atenção pelo espontâneo empenho de desassociar a figura do papa de todo contexto monárquico acumulado ao longo dos séculos. Não se trata, evidente, de condenar mentalidades passadas. Trata-se, sim, de percepção sutil de que a Igreja precisava, com urgência, retocar sua imagem. Reiteradamente disse o Papa, em sua alentadora passagem pelo Brasil, que a Igreja precisa recuperar a alegria, condição indispensável para voltar a colocar-se mais próxima das pessoas. Palácios, tronos e pompas pouco contribuem para aproximar a igreja do povo. Justiça seja feita, na América Latina, grande é o número de bispos e de padres que, incomodados com protocolos e ostentações, têm optado por levar uma vida mais simples, mais próxima à realidade do povo. Esta postura de apresentação e de estilo mais modestos contribui sobremaneira para um exercício pastoral mais eficaz e mais fraterno.
Ao refletir sobre o conjunto da viagem, emerge uma mensagem, ao mesmo tempo, simples, mas de extrema atualidade em nossos tempos. O Papa quis dar à sua viagem o caráter de uma visita. Com tocante simpatia pediu licença para entrar no coração das pessoas. Coerente, dispensou a blindagem do papamóvel. A blindagem asseguraria sua integridade física, mas impediria que sentisse o ‘cheiro do povo’, para usar uma expressão que lhe é querida. Optou pelo contato próximo, o aperto de mão, o abraço, a cuia do chimarrão. Ao seguir este estratégia, o Papa evoca mensagem eminentemente bíblica e teológica: o projeto da salvação da humanidade se concretiza por meio de uma sequência contínua de visitas que Deus faz a seu povo. A visita maior, a expressão cabal, desta inefável vontade de atrair a humanidade, dá-se com a encarnação do Filho Unigênito. Inspirado, Zacarias, ao louvar a Deus pelo nascimento do Precursor, declara que a promessa de salvação havia chegado a sua plena realização porque Deus visitava o seu povo. E ao longo da jornada missionária na Palestina, sempre que Jesus operava favores em benefício das pessoas, a multidão repetia, como se refrão fosse: Deus visita o seu povo. Com pastoral intuição e natural afabilidade, o Papa Francisco fez questão de se apresentar como visita, despretensioso peregrino a anunciar Jesus Cristo.
A sensibilidade da população rendeu-se pronta e entusiasticamente à simpática visita. Portas se abriram, especialmente de corações. Emerge, a partir desta grata e descontraída euforia de encontro, o terrível drama que tortura o homem moderno: a solidão e o abandono. As pessoas têm sede de afeto. Enorme é o contingente de pessoas que se sente abandonada. Esta percepção de esquecimento e de indiferença diante de tantas urgências foi, sem dúvida, um dos principais motivos a levar centenas de milhares de pessoas às ruas para protestar e exigir mudanças. Os cidadãos querem líderes humanos não burocratas. É a razão fundamental porque multidões, jovens principalmente, privaram-se de básicos confortos e enfrentaram não poucas dificuldades para encontrar-se com o Papa. Perceberam em sua pessoa alguém que lhes veio dar atenção. Esta carismática presença ultrapassou fronteiras. Centenas de milhares de pessoas, ao redor do mundo, acompanharam pela TV, emocionaram-se e sentiram-se confortadas pela modesta, mas vigorosa, presença do Papa Francisco. Ao conclamar a Igreja para sair às ruas, para ir em busca de pobres, o Santo Padre intui que a porta de entrada para a alma do homem é a solícita atenção. O evangelizador precisa ser, antes de tudo, humano! A lição mais contundente do Papa Francisco não foi passada por discursos, mas pela postura sincera de amigo visitante, sem pretensões, disposto, contudo, a deixar, como lembrança, precioso e duradouro presente: Jesus Cristo.
Se você deseja atrair borboletas plante flores, diz o ditado popular. Com cativante simplicidade, o Papa Francisco conclama todos, a Igreja em particular, a ocupar-se em plantar flores. As borboletas naturalmente aparecerão.

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