Reflexões para crescer no amor a Deus, no amor aos irmãos e fortalecer-se na fé cristã.Viver, em suma!
domingo, 2 de setembro de 2012
DOGMA OLÍMPICO
Há um credo olímpico. Na versão original, os jogos olímpicos da era moderna, conforme idealizados pelo Barão de Coubertin, visavam incentivar a competição atlética como forma de congraçamento festivo e pacífico. O idealista francês vislumbrava o esporte como ocasião privilegiada para congregar em convívio harmonioso pessoas vindas de todos os continentes. Externou este ideal em dois símbolos marcantes: a bandeira olímpica, entrelaçando cinco círculos coloridos, representando os cinco continentes, num fundo branco, clara alusão à paz! A bandeira olímpica é, sem dúvida, um dos símbolos mais inspiradores e evocativos. Razão porque o ritual que envolve sua entrada na abertura dos jogos olímpicos reveste-se costumeiramente de solenidade e de pompa. Outro símbolo sabiamente escolhido para motivar o credo olímpico é o fogo, um dos vitais elementos da vida. Na mitologia grega atletas de sucesso eram considerados filhos dos deuses e recebiam veneração correspondente. O fogo é um símbolo sagrado que acena transcendência. Evoca vida. Gera respeito e reverência. Acesa apropriada e diretamente dos raios solares, a tocha olímpica pretende instigar os atletas a buscarem metas sempre mais altas e com maior preparo. O ideal proposto é buscar um desempenho cada vez melhor, liberto de qualquer interesse material e imediato. Este ideário distinto ficou sintetizado no juramento olímpico que, ao professá-lo, os atletas confessam considerar o empenho mais importante que a vitória. Preciso é o mote olímpico: importa competir, não ganhar!
Lembram os amantes do esporte que há alguns decênios somente atletas amadores participavam dos jogos olímpicos. O credo olímpico era radicalmente observado. Atletas profissionais ficavam impedidos de participar porque viviam do esporte. A atividade atlética havia se transformado para esses em meio de vida. Competiam não tanto por amor ao esporte, mas porque precisavam ganhar. Saindo-se vitoriosos melhoravam o faturamento próprio e alavancavam o de seus patrocinadores. No campo esportivo emergiu, então, uma polêmica com sérios desdobramentos. De um lado, havia os elevados custos que a preparação dos atletas demandava face à evolução tecnológica e da medicina esportiva. Descompassos gritantes começavam a ser registrados entre índices de atletas profissionais e amadores. De outro lado, ficava evidente que o esporte passava por fortíssima pressão ideológica, em particular por conta dos regimes totalitários vigentes. Nesses governos, os atletas eram submetidos a sofisticados treinamentos. Não ganhavam dinheiro, é verdade, mas viviam para o esporte, transformados em ícones da propaganda política. O êxito desses atletas era celebrado ostensivamente, como justificativa do ideário totalitário. Flagrado ficou o incômodo descompasso entre o original ideal olímpico e a hipocrisia ideológica.
O avanço tecnológico, a medicina esportiva e a hipocrisia ideológica impunham radicais ajustes. O capitalismo invadiu o espírito olímpico. Sinal claro de uma mudança de época. Os idealistas conservadores lamentam o desvio. Argumentam que o desnível entre os atletas permanece gritante. Esportistas de países ricos competem em condições muito mais favoráveis. O profissionalismo, todavia, tende a elevar o desempenho atlético. Como conseqüência inerente, o nível educacional dos países também ganha um salto de qualidade. Afinal, o esporte permanece um formidável instrumento para formar cidadãos na disciplina e no respeito. Diferente de outros segmentos, o profissionalismo esportivo respeita as regras e investe no aperfeiçoamento de tecnologias que contribuem para tornar os resultados mais precisos. Emocionavam a todos as conquistas dos atletas teens nos jogos de Londres, manifestação clara que o regime profissional no esporte é uma alavanca de considerável valia. O esporte avança, e a sociedade também, quando nele se investe sábia e responsavelmente. O capitalismo fica selvagem e explorador quando se porta como valor absoluto.
Os jogos olímpicos afastaram-se do ideário original. A alegria e o congraçamento dos atletas ao participarem do desfile de abertura dos jogos são, todavia, um claro indício de que persiste firme o dogma olímpico: participar e competir é, sim, uma grande conquista!
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