domingo, 12 de abril de 2020

TRIUNFO

TRIUNFO Está será a Páscoa do coração! Impedidos de se congregar, tanto civil como religiosamente, impossibilitados de externar seu justificado júbilo, as pessoas, mormente os fiéis, hão de encontrar jeito de tornar público seu entusiasmo pelo mistério da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. O mistério da ressurreição do Senhor não é, de fato, acontecimento de dimensão exclusivamente religiosa. Extrapola as fronteiras religiosas. A vitória de Jesus sobre a morte ajusta o rumo da história. Purifica e eleva o conceito de sucesso. O ser humano concebe o sucesso como um processo subjetivo ascendente, galgando degraus até alcançar o topo da glória. O substrato natural embutido nesta dinâmica é a ambição, o desejo saudável de aperfeiçoar-se mais e melhor. Quando, todavia, esse impulso motivador fica demasiadamente circunscrito ao culto da personalidade, concentrado num subjetivismo exacerbado, a probabilidade de deixar rastros de abusos, de manipulações e de sofrimentos cresce enormemente. Ignoram-se valores coletivos e desprezam-se princípios básicos de decência e ética, promovendo um egocentrismo sem remorsos. À medida que essa ambição pervalece, inebriando a alma humana, tragédias se sucedem ininterruptamente. O personalismo excessivo perturba os relacionamentos tanto familiares, como trabalhistas, e os do convívio social. Na sociedade moderna, a regra básica é garantir o próprio conforto, satisfazer necessidades pessoais imediatos, assegurar vantagens enfim, pouco se importando com o desconforto que possa ser provocado na vida de terceiros. É o tal substrato do egoísmo sem remorsos! Para desqualificar a perversão dessa excessiva concentração personalista, o Senhor Jesus, em sua condição de restaurador redentor, adota e propõe o caminho do esvaziamento. Deve-se aos cristãos da primeira hora a elaboração de um dos mais completos hinos e densos ensinamentos sobre o perfil de Jesus Cristo. Marcados pelo impacto vital da ressurreição, os primeiros seguidores foram se compenetrando da profunda e libertadora estratégia divina. Jesus adota o caminho inverso de Adão, que sendo homem ambicionou ser deus! Cristo, sendo Deus, esvazia-se de sua condição divina e assume a condição humana. Buscando reforçar a lição de humildade, rebaixa-se ainda à condição do mais desprestigiado entre os seres humanos, o escravo. Literalmente, Cristo ocupa o último lugar, e desce ainda um degrau de desprestígio ao oferecer sua vida à morrer na cruz, confundido com criminosos. Em sintonia com a vontade do Pai, Jesus refaz, na contramão e pedagogicamente, o caminho do Adão. A presunção embaralha intenções, corrompe atividades, causando inevitáveis conflitos e danos. O caminho do esvaziamento induz a realizar as próprias atividades da melhor maneira possível, abrindo mão de imediatas vantagens e de vaidosas aclamações. Rebaixar-se, nesta perspectiva, equivale a fazer bem feito o que se propõe realizar, convicto que boa qualidade rende mais que popular aplauso. O caminho é o esvaziamento de si em favor do semelhante, desapego que reduz drasticamente áreas de conflito e favorece sobremaneira o convívio pacífico duradouro. O desfecho natural desse progressivo esquecimento, enaltecido pela ressurreição de Cristo, é garantia de excelência e, no fim, reconhecimento universal e perpétuo! Justifica-se plenamente o júbilo que reveste a celebração da ressurreição do redentor! Jesus é o modelo a ser contemplado e imitado! Pelo seu triunfo, Cristo mostra que o caminho do sucesso – em qualquer esfera da vida – passa necessariamente pelo temporário esvaziamento de si. Convictos e convertidos, os seguidores de Cristo dão testemunho dessa infalível receita de duradoura vitória! É a Páscoa do coração! UMA FELIZ PÁSCOA!

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