sábado, 25 de agosto de 2012

SEDUZIDOS

Jesus inova! No seu tempo era comum os rabis formarem grupos de discípulos a quem instruíam em suas escolas bíblicas. Jesus quis que seus seguidores fossem mais que conhecedores da Palavra de Deus. Encarnou-se com um objetivo primário, fazer o Reino acontecer. Almejava convencer seus ouvintes que vive de verdade quem pratica as verdades divinas. Calcula-se o espanto dos discípulos ao ouvirem o Mestre lhes enviando anunciar esse novo jeito de viver! Imaginavam-se apenas ouvintes! A inusitada iniciativa do Rabi deixa claro que Ele não queria apenas um grupo de alunos. Queria transformar seus discípulos em missionários. O envio integra e alarga o chamado ao discipulado. Esta dimensão missionária do chamado perpassa, na verdade, toda a narrativa bíblica. Facilmente se percebe que todas as figuras distinguidas por Deus recebem uma tarefa missionária. Alguns demoram a entender. Outros, como Jonas, tentam escapar. No fim, os escolhidos acabam seduzidos, conforme a bela e precisa expressão do profeta Jeremias, e submetem-se à vontade divina. A consequência natural desta afinidade é a elevação a um patamar íntimo e pessoal de comunicação com o Todo-Poderoso. O escolhido percebe que a iniciativa divina lhe confere uma tarefa particular a realizar. Pessoal. Intransferível. Ao reconhecer esta missão e ao entender que lhe é confiada por Deus, o escolhido, já integralmente seduzido, a transforma numa prioridade inegociável da sua existência. É a essência da teologia da vocação. O discípulo não se imagina vivendo sem ocupar-se dessa tarefa. Servidor dócil, entende ainda que deve executar sua missão em plena consonância com os esquemas divinos, sem deixar-se influenciar ou desviar por circunstâncias e contingências humanas. Ilustrativo neste sentido é o testemunho do profeta Amós que ao ser questionado acerca do seu ministério profético responde candidamente que nunca imaginou ser profeta. Cuidava da sua vida, plantava sicômoros e pastoreava seu rebanho, até que percebeu que Deus o estava chamando para ser seu mensageiro. Em atenção única ao apelo divino, Amós abandona sua rotina e parte para profetizar, malgrado a resistência do rei e de sua corte. A motivação primeira de todo profeta é a convicção íntima de que o chamado partiu de Deus, iniciativa exclusiva do Altíssimo. A Ele é que se deve responder e prestar contas. Entre Deus e o profeta estabelece-se, assim, um canal e um compasso de diálogo íntimo e pessoal. Urge destacar, este chamado de Deus não está necessariamente atrelado a alguma manifestação ou visita divina espetacular. O chamado e a maneira com que Jesus tratava seus discípulos deixam isto muito claro. Explicou-lhes que o envio é uma conseqüência natural da condição de discípulos. Estabeleceu Jesus que ao ser chamado, o discípulo deve entender que é inseparavelmente convocado a ser missionário. A premissa fundamental é reconhecer-se chamado. É-se discípulo de Jesus por iniciativa divina, livre. Ao escolhido cabe aceitar e acolher a convocação. A sinceridade e a generosidade da resposta mostrarão ao discípulo e o motivarão a descobrir as áreas onde realizará a sua ação missionária. Geralmente, este campo se manifesta pelas aptidões naturais que o discípulo possui. As capacitações naturais são dons de Deus recebidos para serem partilhados com os irmãos. À medida que responde com alegria e dedicação ao chamado divino o discípulo tenderá a desenvolver novos talentos que, antes, sequer imaginava possuir. Os talentos e as energias vão multiplicando-se, consequência natural do zelo missionário e da intensidade da sedução. A aplicação com a edificação do Reino vai ficando, gradualmente, mais intensa. Fascinante. Empolgante. O discípulo não vê outro sentido para vida se não dedicar-se à tarefa de evangelizar, respeitando circunstâncias e deveres. Obrigações familiares e profissionais são vistos não como empecilho, mas, ao contrário, como campo privilegiado para a ação missionária. Inova Jesus! Seu conceito de discípulo é dinâmico, envolvente. Quer seguidores apaixonados, seduzidos pelos valores e pelo zelo que motivavam e sustentavam o Mestre fundador. WWW.pecharles.blogspot.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário