sábado, 12 de agosto de 2017

MARATONA

O nadador Fratus ganhou a medalha de prata. Ao ser entrevistado após seu sucesso, no mundial de natação, recentemente realizado, o atleta relatou que começou a nadar e treinar aos 15 anos, mas somente agora com 27, após longa espera, demorados e doloridos treinamentos, sucessivas renúncias, ele conseguiu alcançar o objetivo e o reconhecimento. O testemunho do nadador presta oportuníssima lição para pais e filhos. Todo pai sonha em ver o filho campeão. Todo pai quer o sucesso do filho. Em uma sociedade altamente competitiva, é frequente ouvir genitores falando que querem preparar os filhos para a luta. E estes são condicionados a enxergar a vida como acirrada competição. Infelizmente, a cultura moderna parece justificar essa mentalidade quando reconhece e retribui o mérito a quem apenas se torna manchete. Um detalhe, todavia, chama a atenção: muitas dessas glórias possuem prazos de validade. São inúmeros os famosos que não somente perdem o brilho, mas caem no esquecimento e amargam profunda solidão. Pais sábios almejam para os filhos não tanto sucesso, mas realização. Há uma diferença qualificativa entre ter êxito e reconhecer-se realizado. Sucesso, muitas vezes, está ligado a circunstâncias imediatas. Depende do talento, evidente, mas depende, igualmente, de oportunidades. São muitas as pessoas talentosas a quem falta a particular oportunidade que fizesse com que fossem reconhecidos. Esse detalhe de confundir êxito com realização está por detrás de uma séria deficiência observada na educação dos filhos. Os pais acham que atendendo aos desejos ou exigências dos filhos, contribuem para a sua felicidade. Ouvem, inclusive, gente estudada afirmando que filho não pode ser contrariado sob o risco de represar seu amadurecimento ou reduzir sua autoestima. O que se percebe, na realidade, é que os pais estão se tornando reféns dos filhos. Quem está ‘mandando’ não são mais os pais, mas os filhos. Acontece que ao satisfazer os desejos imediatos dos filhos, os pais demonstram discutível afetoa. Desejos não são direitos. Satisfazer vontades sem critério, deseduca. Não se trata, evidente, de agir com autoritarismo. Nem de querer que os filhos sejam submissos. Trata-se de mostrar que nem tudo o que se quer de imediato é possível. E nem sempre faz bem. Educar na disciplina não é criar clima de terror e nem de imposição autoritária. Amor verdadeiro prima em mostrar valores. E semear valores é legar aos filhos herança que não caduca. Percebe-se, nas várias circunstâncias cotidianas, a falta de traquejo de alguns pais em corrigir e orientar os filhos. Dar espaço para os filhos agirem segundo seus caprichos em nada contribui para promover a autoestima. Ao contrário, presta para formar futuros tiranos. Ou gente tediosamente mimada. A ordem natural é que os pais ajam como responsáveis pelos filhos. Ora, agir com responsabilidade significa zelar para que o filho construa seu legitimo espaço e saboreie a alegria e o prazer de viver muito além do tempo da adolescência e da juventude. Basicamente implica demonstrar que sucesso verdadeiro se alcança com esforço e renúncias. Envolve ainda como indispensável pressuposto a sagrada regra de respeitar o direito do outro. Avança honrosamente na carreira quem entende que na vida há limites. Granjeia admiração quem reconhece deveres e cumpre com generosa abnegação obrigações. Satisfazer vontades imediatas e egoístas em nada contribui para uma realização plena e duradoura. Representa, na verdade, abdicar da intransferível tarefa de educar. Educar em caráter exige tempo. Formar filhos corretos exige discernimento, exige dedicação. Exige exemplo, sobretudo. Exige amor abnegado, em suma! Quando instruída, criança aprende. É doido, as vezes, para um pai dizer não. Quando, todavia, se compenetre que a vida não é uma corrida de 100 metros rasos, mas uma maratona que exige dosagem de energia, inteligência para administrar a velocidade e reserva para o arranque final, entende-se a importância da orientação e da disciplina. Efémero é o aplauso para o corredor que lidera nos primeiros metros da corrida. Realização mesmo, é terminar bem a maratona! FELIZ DIA DOS PAIS!

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