sábado, 8 de setembro de 2018

REZA CÍVICA

O jeito mais correto de protestar é rezar com atitudes! Este provocador slogan, surgido anonimamente nas redes sociais, inspirou recentemente multidões de romenos a mobilizar-se para protestar contra o regime perdulário que dominava o país, alcançando, no fim, o objetivo de derrubar uma administração corrupta. Vive-se, entre nós, momento delicado. E tenso. Evidente está a insatisfação com o deplorável contexto político. Difuso anda o conceito de os políticos, em geral, sejam movidos a barganhas e interesses pessoais ou corporativos. Ressente-se agudamente a falta de lideranças a inspirar confiança na população. O desalento, porém, não pode restringir-se a protestos irados e xingamentos raivosos contra os atuais representantes eleitos. Na condição de cidadãos responsáveis, como também de cristãos conscientes, a indignação deve expressar-se em iniciativas concretas de renovação. Que se reze com atitudes! Afinal, não se pode querer modificar o rumo das coisas, postando-se de costas para a realidade. Não se pode, resignadamente, debruçar-se na janela e acompanhar a banda passar. Quem sabe faz a hora! Emerge uma primeira atitude de prece cívica: participar! As eleições estão próximas e o cidadão é convocado a participar. O sábio Platão já alertava: a indiferença com o destino da cidade acarreta altíssimo custo: ser governado por ímprobos e ineptos administradores. Propaga-se com preocupante desenvoltura a proposta de abster-se de votar como enfático protesto contra as nocivas irresponsabilidades cometidas. Entende-se o agudo e justificado grau de repulsa presente na maioria dos cidadãos. No entanto, não é negando-se de participar do processo político que se vai conseguir recolocar o país no rumo certo, no rumo ético, no rumo do progresso. Nada muda com omissões, é do bom senso. Ao contrário, ao esconder-se, os honestos fazem o jogo que mais favorece os aproveitadores. É sempre bom advertir, os políticos carreiristas mantêm-se sempre ativos, abastecendo aliados e aliciando novos simpatizantes. Plena consciência possuem que somente pelo voto conseguirão manter seus privilégios! Sabidos, não descansam. Com astucia, agradam para garantir votos. É pelo voto, portanto, que se consegue, democraticamente, mudar a situação. Votar é a primeira prece cívica. Salta a próxima reza cívica, de igual impacto: votar com critério. É comum, no processo eletivo, focar a atenção em candidatos, esquecendo-se que democracia se faz, em primeiro lugar, com partidos políticos. Antes de analisar candidatos, é mister conhecer o programa do partido e compará-lo com seu histórico retrospecto. Evidente é que, em tese, todos os partidos apresentam programas irretocáveis. Nosso poroso esquema de presidencialismo de coalização apresenta fartos e preciosos elementos para verificar a coerência entre retórica e atitudes. Urge analisar as orientações partidárias em deliberações de relevância nacional. Urge analisar as reais razões a inspirarem condutas e votos, conchavos e arranjos, se motivadas por genuíno interesse nacional ou por escusas vantagens corporativistas. Surge dedução elementar: candidatos sérios não se filiam a partidos inconsequentes. A filiação partidária é precioso filtro para averiguar lisuras e coerências. Diante da atual situação do país, as próximas eleições se apresentam dramáticas. Analistas políticos costumam alertar quanto ao perigo – real - de votar com emoção, esquecendo a razão. A fatura a que se é obrigado a pagar depois fica, como se sabe, demasiadamente cara. Estão ai os recentes acontecimentos a comprovar a indigesta tese. A consciência cidadã impõe participar do processo eleitoral com serena reflexão e críticos princípios. A consciência cristã, por sua vez, convoca a rezar com coerentes atitudes!

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