Reflexões para crescer no amor a Deus, no amor aos irmãos e fortalecer-se na fé cristã.Viver, em suma!
sábado, 15 de dezembro de 2012
CESTA BÁSICA
Opção preferencial é doar cesta básica. A associação de conceitos ‘cesta básica’ e ‘época de Natal’ é quase automática Mal começa o mês de novembro e aparece nas secretarias de todas as paróquias gente se cadastrando para receber cesta básica no Natal. Presumivelmente, acontece o mesmo nas igrejas de outras denominações e em outras organizações beneméritas da cidade. Reconhece-se, muitos cidadãos bem intencionados externam o assumido 'espírito natalino' doando básicos alimentos a famílias carentes. Doar cestas básicas tornou-se uma quase obrigação para gente com melhores condições de vida e um 'direito adquirido' para categorias de famílias carentes. Mesmo advertidas que nem sempre será possível atender a todos, as que se sentem preteridas queixam-se porque não receberam o donativo. No seu pensamento, uma vez inscritas nas listas têm direito a receber o alimento. Emerge, então, e com frequência, a queixa sobre algumas famílias que recebem cestas de várias entidades. A denúncia procede. Algumas famílias conseguem, sim, mais de uma cesta. Por maior que seja o controle e o critério sobre a distribuição, têm famílias que burlam a fiscalização e juntam mais de uma cesta, prejudicando outras famílias. Para complicar, é freqüente transformar cestas básicas, graciosamente recebidas, em moedas de troca ou até em mercadoria a ser vendida a outra gente pobre. Pobre explorando pobre! Absurdo clamoroso! Até na caridade, o ser humano consegue ser pervertido! O lado negativo do capitalismo, o instinto para acumular e tirar vantagem, contamina também as camadas mais pobres!
Urge reavaliar o hábito de doar cestas básicas. Sem dúvida, há muitas famílias que necessitam e precisam de comida. É igualmente nobre o gesto de pensar no outro e doar-lhe alimento. No entanto, este costume, correto e cristão, encontra-se, hoje, desvirtuado. De pouca eficácia real. Ao analisar com objetividade, conclui-se que doar cestas nada muda nem na vida do doador nem na vida do beneficiado. No caso de alguns - seriam muitos? - doadores, o gesto virou rotina, iniciativa para tranquilizar a consciência. No caso dos beneficiados, farta-se (?) no Natal, mas persiste a carência, a marginalização e a falta de oportunidades ao longo do ano. No campo da ação social e da promoção humana, já passou da hora de fazer um cadastro único das famílias genuinamente carentes e definir um programa básico de assistência e promoção a ser seguido por todos os organismos que trabalham na área social. Educando, há de diminuir trapaças e ganâncias.
A pessoa, tocada pelo autêntico espírito de Natal, sente-se impulsionada a gestos humanitários concretos e renovadores. Ao entrar no mundo, o Senhor Jesus veio não para passear, mas para operar um salto de qualidade na vida das pessoas. Tirar o Homem da infeliz mediocridade que não somente o oprime, mas o mantém submisso a valores artificiais e condicionado a necessidades fictícias. Ao querer garantir vida plena ao ser humano, o Senhor Jesus o olha na totalidade de sua existência. Pouco resolve o Homem comer bem, se espiritualmente permanece pobre ou doente. A redenção tem que ser completa. Eis aí a essência do verdadeiro espírito de Natal, ir ao encontro do que o ser humano realmente necessita. Compreendendo 'ser humano' não algo abstrato ou anônimo, mas um ser humano concreto, com nome, endereço e história. Em uma palavra, abrir-se para o irmão, enxergar o irmão com o olhar de Jesus Cristo, olhar da compaixão. Somente quando acontecer este salto de qualidade na maneira de relacionar-se com o outro, o clima de Natal atinge o seu verdadeiro sentido e as festas que o caracterizam passam a ser justificadas. Todo gesto libertador, todo ser humano resgatado, merece ser amplamente festejado.
Nenhuma homenagem seria mais digna do Filho de Deus, nenhum presente seria mais precioso a Ele, que já foi Menino, mas hoje é crescido e se identifica com todo irmão explorado e ignorado, do que a sincera tentativa de devolver a dignidade ao semelhante sofredor, seja qual for a razão da moléstia que o abate. Enxergar o irmão, tratá-lo com compaixão encarna e perpetua o genuíno, e necessário, espírito de Natal! Pode até ser em forma de cesta básica, desde que crie vínculos e comprometa!
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