
Ouvir é o grande predicado! Confidências de genitores atestam que pai/mãe largam tudo para atender o clamor do filho! O simples grito pelo pai/mãe desencadeia um impulso irreprimível em direção ao filho. Busca-se estar ao lado para socorrer, satisfazer, fazer companhia. Como os apelos costumam ser constantes e variados a pressão sobre os genitores é sempre grande. Fica dramática e angustiante quando os pais se veem incapazes de atender gostos ou necessidades dos filhos. Percebe-se que esta cobrança tem ficado mais intensa nos últimos anos, face ao inesgotável apelo consumista que caracteriza a sociedade moderna. Com o avanço fantástico da tecnologia e a multiplicação de equipamentos cada vez mais sofisticados, embora nem sempre tão indispensáveis, a demanda sobre os pais tem crescido sobremaneira. Complicam o quadro os sugestivos e insistentes apelos mercadológicos que enchem a imaginação e excitam o apetite dos pequenos. Emerge um terrível dilema para os pais: como atender a tantos apelos. Além da delicada situação financeira sempre a inspirar prudência e moderação, apresenta-se outro desafio crucial: discernir o que é realmente importante para a felicidade e realização dos filhos.
O materialismo moderno insiste em associar a felicidade ao acumulo de vantagens materiais. Embora não se minimize o conforto que as vantagens tecnológicas nos vários campos da vida proporcionem, reconhece-se que só bens materiais não esgotam por completo os anseios humanos. Tanto é verdade que em uma mesma sociedade que se gaba de fantásticos progressos o Homem parece estar sempre insatisfeito. Inquieto. É o triste paradoxo dos tempos modernos: muito conforto, mas também muitas perguntas e perplexidades na alma. Muito ruído, mas também muita solidão. Muitos contatos externos em flagrante contraste com o evidente e angustiante anonimato. Os relacionamentos, a semelhança das múltiplas mercadorias, passaram a ser descartáveis. Contatos empolgantes esbarram com a previsível fragmentação de vínculos. Diante deste quadro de graves contrastes volta-se ao dilema crucial a atormentar pais conscientes: a que apelos dos filhos atender? Aos comerciais e superficiais tão ruidosamente anunciados e tão manhosamente exigidos? Ou aos reais, embora nem sempre reconhecidas, exigências de valores e princípios capazes de dar rumo, consistência e, no fim, sentido e prazer à existência?
Enorme desafio ser pai/mãe no presente contexto. Encontrar o equilíbrio entre consumo e educação consistente não é tarefa fácil. Educar é uma contínua travessia da sombra para a luz! Este processo exige dos genitores, e dos demais orientadores, como evidente fundamento, clareza na definição de metas. O ponto de partida é sempre a meta, fator supremo e inegociável! Conflitos e angústias surgem quando se busca encontrar os meios e os encaminhamentos adequados para se chegar à luz. Confia-se, frequentemente, em sistemas passados por terem dado certo em determinadas épocas. Ao aplicar unilateralmente esses métodos não é raro perceber a falta de sintonia com a geração nova e o subsequente e aflitivo distanciamento entre as partes. A verdade é que nem tudo o que tradicional é permanentemente válido. Nem aprioristicamente descartável. Urge encontrar o equilíbrio entre o tradicional e o novo! Em muitos casos é a maneira como se conduz o processo orientador é que está equivocado. O educador, pai/mãe, perspicaz e dedicado reconhece que ele é quem precisa se reciclar periodicamente. A clareza do ideal e a validade do propósito, aliados ao amor pelos seus educandos, demandam que ele esteja sempre disposto a avaliar e pronto para ajustar-se. O maior interesse é dele, embora os benefícios sejam para os filhos. Claro, este processo não está imune a falhas. É comum errar ao querer acertar! Embora cause previsíveis constrangimentos, esta situação não deve desanimar nem prostrar o educador. Relevam-se as falhas. Só não existe tolerância com teimosias e presunções arrogantes. Pai/mãe consciente, assim como o bom educador, está sempre recomeçando.
A vida é um processo dinâmico que exige revisões e adaptações naquilo que é contingente. Não se transige com o impulso de ouvir e atender o clamor pela vida que forte sai da alma jovem. Um exímio pedagogo, criado em Nazaré da Palestina, comparou o bom educador ao sagaz pai de família que tira do baú da casa preciosidades novas e velhas!
FELIZ DIA DOS PAIS!
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