
Presentear é caro! Em ocasiões corriqueiras, como por exemplo entregar aos amigos lembranças de viagem, não se faz necessário gastar tanto tempo ou mesmo tanto dinheiro. Vale o gesto de ter se lembrado dos amigos. Há, porém, ocasiões quando o ato de presentear assume capital significado. São aquelas situações particulares quando o amigo quer dar demonstração da peculiar estima que guarda pelo outro. O amigo para e tenta descobrir o que mais pode alegrar o outro, para, com alegria, tentar ir ao encontro de seus reais anseios. Quanto maior a intimidade mais fácil fica acertar no presente. Em certo sentido, a satisfação do outro demanda um grau de renúncia no amigo. Renúncia, todavia, que provoca no amigo interior prazer ao perceber que efetivamente colaborou para completar a alegria do outro. Prazer maior não há que alegrar a quem se ama! É nesta dimensão que se reconhece que presentear é caro. Não necessariamente porque se despende volume considerável de dinheiro, mas porque externa a profunda dimensão de carinho e de consideração pelo outro. Presentear é uma das maneiras mais sublimes e prazerosas de participar da vida de quem se ama sem ser inconveniente!
A Trindade Santa sempre quis participar da vida do Homem. Afinal, ao criar o ser humano a sua imagem e semelhança, implantou nele a semente da eternidade. No seu plano original, a Santa Trindade preparou tudo para o Homem saborear a plena felicidade. Este, porém, imaginando poder fazer melhor, optou por afastar-se do caminho traçado. Iludido pela ambição, desobedeceu à orientação divina. E com a sua rebeldia introduziu no íntimo de seu ser, e como consequência nos relacionamentos sociais e familiares, a confusão, a desordem e o medo. Da harmonia o ser humano passou para a ambiguidade total! Esta completa confusão, contudo, não apagou do Homem o anseio para uma felicidade plena. Lá no fundo da alma, o ser humano quer ser feliz. Almeja viver sem medos. Como, no entanto, o entendimento ficou opaco e o amor desordenado, o ser humano enveredou por atalhos que mais complicações provocaram em sua vida. Pretensioso, o Homem inverteu radicalmente as ferramentas postas à sua disposição. Transformou a terra em objeto de possessão, a produção de alimentos em fontes de lucro, o convívio em competição e o amor em dominação. Imagina viver em paz fabricando armas de morte! Total equívoco. Com conseqüências previsivelmente desastrosas!
Ao contemplar as densas trevas em que estava mergulhada a humanidade e ciente do mais profundo anseio da alma humana, a Trindade Santa, amorosa e intimamente envolvida com o destino do Homem, decidiu intervir para resgatar-lhe e devolver-lhe o sentido da vida. O ser humano necessitava com urgência reencontrar o caminho seguro da vida. Precisava de uma luz verdadeira capaz de dissipar as densas sombras que embaçavam-lhe a visão e o mantinham na ignorância. E decidiu, então, oferecer um caro presente para a humanidade: a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Filho Unigênito! Conhecendo bem a natureza do destinatário, obstinadamente altivo e desconfiado, a dádiva precisava ser apresentada de um jeito que a humanidade entendesse e acolhesse. Assume, então, o Filho Unigênito a condição humana. Numa ousada iniciativa, Deus decide ser homem, igual a todos os homens, para falar a linguagem do homem e mostrar-lhe com exemplos que é perfeitamente possível viver em plena paz e amor! A redenção é possível desde que o Homem decidisse abandonar atalhos, eliminasse as travas dos olhos, domasse a impertinente soberba. Aceitasse a Deus submeter-se, em suma!
Imaginava-se que o Homem acolhesse agradecido este Conselheiro divino. Reconhecendo o caro presente, se apressasse para recebê-lo com a mesma alegria e excitação de crianças agraciadas. Misteriosamente, grande parcela da humanidade reage desconfiada e cética. Prefere seus próprios raciocínios, quer provas. Reluta crer. Questiona a Verdade. E ao continuar achando que pode fazer melhor, posterga a adesão. Adia desembrulhar o grande presente oferecido com tanto amor!
A humanidade já perdeu muito tempo, e vem pagando preço caro pela ignorância, pela rebeldia, pela pretensão. Urge o Homem acordar. Urge aproximar-se, sem medos, do formidável Conselheiro, o caro presente dado como resposta aos anseios mais profundos da alma humana!
Nenhum comentário:
Postar um comentário