
Fé viva pulsa! É da essência da fé ser ativa! Sabiamente, Jesus a compara à semente de mostarda que, embora ínfima, possui fantásticas potencialidades! Ao falar de fé deve-se entender a opção de aderir livre e conscientemente a uma pessoa e, obviamente, ao que ela representa. Acredita-se em pessoas, acima de tudo! No contexto cristão, a virtude da fé representa a adesão incondicional a Jesus e ao seu projeto de salvação universal. Entende-se não ser possível desenvolver uma fé verdadeira sem prévio conhecimento. Para se crer em Jesus é preciso preliminarmente conhecê-lo! O sujeito que declara ter perdido a fé, na realidade confessa ou que não conhece suficientemente a Jesus ou que ficou decepcionado com Ele. No linguajar popular, por outro lado, a pessoa de muita fé é identificada com aquela que segue várias devoções, participa de diversos rituais, mesmo que seu conhecimento sobre, e sua adesão a, Jesus permaneçam superficiais. Assim, não é tão raro encontrar pessoas que rezam muito, mas que compactuam simultaneamente com hábitos e atitudes nada evangélicos. Ou que se omitem diante do sofrimento do semelhante. A redução da virtude da fé ao território da sacristia pode ser considerada como uma das causas principais para a desilusão generalizada com a crença. Muitos dos que afirmam ser ateus, na realidade, são pessoas que deixaram de achar sentido em rituais e devoções. Consideram superficiais e estéreis as liturgias. Teatro piegas.
Presumível é que este distanciamento da fé se dá especialmente em países tradicionalmente cristãos. Curioso, aumentou o descrédito onde se espera que a chama da fé pulsasse vigorosa e eficaz. Tal declínio, evidentemente, deve-se a vários fatores. O principal motivo, todavia, deve ser creditado a um gradual e persistente afastamento da pessoa de Jesus Cristo. Grande paradoxo, muitos falam dele, outros tantos O invocam, mas poucos O conhecem de verdade! Mesmo entre os freqüentadores de igrejas! Sendo gente viva, Jesus só pode ser conhecido a partir de encontros e convívios íntimos com Ele! Estudar sobre Jesus não é suficiente. É preciso ficar com Ele, dedicar a Ele atenção exclusiva, para saber quem verdadeiramente Ele é! Muitos freqüentadores de missas e cultos ainda não experimentaram um profundo encontro com o Mestre Jesus! Tão arrebatador a ponto de convencer-se que tudo fica sem importância quando comparado com o conhecimento de Jesus Cristo! Ao faltar esta íntima comunhão, as celebrações ficam reduzidas a obrigações religiosas, rotineiras, sem vida, sem esperança, necessitadas de constantes truques para torná-las envolventes! Ao faltar este íntimo convívio, os valores de Jesus tampouco interferem na vida das pessoas. Emerge, então, uma triste constatação: a fé deixa de ser aquela semente com enormes potencialidades para crescer e expandir, para ficar reduzida a um adorno, uma qualificativo protocolar que se contenta com celebrações pontuais e ocasionais e devoções facultativas.
O seguidor de Jesus, aquele que se deixa cativar pela sua pessoa, naturalmente passa a partilhar os mesmos sentimentos e propósitos do Mestre. O amigável convívio o induz a comungar o anseio principal de Cristo, atrair todas as pessoas ao Evangelho. Ao contrário do que muitos imaginam e espalham, a inquietação não é com estatísticas. A preocupação principal é com o ser humano, reduzido a um estado errante e confuso, gente que, visivelmente, perdeu a esperança e a alegria de viver. Por desfrutar da intimidade com Jesus, o discípulo se percebe contagiado pelo mesmo zelo que inspirava o Mestre a percorrer, incansável, estradas e ruas anunciando a Boa Nova do Reino. E se lança decidido numa intensa atividade missionária e evangelizadora. Missão exigente, mas, curiosamente, livre da agitação e do nervosismo tão peculiares aos grandes empreendimentos. Despreocupado com metas e cotas, mas com agudo senso de responsabilidade, o missionário trabalha animado e sustentado em duas fundamentais verdades: o intrínseco valor da sua mensagem e a correspondente necessidade dela perceptível na alma humana.
A fé desinstala. Mas também descansa! Na companhia de Jesus, o discípulo desperta para a urgência da missão, não como imposição, mas como expressão de generosa colaboração com o divino companheiro e como manifestação de genuíno interesse pelos amados do Amado. A fé impele. Mas também conforta!
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