domingo, 5 de abril de 2020

LITURGIA DOMÉSTICA

DOMÉSTICA LITURGIA A Semana Santa será diferente! Esquisita, opinam os mais devotos! Sem liturgia presencial, sem procissões, sem encenações. Enfim, totalmente fora do padrão a que se está acostumado! Persiste a necessidade de refletir, em clima de oração e devoção, sobre a salvação da humanidade realizada por nosso Senhor Jesus Cristo. As funções litúrgicas visam, primordialmente, induzir o fiel a deixar-se impactar por esses mistérios em vista de uma renovação de vida. Esta é a essência das celebrações da Semana Santa. O fato de ser altamente aconselhável evitar aglomerações, mesmo religiosamente inspiradas, em nada diminui a urgência de reverenciar esses mistérios e encontrar maneiras eficazes de torna-los impactantes no presente contexto. Aliás, louvam-se as tantas iniciativas solidárias que a criatividade humanitária vem inspirando nos cidadãos. A mesma criatividade deve inspirar uma liturgia doméstica com o objetivo de se viver intensamente o mistério pascal. Celebra-se, de fato, a redenção humana. Com sua doação total, Jesus Cristo ensinou que o caminho para recuperar a dignidade humana e derrotar todas as forças más, passa necessariamente por um amor fraterno e generoso. Ao contemplar o crucifixo, a glorificação de Jesus, o fiel sente-se chamado a seguir e adotar o estilo de vida de Cristo; fazer o bem por onde andar. Cada mistério celebrado na Semana Santa é marcado por um registro nos evangelhos e acompanhado, pedagogicamente, por um apropriado símbolo escolhido para inspirar meditação e estimular emulação. As leituras bíblicas são indispensáveis para uma meditação consistente. O domingo de Ramos evoca a fé em Jesus, Senhor e Redentor, a quem se deve festiva acolhida, tanto na vida particular como familiar. Sugere-se, então, colocar um ramo verde e vistoso num lugar visível da residência, justamente como profissão de que, nesta residência, Jesus reina como Senhor e Mestre. Na quinta-feira Santa, revive-se a última refeição de Jesus com seus discípulos, ocasião para a instituição da Eucaristia, memorial do sacrifício da Cruz. Antes de partilhar o alimento sagrado, o Senhor Jesus, usando uma bacia com água, inclinou-se para lavar os pés dos discípulos, de Judas inclusive. Os instruiu, enfaticamente, que na condição de discípulos são chamados a servir o irmão. Sem espirito de serviço não se comunga a eucaristia frutuosamente. Uma bacia com água colocada em lugar visível da casa, induz a refletir sobre a importância de colocar-se sempre a serviço, inclusive dentro de casa! Os mais reflexivos providenciarão duas bacias. Afinal, em suas últimas horas, Jesus esteve de frente a duas bacias, uma que ele usou no lava-pés e a outro viu usada por Pilatos para lavar as mãos e assim consentir com a morte de um inocente. As duas bacias induzem a compenetrar-se que escolhas têm consequências, algumas trágicas. O símbolo maior que distingue a sexta-feira santa é o crucifixo, sinal mor do amor total do Senhor Jesus por toda a humanidade. Amor maior não há que doar a vida pelos outros. Na cruz pregado, o Senhor Jesus proclama que o amor é redentor e renovador, em especial quando for total. O símbolo a qualificar o sábado santo, a grande Vigília Pascal, é a vela, de preferencia mais robusta, evocando o Círio Pascal, a ser acesa quando a noite chegar, anunciando a vitória de Jesus sobre as trevas da morte e a supremacia do amor sobre a soberba e a indiferença. A saúde do povo de Deus recomenda suprimir as funções litúrgicas nas igrejas. O isolamento social, todavia, não impede que as celebrações aconteçam, com a devida piedade, no aconchego do lar. Nesta Semana Santa, uma liturgia doméstica!

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