Reflexões para crescer no amor a Deus, no amor aos irmãos e fortalecer-se na fé cristã.Viver, em suma!
domingo, 9 de setembro de 2012
RECOMEÇAR
Desolado, Elias pede a morte. Para o profeta não há mais sentido continuar vivendo. Reconhece-se um fracassado. Não bastasse a implacável perseguição da rainha Jezabel, o profeta Elias não consegue convencer o povo eleito a deixar os ídolos e os rituais pagãos e voltar a servir somente ao Deus verdadeiro. Derrotado, o mensageiro de Deus se refugia no deserto, na sua avaliação restava-lhe somente pedir a morte! O Altíssimo, todavia, intervém para mostrar-lhe que o fim ainda estava distante. Um caminho longo precisava ser percorrido. O profeta desconhecia o destino. Enxergava apenas a fadiga inerente neste caminho. Recusava recomeçar. Preferia dormir! No plano divino, contudo, o destino dessa jornada levaria Elias a uma experiência singular, encontrar-se pessoalmente com Deus, no monte Horeb. Insiste o Altíssimo que um seu mensageiro levasse ao seu escolhido não somente o recado, mas também as condições para prosseguir viagem, água e pão assado, quentinho. É pecculiar a solicitude na intervenção divina. Receber, na desolação do deserto, pão coberto de cinzas para mantê-lo quentinho e um odre com água representa, sem dúvida, uma deferência especial.
Deus nunca desiste. Quer proporcionar a Elias a êxtase e a alegria de um arrebatador encontro. Por duas vezes envia seu anjo cutucar o profeta, para acordá-lo do seu torpor. Era preciso que Elias compreendesse que a obra da salvação segue esquemas diferentes. Passageiros revezes não desqualificam nem a obra nem o profeta. O cronograma de Deus obedece a uma estratégia peculiar. Era preciso que Elias retomasse o caminho, fortalecido com um alimento especial, uma refeição vinda do céu. Na obra de Deus, o alimento que sustenta tem que ser celeste. Convencido do projeto de Deus, tocado pela generosa intervenção divina, Elias se levanta, come do pão do céu e retoma finalmente a caminhada. Assegura a Bíblia, com o vigor daquele alimento, o profeta caminha quarenta dias e quarenta noites até chegar ao monte de Deus, onde, de fato, experimenta o inefável encontro com o divino.
A experiência de Elias é, obviamente, uma rica alegoria da jornada espiritual de cada operário do Reino. Todo discípulo passa por experiências desoladoras. Trabalha com denodo, mas o retorno, quase sempre, fica aquém das expectativas. Os destinatários manifestam desinteresse. Reagem com indiferença. Não raramente, com hostilidade. Nessas horas a sensação de fracasso é desoladora. Todo esforço parece inútil. A impressão é de estar andando na contramão. Os destinatários têm outros interesses, diferentes preferências. A vontade que sobressai é mesmo a de sumir. Largar tudo. Desolado e ferido na alma, o missionário não compreende porque, mesmo trabalhando de forma correta e com zelo, o retorno é tão pífio. Desaba a autoestima. A solidão, conseqüência da sensação de incompetência, machuca cruelmente. Só resta mesmo morrer.
Neste quadro desesperançoso, Deus sempre marca presença. Ele não desiste nem deixa desistir! Fiel à promessa de manter-se envolvidos na atividade de seus colaboradores, mantém vivo o apelo para recomeçar. Este é, de fato, o distintivo do filho de Deus, recomeçar sempre. Decisão bonita, nem sempre, porém, fácil. Exige alimentação especial, divina. Quem pretende recomeçar baseado somente em recursos humanos poderá não encontrar energias suficientes para ir até o fim. Deus, por sua vez, sempre cuida de providenciar, por meio de um anjo, pão quentinho e água fresca para seus colaboradores. Ele tem pelos profetas especial carinho. Está sempre junto. Os compreende. Entende a sensação de fracasso que os prostra. E cuida de reconfortá-los enviando-lhes suportes celestes. O anjo, o pão quentinho e a água convencem o missionário que ele não trava uma luta solitária. Deus está intimamente envolvido em sua atividade. O acompanha e quer fortalecê-lo para, no fim, alcançar o monte santo. Reconhecido o apoio divino, o missionário percebe reacender-se o impulso para recomeçar.
O profeta Elias é exemplo inspirador para profetas de todos os tempos. Como ele, os missionários passam pela desoladora experiência do fracasso. Como ele percebem,todavia, que Deus está intimamente envolvido em sua atividade. Consolados e fortalecidos, decidem recomeçar e põem-se novamente à caminho!
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