sábado, 24 de novembro de 2018

PROTAGONISTA

Jovem hoje, protagonista amanhã! Todo organismo que pretende sobreviver investe maciçamente na formação de sua juventude! Caso se almeje, portanto, construir uma nação saudável é preciso avaliar com seriedade o grau de investimento e a qualidade de formação que se dedica aos jovens. Sistemas autoritários costumavam – e costumam – doutrinar a juventude na ânsia de manter viva sua ideologia. Ajusta-se o jovem, no processo, à doutrinação. Questiona-se, na conjuntura atual, a eficácia dessa logística, tanto por conta da informação múltipla como de globalização rápida, aliada a uma acentuada autonomia opinativa. Fica praticamente impossível isolar o jovem das correntes e dos modismos que marcam o compasso do mundo. Amadurecerá a medida que tiver possibilidade de acesso ilimitado, com condições, todavia, de saber filtrar e fazer escolhas responsáveis. Dada a imensidão do desafio, os pedagogos realmente interessados em promover a juventude, apontam caminhos de abordagem. Uma das primeiras e fundamentais estratégias é a escuta! É preciso saber e aprender ouvir o jovem! Naturalmente, ele é espontâneo e impulsivo. Não necessariamente coerente. Quer, todavia, expressar-se. Precisa falar o que pensa. Na formação juvenil, portanto, torna-se necessário garantir privilegiado e seguro espaço para que o jovem se expresse. Entenda-se porque as redes sociais são, hoje, os espaços mais frequentados pela geração jovem. Ali, os jovens se expressam com liberdade, sem freios, sem censura. É o jeito, presume-se, que encontram para protestar contra a falta de atenção que percebem nas famílias e nas escolas. E também nas igrejas. Ao querer, portanto, auxiliar o jovem a encontrar o caminho para amadurecimento, urge garantir-lhe espaço onde possa ser ouvido com respeito. Nos ambientes tradicionais de formação – família, escola, igreja – o jovem é tratado como aprendiz, com escassas possibilidades para que se manifeste. Ora, ele vai aprender ouvir somente quando percebe que é ouvido. Emerge, nesta dinâmica, detalhe outro pedagógico fundamental: ao encontrar oportunidade para falar, o jovem desenvolve a capacidade de se ouvir, filtrando e podando seus próprios conceitos! O processo de um consistente amadurecimento é previsivelmente demorado. Demanda paciência e compreensão. Requer, acima de tudo, clareza de princípios por parte do educador, que o capacita para adequar conceitos sem comprometer valores. Afinal, é ao longo do caminho que o jovem vai amadurecer, agregando gradualmente novos conhecimentos, moderando paulatinamente seus impulsos hormonais, lapidando-se progressivamente com seus próprios erros. Salta correlato outro requisito fundamental no projeto de formação juvenil: a proximidade afetiva. Mais do que mando, o jovem quer sentir em seu educador a dimensão da amizade, o genuíno interesse por sua vida, independente do que pensa, do que fala, do que veste. É notório o isolamento entre a juventude. Muitos posam de ‘professores’, possuem gabaritados conhecimentos, mas não conseguem ascendência sobre o jovem, porque falta-lhes empatia. Seu interesse não é com o jovem, mas com a excelência de suas teorias. Seu objetivo é doutrinar. O jovem clama por gente amiga, por educadores que se colocam a seu lado. Precisa de pessoas merecedoras da sua confiança, mesmo que fale batatadas. Ou aja de maneira confusa e incoerente. Naturalmente desconfiado, ele filtra o educador até intuir que pode abrir-se sem medo! Confiança não se consegue por decreto. Nem por delegação! Adquire-se. No recente sínodo sobre juventude, um grupo de jovens convidado a acompanhar os debates, manifestava-se ruidosamente a favor ou contra pronunciamentos feitos por prelados. Num dos intervalos, o Papa Francisco fez questão de se dirigir ao grupo. Perspicaz, incentivou os jovens a persistir com suas intervenções ruidosas! Saber escutar representa a ousada escola que almeja assegurar ao jovem condições para que se amadureça. Jovem hoje, protagonista amanhã!

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