sábado, 18 de junho de 2016

MÁGDALA

MÁGDALA Em Mágdala as culturas judaica e cristã convergem. E se sucedem. Para os judeus, até o primeiro século, a cidade de Mágdala representava importante mercado pesqueiro. Povoada principalmente por pescadores, a cidade desenvolveu sistemas interessantes de preservação de pescados, tanto em estado natural, via redes de dutos que desembocavam em piscinas construídas em pedra, como também em preservação artesanal, através da construção de tanques de sal. Na cultura cristã, Mágdala ficou famosa graças a uma figura feminina, provavelmente próspera, que os evangelistas apresentam próxima a Jesus. Maria de Mágdala teria sido uma mulher de má fama, que ao conhecer Jesus, decidiu mudar radicalmente de vida. Jesus livrou-a de sete demônios. Convertida e regenerada, seguiu Jesus com extrema fidelidade, colocando seu patrimônio à disposição do Mestre e seus discípulos. Presume-se tratar-se da companheira da mãe de Jesus, presente ao pé da cruz e do primeiro ser humano a encontrar-se com o Senhor ressuscitado. A cidade de Mágdala situa-se num local estratégico às margens do mar da Galileia. A poucos quilômetros de Cafarnaum, parada quase obrigatória para quem descia das cidades de Nazaré e Caná. Nos evangelhos não há nenhum registro ter Jesus passado por Mágdala. Em compensação, lê-se que, durante sua estadia na região da Galileia, Ele passou por várias cidades, pregando nas sinagogas. Dada a importância da localidade e a significativa presença da rica senhora convertida em discípula, fica bastante improvável imaginar Jesus não ter visitado a cidade. A privilegiada localização da aldeia inspirou um sacerdote americano a levantar na área um complexo que serviria de hospedagem para visitantes, como também refúgio ideal para retiros. Ao dar início aos trabalhos de fundação, os operários começaram a deparar-se com o que pareciam ruínas de antigas habitações. Sob a supervisão de arqueólogos e historiadores, uma cidade inteira começou a ser desenterrada. Diligentes escavações trouxeram à luz uma joia, as ruinas da sinagoga da cidade, o que representaria, hoje, uma das sete sinagogas conhecidas do primeiro século, um extraordinário achado arqueológico. Completando o entusiasmo e a excitação dos pesquisadores, um pequeno altar retangular foi encontrado, ricamente desenhado com símbolos religiosos judaicos. A leitura dos símbolos sugere tratar-se de uma peça a representar e eventualmente substituir o altar do Templo em Jerusalém. A relíquia, que hoje orna o retângulo interno da sinagoga, continua sendo objeto de estudo. Emerge, então, outra dedução bastante verossímil: trata-se de um dos poucos sítios efetivamente pisado por nosso Senhor Jesus Cristo. Nesse ambiente, simultaneamente místico e bíblico, surge o complexo peregrino conhecido como DUC IN ALTUM, a frase latina que reproduz a ordem de Jesus aos discípulos, dada justamente à margem do mar da Galileia, após uma noite infrutífera de labuta, para que se aventurassem novamente mar adentro. Atendendo à solicitação do Mestre, os pescadores foram presenteados com uma pesca abundante. Todo o complexo, todavia, pretende destacar e homenagear a importância feminina na transmissão da fé. Assim como a mulher é indispensável para a procriação, é, igualmente, indispensável na transmissão da fé. O adro que dá acesso à capela principal é ornado por colunas a representar várias figuras femininas bíblicas, com o destaque ao batistério, situado no centro, evocando o útero materno: a mãe que gera vida é a mesma que introduz na fé! Detalhe singelo neste espaço, é o teto cuja pintura evoca o manto da Nossa Senhora de Guadalupe! Adentrando a capela principal, chama atenção o altar mor, em forma de barca de pesca, réplica daquela usada por Jesus em suas pregações, tendo no fundo, através de uma parede de vidro, o majestoso e emblemático lago da Galileia. Arquitetura inspirador e cativante. No subsolo, encontra-se uma replica da sinagoga escavada na vizinhança, que serve como capela ecumênica, tendo como mural principal, a cura da mulher que sofria de hemorragia crônica. Ao tocar a orla da roupa de Jesus, a mulher ficou curada e elogiada por sua fé. Nas emergentes ruinas da antiga cidade de Mágdala, as tradições judaicas e cristãs se fundem e se complementam. Ecoa a ordem do Mestre para navegar mar adentro, na certeza de novas e abundantes pescarias!

Nenhum comentário:

Postar um comentário