sábado, 19 de outubro de 2019

LIMITES

Estranhos comportamentos! Os diletantes de futebol presenciaram, recentemente, uma situação cujo desfecho originou apreensões. Um jogador foi substituído durante uma partida e saiu de campo xingando o treinador, seu superior hierárquico. É verdade, que esse treinador, na mesma partida, apupado pela torcida, reagiu de uma maneira indecorosa. O fato é, porém, que nos dias seguintes o treinador foi dispensado do clube e o jogador rebelde promovido à condição de capitão do time. Salta, naturalmente, a conclusão de que para os dirigentes o jogador não somente nada fez de errado, como sua atitude mereceu aprovação. Rebelou-se contra uma ordem hierárquica, e ainda foi promovido! Estranha gerência! Na vida, parece-se seguir o mesmo padrão de comportamento. Está ficando corriqueira a crônica de alunos mal-educados agredirem, em sala de aula, seus professores. O pior, nesses casos, é quando os pais tomam partido em favor dos filhos. Essa mesma estranha mentalidade, a de justificar a indisciplina, estende-se a outras áreas de convívio, inclusive igrejas. Não são poucos os pais que reagem ofendidos quando são chamados atenção, por permitir que crianças pequenas brinquem ou se expõem de forma ostensiva durante as celebrações. Como se a criança, por ser criança, possui um irrestrito alvará de comportar-se do jeito que quer, pouco importa se é causa ou não de distração ou mesmo de inconveniência para os outros. Argumenta-se que deve-se estimular a criança a ir à igreja. O que é correto, desde que se ensine à criança a comportar-se na Igreja. Ou em outro qualquer lugar público que demande ordem. Quem se dispõe assistir a uma conferência não aprova distrações! Amplia-se a falácia, não se sabe muito bem se por conveniência ou por comodismo, de que impor limites à criança provoca traumas em seu processo de amadurecimento afetivo. Disciplina pode, sim, causar traumas, quando é exercida de maneira autoritária ou prepotente. Pode-se muito bem ser rigoroso, sem recorrer à posturas humilhantes. Admiram-se aqueles pais que, perspicazes, decidem se revezar em casa para que o cônjuge – e os demais - possaa participar proveitosamente de uma celebração. Impõe muito entender que quando se estabelecem limites, sensatos e criteriosos, na realidade está se contribuindo para desenvolver a salutar dimensão do convívio coletivo. Com amor e persistência, ensina-se à criança a entender que ela faz parte de uma sociedade onde o convívio harmonioso depende de comportamentos disciplinados e respeitosos. Surgem circunstâncias quando se percebe a conveniência de abrir mão do próprio conforto em vista de um convívio coletivo salutar mais abrangente. É preciso que se esteja preparado para encarar essas situações com maturidade. Há modos como reivindicar direitos, sem necessariamente apelar para grosserias, ofensas ou atitudes desrespeitosas. A estranha evolução do caso do jogador que rebelou-se contra seu treinador repercutiu no cenário esportivo e, felizmente, ultrapassou as fronteiras futebolísticas, provocando debates educativos e disciplinares. Ficou estranho agraciar o rebelde atleta. A sociedade paga caro quando os responsáveis se abdicam de colocar limites. O prejuízo maior, todavia, fica sempre para o infrator e para quem o acoberta! Saber respeitar limites educa e amadurece!

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