sábado, 17 de novembro de 2012

RECEITA

Impossível permanecer passivo diante de tanta morte! A frequência, a frieza e a ferocidade com que vêm acontecendo os assassinatos denunciam um esquema pensado e articulado. O poder de articulação da hierarquia criminosa contrasta com a morosidade dos órgãos oficiais de segurança. Enquanto estes tentam se entender e se articular, atravancados frequentemente por vaidades e por disputas políticas, as organizações criminosas seguem rigidamente seu código, cumprindo com cega obediência ordens superiores. Enquanto autoridades discutem e discursam, bandidos caçam e executam. A consequência natural desse estado de coisas é o crescente medo que toma conta não somente da população, mas também dos próprios agentes encarregados de garantir a segurança do cidadão. Esse estado de sobressalto, tem levado alguns agentes de segurança a reagir impulsivamente diante de situações inusitadas, ceifando vitimas inocentes. Outros agentes preferem resolver a situação ao arrepio da lei, eliminando, por conta, suspeitos e bandidos. Reina a intranquilidade. O cidadão vive apreensivo e com medo. A gravidade da situação exige eficazes e ágeis respostas. Cobra-se das autoridades, nas várias esferas da administração, urgentes e competentes medidas capazes de devolver tranquilidade ao cidadão. Das autoridades demanda-se que deixem de lado querelas políticas e aspirações vaidosas e tratem com a devida seriedade e espírito público tão urgente desafio. No entanto, o cidadão pensante entende que o grave e difuso problema da violência não se resolve apenas por ágeis e enérgicas atitudes das autoridades. O estágio alarmante da violência é conseqüência e sintoma de variados fatores mal resolvidos. A começar pela complacência e pela indiferença diante de, quando não pelo estímulo ostensivo a, posturas agressivas miúdas que vão solidificando e justificando o recurso à violência que contamina o convívio dos cidadãos. Nos confrontos entre cidadãos, mesmo em se tratando de discussões corriqueiras, a regra aceita e seguida é a da agressividade. Prevalece quem mais alto grita. A arma substitui a palavra. A estupidez elimina o argumento e se impõe como o atalho mais rápido para resolver questões. O estágio atual da violência comprova categoricamente as conseqüências dramáticas e aterrorizantes dessa infeliz doutrina. Evidente fica que não basta caçar transgressores, não basta punir. É preciso reconhecer e isolar os vícios que estão deteriorando corações e fomentando tamanha brutalidade. A mentalidade vingativa é outra tendência daninha que deteriora o convívio social. O impulso vingativo denuncia a incapacidade do ofendido admitir uma derrota ou de absorver uma provocação. Incapaz de assimilar ou de replicar com dignidade ao contratempo o cidadão opta pelo revide, parte para a desforra. A vingança é uma inequívoca admissão de inferioridade, suicida estratégia de perdedor. Incapaz de apresentar argumentos convincentes, o sujeito apela para a retaliação física, verbal ou psicológica! Sem moral e sem perspectivas, o vingativo facilmente descamba para o ódio, sentimento infame que perverte e decompõe o coração do ser humano. Este vil vício, alimentado geralmente por uma doentia ou ferida soberba, cega a razão e congela o espírito humano. Dominada pelo ódio, a pessoa só pensa em destruir desafetos e outros que considera como causa de seus infortúnios, não importa a que preço. Obcecada, a pessoa enxerga a punição como a única maneira de recuperar prestígio, de fazer ‘justiça’! Emerge claramente a contradição que mantém a sociedade no atual aterrorizante caos. Explica também a ineficácia de todas as tecnologias de defesa e das estratégias de segurança. A sociedade quer condenar bandidos por causa dos mesmos vícios que contaminam sua própria conduta. Quer punir o bandido pelo mesmo pecado que perverte seu próprio espírito. Insiste em castigos porque faltam-lhe moral e preparo para corrigir e recuperar. A alma humana é que está enferma e agonizante! Urge, primeiro, tirar a trave do próprio olho para depois tentar limpar o cisco do olho do outro. Conhecedor profundo da alma humana, Jesus, ao condenar toda espécie de violência, receita, como remédio infalível contra a prepotência, a vingança e o ódio, o uso contínuo de maciças doses de compaixão e de misericórdia! WWW.pecharles.blogspot.com.br

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