
O espanto gera curiosidade. E a curiosidade fomenta o conhecimento! Foi justamente esta sensação de espanto que tomou conta dos seguidores de Jesus quando correu a notícia, naquela madrugada singular da história, que o Mestre havia ressuscitado. Espantados e curiosos correram e verificaram. O túmulo estava vazio! Os quatro evangelistas fazem questão de registrar a surpresa e a incredulidade dos homens e das mulheres próximos a Jesus diante da notícia de sua ressurreição. Embora tivesse, repetidas vezes, Jesus predito que, após ser julgado e morto, ressuscitaria, eles não entenderam e nem cogitaram na possibilidade de tal fato. Até porque nem imaginariam o que viesse a ser essa tal de ressurreição dos mortos. Ressuscitado, precisou Jesus provar que o que estavam vendo não era um fantasma, mas Ele próprio. Fantasma não pode ser apalpado. Fantasma não come.
Quando se convenceram do acontecido, suas mentes se abriram e pereceberam que tudo passou a fazer sentido! O fim trágico e incompreensível de Jesus deixou os discípulos perplexos e incertos. Esperavam que a qualquer momento Jesus realizasse um de seus prodígios – salvaria a si mesmo, desceria da cruz – e invertesse o rumo das coisas, como fez em inúmeras outras oportunidades. Como nada aconteceu e o Mestre acabou mesmo morrendo, a perplexidade e o descrédito apossaram-se do grupo. Falar de amor e fazer o bem empolga e extasia, mas não leva a lugar algum. O mundo continua mal e dos maus! Abatidos, decepcionados e desconfiados trataram de esconder-se a espera do momento oportuno para voltar à mediocridade do cotidiano. Mas eis que surge a notícia da ressurreição de Jesus e, de repente, se despertam para uma nova realidade. Seus olhos da mente se abrem e enxergam novos horizontes, empolgantes perspectivas. Bastava ajustar a sintonia e tudo em Jesus, e na existência, adquire uma nova dimensão. Seus gestos revestem-se de um novo significado. Ao ensinar, o Mestre não exibe uma sabedoria terrena. Ao perdoar e insistir na prática de perdoar, o Mestre não compactua com o erro, mas cura em vista de uma libertação completa. Ao alimentar multidões e ressuscitar mortos, o Mestre não realiza espetáculos nem busca fama, mas acena para o profundo desejo de Deus de ver o Homem livre de toda escravidão e de toda desesperança. Ao falar do Reino e das coisas do Reino, o Mestre não se interessa em projeção política, nem cobiça poder, mas aponta para um convívio baseado na justiça e na solidariedade. Ele ensina a ver a vida a partir de uma nova perspectiva, na sua dimensão verdadeira e eterna, muito além do imediato e do passageiro.
Grandes transformações a ressurreição de Jesus provoca. A vida, as opções, os gestos deixam de ser valorizados pelo sua repercussão imediata, e passam a ser realizados e avaliados pelo que contribuem para a construção de um mundo sem males. Libertos da pressão e da cobrança de produzir obras que fossem vistosas e de efeito imediato, os discípulos, moldados pela fé na ressurreição, se engajam, serena e confiantemente, em atividades que efetivamente contribuem para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Em seus trabalhos buscam realizar não tanto o que agrada, o que impressiona ou o que gera retornos imediatos, mas o que favorece a vida. Nesta perspectiva, leve e livre, cada atividade, por mais insignificante, adquire uma densidade e um brilho especial.
A ressurreição de Jesus reveste a vida de um novo e luminoso sentido! O horizonte passa a ser transcendente, em direção a que se caminha livre, leve, confiante!
FELIZ PÁSCOA!
Nenhum comentário:
Postar um comentário