
Há mais cerimônias que celebrações de casamento! Curioso como a instituição do matrimônio foi instrumentalizada ao longo da história e manipulada segundo as várias culturas. O matrimônio já foi usado para selar armistícios! Para favorecer comércios! Para retribuir favores! Para fortalecer reinados e governos. Atualmente, o evento casamento se distingue pelo glamour. Em consonância com os valores modernos que privilegiam a aparência e a apresentação, o evento matrimônio foca muito a repercussão que provoca. Floresce uma indústria sofisticada e cara a transformar o casamento numa produção de novela, na qual noivos e familiares submetem-se alegremente à condição de atores e figurantes a serviço da imagem que se pretende projetar. Neste esquema fashion, procura-se enquadrar também a dimensão religiosa, num flagrante desrespeito tanto ao mistério celebrado como ao espaço sagrado, confirmando a tendência que importa mais a apresentação que o cerne da jubilosa união. Lamenta-se profundamente a conivência de ministros religiosos com esta indústria cuja finalidade, além de lucrar, é reduzir o matrimônio a um pomposo desfile de vaidades. Quando no matrimônio se dá excessiva importância à valores periféricos ou quando a união é levianamente abraçada fica evidente que sua consistência corre sérios riscos.
A análise serena do contexto histórico induz a concluir que a propalada crise matrimonial deve ser debitada na conta de como se entende e se abraça o casamento. Em tempos não muito remotos, quando a mulher não tinha ainda conseguido seu legítimo espaço, havia muitos casamentos de fachada. Arranjados. A prepotência da cultura machista, amparada pelo dogmatismo canônico, induziu muitas mulheres a viver numa espécie de escravidão branca. A total dependência no patriarca, aliada a instintiva necessidade de prover e assegurar a criação e a educação dos filhos fez muitas mulheres aceitar a situação. Por amor aos filhos, muitas mães se conformavam com a submissão. Esta acomodação passava a impressão de casamentos estáveis, de uma instituição fortalecida. Em casamentos arranjados ou marcados por preconceitos e manipulações vivia-se uma simulação de felicidade e de estabilidade. Com a emancipação, a mulher começou a recusar permanecer submissa. Cessando a dependência, aumentou naturalmente a procura por separações. A grande incidência de casamentos desfeitos induz a sociedade a imaginar que a instituição do matrimônio está em crise. Não faltam sociólogos e antropólogos que provam com A mais B que realmente a instituição tradicional do matrimônio está superada. É preciso abrir espaço para novas formas de famílias.
Apesar de todo este bombardeio a busca pelo matrimônio, dito tradicional, não estagna. Realidade que só pode ser explicada por um simples detalhe: a união homem/mulher de uma forma estável e duradoura integra o processo natural humano de amadurecimento e realização. Para o crente, esta constatação confirma e externa a verdade bíblica que o casamento faz parte do plano de Deus para o Homem e a Mulher! Se Deus assim projetou, então a união estável entre marido e mulher é objetivamente favorável à realização humana. O processo natural de atração e de complementação atende aos mais profundos anseios da alma humana e contribui decisivamente para a realização dos gêneros. Esta premissa exige que o matrimônio fique livre de toda instrumentalização e purificado de toda ambição egocêntrica. O casamento ganha consistência e maturidade quando o relacionamento entre as partes se fundamenta numa saudável atração, alimentada por afeto gratuito, disciplinada pelo respeito à individualidade e dignidade do outro. É um lento processo de amadurecimento e ajuste, podado por renúncias conscientes e oxigenado por iniciativas contínuas de afeto gratuito, quando se busca agradar o outro motivado apenas pela ternura. Livres de qualquer ideologia de dominação e competição, as partes entendem e aceitam com alegria a dependência mútua e em plena sintonia edificam seus lares.
Em linguagem técnica, define-se este processo como 'purificação do olhar'. Olhares turvos e rotina esgarçam a união e arruínam lares. Purificado o olhar, o amor e a união evoluem em uma perene celebração!
Excelente artigo, sou casado há 35 anos, tenho 3 filhas e 4 netos, algumas partes deste artigo vem de encontro com e que eu prego e procuro viver.
ResponderExcluirExcelente Artigo, vem de encontro com o que sempre falo e, procuro vivenciar.
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