sábado, 15 de agosto de 2015

APOLOGIA

Família passou a ser realidade indefinida! Ao abordar o assunto família, os interlocutores precisam especificar o conceito de família que focam. A sociedade moderna aplica o conceito a todos os arranjos domésticos imaginados. E vividos. Acadêmicos e religiosos questionam a justeza dessa equiparação. Segmentos mais liberais defendem e aplicam o conceito para uniões homoafetivas, pois, segundo eles, o fator gênero é apenas um detalhe. Aplicam o conceito, igualmente, para uniões de conveniência, aquelas sem compromissos e sem projetos. Previsivelmente, essas novas situações geram calorosos debates. Os que defendem a família tradicional se apoiam em argumentos bíblicos e de ordem natural, ao passo que aqueles outros a favor de novas formas de uniões rebatem com argumentos biológicos e antropológicos que questionam, principalmente, a tese da natureza. Urge estabelecer como premissa, o reconhecimento do direito dos cidadãos definirem a forma de convívio doméstico que pretendem adotar. Persiste, todavia, a fundamental questão: é humana e socialmente saudável equiparar todos os modelos de uniões de convívio doméstico ao conceito tradicional de família? O AURÉLIO define família como 'pessoas aparentadas, que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos. Esta definição semântica encontra precioso respaldo num registro do célebre antropólogo Levi-Strauss: "a família, entendida como união razoavelmente estável entre homem, mulher e filhos é um fenômeno universal, encontrado em todas e em cada forma de sociedade". Segundo a mentalidade tradicional, entende-se por 'família' o convívio doméstico formado pela interação estável dos gêneros, do qual resulta a geração de filhos. O núcleo 'família' compreende o convívio entre pai, mãe e filhos. Nenhuma outra forma de convívio doméstico reúne, segundo as disposições da natureza, condições de gerar filhos. Por outro lado, o fato da prole só pode ser gerada pela interação dos gêneros, numa união razoavelmente estável, acena para a necessidade dos gêneros participarem na formação e educação da mesma. Pai e mãe são indispensáveis não somente para a geração, mas também, e principalmente, para a criação dos filhos. Pela via inversa, o saudável crescimento dos filhos exige a presença e a interação dos gêneros. Esta realidade introduz no debate outro elemento a ser seriamente considerado ao defender o conceito tradicional de família: o desafio da estabilidade. Entre a tese e a realidade a distância é enorme. Presume-se, ao assumirem o matrimônio tradicional, que marido e esposa tenham noção clara da vida, das alegrias, dos contratempos e das renúncias que deles se esperam. Optar unir-se, de forma permanente, a uma pessoa de outro sexo, se, de um lado, sinaliza a feliz e fecunda complementação dos gêneros, demanda, por outro lado, constantes reajustes numa jornada de permanente amadurecimento. Em outros tempos, a manutenção desta união era favorecida pelo estilo de vida rural e colonial prevalecente. Hoje, o estilo de vida urbanizada isola as famílias, separa-as de suas raízes culturais e de parentesco, exigindo dos cônjuges consciência, preparo e maturidade mais apurados. Não há dúvida, o ritmo moderno de vida torna mais desafiador manter a estabilidade da união matrimonial. A moral permissiva, as exigências de trabalho, a situação econômica instável, os apelos consumistas são realidades que exigem do casal equilíbrio e discernimento para preservar a transparência, a comunhão e a estabilidade. A consciência clara e convicta da inegociável fidelidade matrimonial, indispensável alicerce para a saúde emotiva, psicológica e humana, tanto do casal como, e principalmente, dos filhos, orientará as partes a administrar e superar os inevitáveis contratempos. Os convencerá da necessidade de um afeto sempre gratuito e renovado, que encontra sua máxima expressão na prática do perdão generoso e restaurador. A família tradicional responde aos anseios espontâneos dos gêneros! Atende às exigências formativas dos filhos. Sólido alicerce na construção da sociedade! Fascinante programa. Exigente igualmente! Abraçada e vivida como vocação, a união estável entre homem, mulher e filhos é a mais contundente apologia que o conceito da família tradicional é o modelo que mais bem atende às exigências e aos anseios da humanidade. Do ponto de vista de fé, se Deus assim ordenou, porque assim é melhor!

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