
É próprio ao homem dar preferência à tarefas que à pessoas. Integra o jeito masculino de ser esta tendência de dedicar maior importância ao trabalho, à produção. Reflexo evidente desta inclinação para o racional é o fato de o homem pouca importância dá a datas, a nomes e a outros detalhes. Esta tendência, possivelmente, remonta a tempos primitivos quando era assumida como tarefa primordial masculina o sustento da família. Responsabilidade masculina era caçar e prover. Das crianças e da cozinha cuidavam as mulheres. A sociedade evoluiu. Os desdobramentos culturais, no entanto, persistiram. Delega-se implicitamente a responsabilidade pela educação e pelo acompanhamento dos filhos à mãe. Teoricamente o pai reconhece sua obrigação de participar na educação dos filhos, no entanto, basta reparar na reduzida presença de homens em reuniões escolares ou do catecismo para concluir que na prática a teoria é diferente. Quando se solicita a presença de genitores, são as mães que, geralmente, atendem. Mesmo ocupadas com as múltiplas tarefas femininas, inclusive profissionais, as mães sempre conseguem arrumar tempo e disposição para acompanhar, em pormenores, o progresso dos filhos. Falando em tese, o homem costuma ocupar-se mais com o global, com o macro, deixando de lado detalhes que, equivocadamente, julga irrelevantes. Razão porque o homem, geralmente, é condenado como egocêntrico.
Com veemência o homem, e os pais em particular, protestam contra a exagerada censura. Afinal, trabalham duro para assegurar o emprego e garantir á família um sustento justo e digno. Reconhece-se a terrível pressão que envolve o mundo do trabalho. Não é nada fácil assegurar aos filhos um futuro confortável. A concorrência e as exigências da vida moderna demandam cada vez melhor preparo por parte do trabalhador. É justamente este o ponto onde se deve inserir a curva. Se de um lado é correto dizer que o trabalho absorve grande energia e considerável preocupação do homem, é preciso também que se compreenda que os filhos necessitam da presença afetiva do pai, do cheiro do pai! Reconhece-se em tese que não são somente bens materiais que asseguram vida saudável à família. O pão precisa ser acompanhado pelo afeto. A disciplina doméstica temperada pela descontração das brincadeiras. Em muitos lares, o amor existe, sem dúvida, nem sempre, porém, é demonstrado da maneira convincente. Não basta amar interiormente, é preciso que a pessoa amada saiba que é querida. Não basta o pai trabalhar duro, é preciso criar espaço para a ternura. Neste detalhe, frequentemente, o homem derrapa.
Não são poucos os homens que sofrem, e fazem sofrer, porque não aprenderam a demonstrar amor. Foram moldados em uma ambígua cultura, bastante difusa infelizmente, que considera impróprio ao homem externar carinho. Aprenderam desde pequenos que carinho é coisa de menina, demonstrar afeto denuncia frouxidão da masculinidade, perda de autoridade. Muitos são os homens que se afligem por bloqueios comportamentais. Amam, mas reprimem seus sentimentos, porque foram educados a serem duros e inflexíveis. Como se firmeza de caráter fosse incompatível com ternura. Não são poucos os pais que, já idosos, censuram-se duramente por ter perdido preciosas oportunidades de brincar com os filhos, de não ter balanceado exigências de correção com iniciativas de folga e descontração. De lhes demonstrar, em suma, quanto genuíno, de fato, era o amor que os inspirava. Essas inibições acabam distanciando os filhos dos pais. Deixam neles a frustrante impressão que possuem espaço apertado no coração do pai. Ele tem outros assuntos, mais prioritários que eles com que se preocupar! Tremendo equivoco, gerador de sérios distúrbios nos filhos e graves, e não raramente, irreparáveis frustrações nos pais. Afinal, o fator cumplicidade é, certamente, um dos ingredientes mais bonitos e ricos num relacionamento familiar. Dele nascem o companheirismo, a segurança, a confiança. A saúde psicológica e afetiva de uma família, dos filhos principalmente, repousa, fundamentalmente, no grau de transparência e de comunhão entre seus integrantes. Representa ainda herança inestimável. Indelével e saudosa recordação. Infinitamente mais valiosa e duradoura que qualquer outra herança material.
Pai consciente investe na transparência, na cumplicidade, sólidos pilares na formação de caráter e de afeto, imunes a desgaste!
FELIZ DIA DOS PAIS!
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